quinta-feira, julho 31, 2008

Um jardim com tomates


O presidente do Governo Regional da Madeira explicou que a decisão de suspender temporariamente a liberalização dos preços dos combustíveis foi motivada pela recusa da Galp em baixar os preços, como aconteceu no continente.

Alberto João Jardim considerou «de certo modo deselegante» a resposta da gasolineira, quando esta foi interrogada sobre o porquê de não haver uma baixa dos combustíveis na Madeira, como de resto aconteceu no continente.

«Nem pensar nisso, porque os combustíveis que estão aí ainda foram a um preço anterior, contas que eles também não fizeram quando tinham combustíveis mais baratos aqui e, portanto, têm que esperar, género, a colónia que se amanhe», resumiu.

Alberto João Jardim considerou mesmo que «parecia que até estavam a brincar connosco» e «perante uma atitude destas de empresa colonial tinha de ter imediatamente uma resposta por parte do governo autónomo».

Por esta razão, o presidente do Governo Regional da Madeira explicou que «tivemos que ir para preços administrativos até que o mercado esteja novamente reequilibrado».

«Se a Galp é do Governo da República e se a Galp anda a gozar com isto, alguém os deixa gozar com isto», comentou ainda, quando confrontado se não achava que deveria ser o Governo da República a tomar uma posição, já que os preços dos combustíveis têm vindo a descer no continente.

A fixação de preços administrativos será tomada no Conselho de Governo da próxima terça-feira.

Se houvesse um governante que defendesse o país como Alberto João defende a região então estaríamos bem.
Não venham com as transferências e a história das bananas, só quem não conhece a Madeira não sabe o que é gerado em receita na região e que o país aproveita.
Já agora conhecem o sistema de saúde da Madeira?
Funciona como em França e sai mais barato, muito mais barato percapita e por doente que por cá e são muito melhores que os nossos. Informem-se.
É claro que o homem é odiado, pelo poticamente correcto e pelos que defendem as sociedades livres e abertas, que eu não conheço de lado nenhum, deve ser uma daquelas de que falam os que snifam coca ou se pedram com heroína ou fumam haxe do bom em sociedade de bem, digamos que os BE ao contrário.
Vamos ver como vai fazer a República e a quem se vai queixar a Galp.
O homem tem toda a razão para não gostar do trambolho ou carranca que tomou conta por agora do psd.
O bloco central ou centrão é que mandam nisto, são os cachorros dos bancos e das empresas de energia e dos espanhóis.

O senhor Cavaco não mostrou o discurso ao senhor Pinto de Sousa?!...

MADRID.- Los precios de la gasolina y del gasóleo en España han bajado más de un 2% esta semana debido al descenso experimentado por los precios del crudo, y coincidiendo en plena 'operación salida' del mes de agosto.
En concreto, el precio medio de la sin plomo de 95 euros se sitúa en 1,234 euros por litro, mientras que el del gasóleo ha alcanzado los 1,288 euros por litro, lo que supone descensos del 2,3% y del 2,27%, respectivamente, respecto a los 1,264 y 1,318 euros el litro marcados la pasada semana, según datos del Boletín Petrolero de la UE.
De esta manera, los conductores de los más de seis millones de desplazamientos en automóvil que prevé la Dirección General de Tráfico (DGT) para este primer fin de semana de agosto, que coincide este año con el inicio de vacaciones para miles de ciudadanos, notarán un ligero alivio en sus bolsillos a la hora de repostar carburante.
A pesar de este descenso, en lo que va del año el precio de la gasolina super 95 acumula una subida del 12,7%, mientras que el diésel es un 24,9% más caro. Además, con respecto a la misma semana de hace un año, la gasolina ha subido un 15,2% y el gasóleo un 31,6%. Así, llenar un depósito cuesta entre 9 y 17 euros más que hace un año en plena 'operación salida' del mes de agosto.
En concreto, llenar un depósito medio de gasolina de 55 litros cuesta actualmente 67,87 euros, 8,97 euros más que hace un año, mientras que el llenado del depósito de gasóleo alcanza los 70,84 euros, 17,05 más.
De todas maneras, el precio de los dos combustibles se ha moderado en la recta final del mes de julio, acumulando dos semanas consecutivas de bajadas después de situarse en precios récords a mediados de mes.
Esta tendencia coincide con la bajada en los precios del barril de Brent y del Texas, que han moderado su senda alcista tras marcar máximos históricos por encima de los 147 dólares en la primera quincena del mes. Hoy el barril de Brent y de Texas cotizaban en torno a los 126 dólares.
Además, el precio en España sigue por debajo de la media de los Veintisiete tanto en el caso de la gasolina, que cuesta 1,425 euros el litro a nivel comunitario, como en el caso del gasóleo, que alcanza los 1,415 euros.
Espera-se que fale sobre isto, por exemplo, sobre a desgraça da reforma da saúde tirando médicos da periferia para os centros urbanos, para resolver as situações dos coitados que estavam afastados de onde tinham sido colocados por concurso, para fazer as Unidades de Saúde Familiar, que cobrem 13% da população, resolvendo problemas de muito poucos e desertificando de médicos centros de saúde por esse país fora.
Decerto irá pedir mais sacrifícios e calma, mas não rejeitou a oferta de aumento.
Estou esperançado que irá dizer que volta a dar aulas e que vai abandonar a PR e demitir o governo, pelas mesmas razões que o anterior demitiu o outro, pode ter sido sol a mais, Deus nos ajude!...

Going blind

«Eusébio Cup»

"Benfica apresenta «Eusébio Cup» (mais aqui)" que será disputada a 15 de Agosto, frente ao Inter de Milão de José Mourinho, na Luz."
Esperamos que o jogo tenha 90 minutos…

Combustíveis na Madeira.

"O Governo Regional da Madeira vai passar a definir os preços máximos dos combustíveis na Região já a partir de amanhã por considerar que a liberalização dos preços é ineficaz e devido à «instabilidade dos mercados (mais aqui

Ciganos.

"Finalmente, à excepção do arguido Paulo J. , são pessoas malvistas, socialmente marginais, traiçoeiras, integralmente subsidio-dependentes de um Estado (ao nível do RSI, da habitação social e dos subsídios às extensas proles) e a quem 'pagam' desobedecendo e atentando contra a integridade física e moral dos seus agentes e obstaculizando às suas acções em prol da ordem, sossego e tranquilidade públicas (mais aqui)".

Juíza de Felgueiras condenou cinco indivíduos de etnia cigana por agressões contra militares da GNR referindo recentes episódios na Quinta da Moura e Abrantes contra polícias como argumentos para elevar as penas.

Infelizmente Fernando Rosas não ouviu as palavras da Doutora Juíza “xenófoba” senão tinha a posto na ordem. Os ciganos, pelo seu vital contributo para a sociedade, têm de ser mais respeitados. Mas não desesperem. O Alto-Comissariado para a Imigração e o Diálogo Intercultural está a ponderar queixar-se da juíza.

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E a criminalidade continua a diminuir...

1/ "Lisboa: três dependências bancárias da capital assaltadas (mais aqui)"

2/ "Assalto com tiros na Lixa (mais aqui)"

3/ "Simularam acidente para roubar Mercedes à mão armada (mais aqui)"

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O Mestre voltou.

"A Juventus é que deve ter medo de nós e explico porquê. Eles têm um mês de pré-época e nós apenas uma semana de preparação. Se nós perdermos será normal, se forem eles a perder será uma coisa difícil de aceitar”, disse Mourinho. Para o treinador, aliás, o torneio [três jogos de 45 minutos entre Juve, Inter e Milan jogados hoje] não é futebol. “Futebol são jogos de 90’, não 45’ (mais aqui).”

Mourinho sobre o torneio TIM aonde a sua equipa defraudou as expectativas, com o último lugar do torneio, sem um único golo marcado (mais aqui)
Alguém duvida que já estávamos com saudades do Mourinho….

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Quinta da Fonte.

"Há várias casas vandalizadas que resultaram de acções de despejo do tribunal, e outra que apresenta apenas pequenos riscos», referiu Dalila Araújo, governadora civil, garantido que apenas onze famílias serão ajudadas e que as restantes deverão regressar imediatamente ao bairro da Quinta da Fonte, uma vez que as suas habitações estão em condições e o problema da segurança não se deve levantar (mais aqui)".
Maravilhoso e espectacular o exercício filosófico encetado por Fernando Rosas do Bloco ontem a SIC Notícias a defender o rendimento mínimo e os ciganos. Efectivamente é deliciosa a forma como ele se diverte a dizer aquelas coisas e a gozar com o próximo. É por isso que estamos a ponderar votar neles porque também nos diverte.

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CASO ARQUIVADO

"O desaparecimento de Madeleine McCann levantou, desde o primeiro momento, dois tipos de preocupações humanitárias: a) o impacto do caso no turismo algarvio; b) o impacto do caso na imagem da Justiça portuguesa.

Podemos ficar descansados quanto à primeira aflição. De acordo com o presidente da Região de Turismo do Algarve, os turistas não desmobilizaram, "nem sequer na zona de Lagos", e fora "meia dúzia de desistências", não houve, continuo a citar, "efeitos nefastos".

Quanto à segunda aflição, a resposta é mais complexa. Claro que o processo terminou arquivado. Claro que os responsáveis pela investigação descobriram tudo o que aconteceu na tal praia da Luz no exacto instante em que deixaram de ser responsáveis pela investigação. Claro que no mundo inteiro há inúmeros exemplos de crianças sumidas cujo destino nunca é apurado.

Curioso é o barulho, o folclore que irrompe a cada novela judicial, a retórica bombástica da autoridade, o frenesim das "fontes", o empenho dos "media", a comoção do povo anónimo face a processos épicos que, em meses ou anos, invariavelmente falecem sem um pio.

O que distinguiu o "caso Maddie" da Casa Pia e dos apitos e das meninas em bolandas e dos sacos azuis autárquicos foi somente a exposição internacional, que mostrou ao estrangeiro o pitoresco indígena. Cá dentro, é de crer que o desenvolvimento e o epílogo da história não melhoraram nem pioraram a imagem da Justiça, sempre mal vista e sempre capaz de despertar prodigiosas expectativas. Como o Algarve, no fundo
. "

Alberto Gonçalves

quarta-feira, julho 30, 2008

30 de Julho de 1898


Morre Otto von Bismarck, político alemão. Príncipe Otto von Bismarck-Schönhausen, Duque de Lauenburg (Schönhausen, 1 de Abril, 1815 - 30 de Julho, 1898) foi um dos mais importantes líderes nacionais do século XIX; enquanto primeiro-ministro do reino da Prússia (1862 - 1890) unificou a Alemanha, depois de uma série de guerras que levou a cabo com sucesso, tornando-se o primeiro Chanceler (1871 - 1890) do Império germânico. De início extremamente conservador, aristocrata, e monárquico, Bismarck lutou contra o crescente movimento social democrata na década de 1880 ao ilegalizar várias organizações e ao instituir, de forma pragmática, a lei de acidentes de trabalho, o reconhecimento dos sindicatos, o seguro de doença, acidente ou invalidez entre outras, convencido de que só com a acção do estado na resolução destes problemas se poderia fazer frente às novas ideias políticas. Tornou-se conhecido como o Chanceler de Ferro.

A política de Bismarck pautou-se pelo nacionalismo e pelo militarismo. Face à aspiração das forças democráticas alemãs (nomeadamente o Parlamento) em ganhar representação no governo e maiores poderes, Bismarck opôs-se ferozmente. A sua solução foi jogar a carta do nacionalismo e do militarismo para unir os alemães em torno de um governo autoritário, quase mesmo uma ditadura. A guerra com a Dinamarca e depois com a França foram manobras que asseguraram unificação da Alemanha em torno de um regime militarista. O nacionalismo e o militarismo alemães ganharam com Bismarck a supremacia sobre as aspirações democráticas dos alemães. Os alemães aprenderam com Bismarck a renunciar à aspiração pela democracia em troca da união política e a infiltração da disciplina militarista em todas as esferas da vida. Não nos devemos pois surpreender que a Alemanha não tenha uma longa tradição democrática. A República de Weimar falhou precisamente porque estes elementos e estructuras autoritárias permaneceram intocados e só após a Segunda Guerra Mundial é que se pode falar em democracia na Alemanha.

Wikipedia

30 de Julho de 1966.


Há 38 anos a Inglaterra ganhava o seu primeiro título de campeã mundial de futebol. Foi num jogo contra a Alemanha que acabou com 4 - 2 após prolongamento. O capitão Bobby Moore ergueu a taça.

Até amanhã e boa sorte!

Jornalismo.

1/ "Horas depois de a operação policial ter culminado com cinco detenções e ferimentos num polícia, surgem as primeiras dúvidas na intervenção das autoridades. A PSP fala em troca de tiros e diz que os suspeitos estavam armados com caçadeiras e pistolas, mas afinal no local só há projécteis de armas da polícia. Não foram apanhadas armas aos suspeitos, o que levanta grandes dúvidas sobre a forma como a força de elite da PSP actuou (mais aqui)".

2/ "A PSP, em conjunto com os bombeiros e mergulhadores, está a procurar no rio Tejo, na zona de Santarém, a arma que terá sido utilizada pelos suspeitos no tiroteio, do passado domingo, e que terá atingido um agente dos GOE. Mergulhadores acompanhados pela PSP estão a «bater» várias zonas do rio com o intuito de localizar a shotgun que terá disparado os primeiros tiros, segundo a versão da PSP, depois dos suspeitos confessarem, no Tribunal de Abrantes, terem atirado a arma ao rio Tejo (mais aqui)"

Novas do tal racismo.

"Funcionária da Junta de Freguesia de Benfica acusa presidente de racismo, autarca nega. O Bloco de Esquerda da Assembleia de Freguesia de Benfica está do lado da funcionária "discriminada" e vai apoiar uma concentração, frente à JF, quinta-feira, por considerar que o presidente se tem "destacado pela sua actuação arrogante e autoritária, revelando até desprezo pela própria Lei". A assistente administrativa alega que o autarca lhe chamou "preta" e "golpista" no decorrer de uma discussão relativa ao período de marcação de férias e que já anteriormente tinha proibido o uso do crioulo quando conversava com a irmã, Lóide, também funcionária da Junta, no serviço. Um dos exemplos que apontou, e que culminou na discussão que originou posteriormente o processo disciplinar, foi o facto do autarca ter indeferido o período de férias que tinha marcado, dizendo-lhe que "devia descansar era no mês de Agosto, e não quando queria".

O presidente contrapõe outra versão dos factos, alegando que Glória "se comporta como uma privilegiada". "Considera-se vedeta e acima de todas as outras e isso acarreta sempre incómodos junto dos outros. Há funcionários que acham que só têm direitos e não têm deveres", adiantou à Lusa o autarca social-democrata que reconheceu ter "chamado a atenção" para o uso do crioulo. "A língua oficial, tanto para ela [Glória] como para qualquer funcionário, é o português. Por hábito, ela e a irmã resolviam falar em crioulo no espaço de serviço e eu chamei-lhe a atenção porque outras colegas se queixavam que isso as incomodava e lançava suspeições sobre aquilo que estavam a dizer. Quando uma pessoa fala com outra numa língua que as outras não percebem gera-se logo suspeição e mal estar".

"A Junta praticamente fecha em Agosto e essa senhora entendia que devia gozar as férias num mês diferente. Se a Junta fecha, fecha para toda a gente, o tratamento é igual. Quando as partes não se entendem quanto à marcação de férias, a lei diz que isso compete à entidade patronal. Isto foi decidido em reunião do executivo
" (mais aqui)."
Afinal sempre há racismo. Não é que “eles” acabam por ter mais direitos que os “racistas”?

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Dedicado ao tal.



Alguns amigos dizem-nos que o nosso “saudoso” é um grande passarão. Infelizmente nós temos uma visão diferente. Mas como não queremos contrariá-los, ficamos assim.

Está longe, está bem.

Deputados deram mais de 1.500 faltas

"Os 230 deputados deram mais de 1.500 faltas nas 109 reuniões plenárias da 3.ª sessão legislativa, apenas 10 das quais injustificadas, sendo Carlos Gonçalves (PSD) e Manuel Alegre os recordistas, com 39 (mais aqui)"."

"União Europeia nunca esteve tão exposta à criminalidade"

"União Europeia nunca esteve tão exposta à criminalidade. Apesar de a globalização ter melhorado as condições de vida das populações, também trouxe o outro lado da moeda, potenciando por exemplo a pobreza, as desigualdades económicas e assimetrias no acesso à saúde (mais aqui)".
A globalização melhorou as condições de vida das populações potenciando a pobreza. Deve ser da idade mas estamos a precisar de um desenho…

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Cemitério Nacional de Arlington




O Cemitério Nacional de Arlington , em Arlington, Virgínia, é o mais conhecido e tradicional cemitério militar dos Estados Unidos, fundado no antigo terreno de Arlington House, o palácio da família da esposa do comandante das forças confederadas da Guerra Civil Americana, General Robert Lee, Mary Anna Lee, descendente da mulher de George Washington, primeiro Presidente dos Estados Unidos.

O cemitério se localiza na área em frente a Washington D.C. , do outro lado do rio Potomac, que corta a capital americana, perto dos prédios do Pentágono. Em seus 624 acres, estão enterradas mais de 300 mil pessoas, veteranos de cada uma das guerras travadas pelo país, desde a revolução americana até a actual Guerra do Iraque. Os corpos dos mortos antes da Guerra da Secessão foram para lá levados após 1900.

Alguns dos personagens históricos mais famosos enterrados em Arlington são os astronautas da nave Challenger, os generais Omar Bradley e Jonathan Wainwright da Segunda Guerra Mundial, o Senador Robert Kennedy e seu irmão, o Presidente John Kennedy, ao lado do qual uma pira eterna arde e é visitada por milhares de turistas anualmente.

Mas o local mais popular entre os visitantes de Arlington é o Túmulo ao Soldado Desconhecido, onde os restos de três soldados não-identificados da I Guerra Mundial, Guerra da Coréia e II Guerra Mundial, são guardados perpetuamente por uma Guarda de Honra do exército, cuja cerimónia de troca de sentinelas é um evento bastante procurado pelos visitantes.

Something (Concert for George)

Falar verdade.

"Now that it’s gone too far to call for a halt, / I’ll blame it on the moon / ‘Cause it’s not my fault;”
Blame it on the moon,

Katie Melua

Para resolver o problema macroeconómico é necessário percebê-lo. Qualificando-se para o euro e entrando na UEM, a economia portuguesa sofreu duas importantes alterações estruturais, que foram politicamente mal geridas.

Primeiro e com a abolição do prémio de risco, as taxas de juro desceram irreversivelmente para um patamar muito inferior ao que duas décadas nos haviam habituado. Isto aumentou substancialmente a capacidade de endividamento dos agentes económicos, para o mesmo rendimento, permitindo-lhes ajustar em alta o seu “stock” de bens e serviços. As empresas investiram e (sobretudo) as famílias compraram novas casas, carros, electrodomésticos, etc. e aumentaram o padrão de consumo, tudo traduzido num aumento de despesa interna.

Os efeitos deste “choque monetário” expansionista poderiam ter sido relativamente contidos se o Estado lhe tivesse contraposto – receita de manual – um choque fiscal de sentido oposto, reduzindo despesa e/ou aumentando impostos. Aconteceu precisamente o contrário. O Estado entrou em euforia despesista e acrescentou um choque expansionista da ordem dos 30% do PIB (considerando o aumento da dívida pública explícita e estimando por baixo as responsabilidades implícitas incorridas e as receitas de privatizações). A deslumbrada descoberta da engenharia financeira e contabilística – permitindo chutar a explicitação de custos para anos mais tarde – e a redução dos juros da dívida, ajudou a disfarçar a dimensão deste choque e alimentou uma perigosa venda de ilusões.

Segundo, a perda de moeda própria, e a prospectiva estabilidade de preços, eliminaram um importante elemento de flexibilidade do mercado de trabalho, que permitia, com desvalorizações, corrigir excessos de custos laborais, restabelecendo a competitividade e preservando um razoável nível de emprego.

Liberta a restrição financeira imediata e fantasiando contas, investiu-se muito, mas mal. Directamente pelo Estado, ou frequentemente sob a sua égide, directa ou indirecta, dirigiu-se o investimento sobretudo para o sector não transaccionável. Como resultado, a eficiência do investimento foi, no global, a mais baixa de toda a UE e pouca capacidade produtiva se acrescentou. A produtividade pouco cresceu, mas o ‘boom’ de procura artificial e o estímulo aos sectores protegidos fizeram com que os custos laborais crescessem muito mais do que ela, sacrificando a competitividade. Na ausência de instrumentos para a restabelecer (e com a pressão acrescida da globalização), o potencial de produção reduziu-se, dando origem a um crescimento anémico e levando o desemprego a crescer para além da média europeia.

Entretanto e apesar de a economia não ter satisfeito as expectativas de crescimento, a atitude do “copo meio cheio” ajudou as famílias a interiorizar, como permanente, um padrão de consumo que o seu rendimento não sustenta, continuando a recorrer a endividamento para além do que teria sido razoável e habituando-se a viver duradouramente acima das possibilidades. Tal como o Estado.

Os dois efeitos combinados – excesso de despesa e perda de competitividade da produção – e a ausência de reacção atempada, materializaram-se na acumulação da maior sucessão de défices externos de que temos memória, com os consequentes endividamento ao exterior, ‘vulnerabilização’ da economia e séria ameaça à autonomia económica.

As responsabilidades líquidas para com o exterior já excedem o valor do Rendimento Nacional e os encargos que por elas têm que ser pagos (5-6% do PIB) já fizeram entrar o défice num perigoso processo de auto-alimentação. Mantendo-se inalterada a situação e continuando a perder remessas de migrantes, o desequilíbrio externo ameaça tornar-se insustentável. E ainda estamos a beneficiar de transferências da UE...

Os choques da recente crise internacional apenas vieram tornar mais clara a insustentabilidade do modelo em que vivemos há uma década, e mais difícil e custosa a sua correcção. Importa saber se, na ausência de ajustamento em tempo oportuno, a crise não nos forçará a um “hard landing”. Por isso é cada vez mais indispensável empenharmo-nos em gerir uma aterragem suave...
"

Vítor Bento

A guerra velada entre bancos e imobiliárias.

"Estará o mercado imobiliário à beira de um ataque de nervos? Parece que sim.

O preço médio do metro quadrado em Portugal continental, avaliado pelos bancos, está a cair há três trimestres consecutivos e hoje vale tanto quanto há quatro anos. E porquê? Os bancos estão cada vez mais conservadores na concessão de crédito à habitação. A casa é o activo que serve de garantia ao banco caso o cliente não pague as prestações: portanto, quanto mais valor tiver a garantia, menor o risco implícito. A crise financeira obrigou a uma reapreciação global dos prémios de risco algo, já evidente nos novos números da avaliação bancária. Quer dizer: para os bancos as casas valem menos, logo para comprar a mesma habitação é preciso pedir mais dinheiro ou aceitar um ‘spread’ maior. Mas há um efeito paralelo: o da crise do consumo e investimento. As pessoas estão, de facto, a gastar menos e menos afoitas a mudar de casa. Se os bancos concedem menos crédito (ou emprestam mais caro) isso é uma ameaça directa ao negócio das imobiliárias pois obriga a baixar mais os preços e os respectivos lucros. Uma guerra em curso, portanto. E podia ser de outra forma? Podia, mas só se houvesse mercado de arrendamento a sério. Não é o caso
."

Luís Reis Ribeiro

Suspeita.

"João Cravinho assumiu, ainda como deputado do PS, a iniciativa de desencadear um processo legislativo de prevenção e combate à corrupção.

Em que foi Cravinho mexer! Não foi preciso que a legislação sugerida por Cravinho chegasse às oposições, para que eventualmente a rejeitassem. O próprio PS, pelo respectivo Grupo Parlamentar, se encarregou de desmantelar à nascença a arquitectura traçada por Cravinho, substituindo cada peça pela sua própria perversão. E assim nasceu um mamarracho legislativo do qual os corruptos se devem rir às gargalhadas, enquanto a economia paralela progride e os sinais exteriores de riqueza engordam a olhos vistos.

Parecia que o assunto estava arrumado. Apenas o topo da hierarquia do Ministério Público se manifestava, aqui e ali, contra as teias em que as leis andam a enredar o alegado combate à corrupção, no que era prontamente desautorizada pelo poder político. Mas eis que Cravinho abriu a boca e desencadeou uma tempestade.

Disse o ex-deputado: primeiro, que a grande corrupção se considera impune e age em conformidade; segundo, que a legislação anti-corrupção não tem cereja em cima do bolo, nem cereja, nem mesmo bolo. O líder parlamentar do PS não perdeu tempo. Respondeu que o seu partido não recebe lições nesta matéria e menos ainda de quem deixou a meio o combate à corrupção. Uma galegada! Porque o PS sabe muito bem que Cravinho não deixou o combate a meio. Foi o PS que o empurrou pela borda fora, para uma prateleira dourada da Europa muito apropriada para gente incómoda. Comentando a polémica, o fiscalista Saldanha Sanches disse que a maioria PS tem em relação à corrupção “uma inépcia altamente suspeita”. Ou será uma eficácia suspeitosamente alta?
"

João Paulo Guerra

Subtileza precisa-se

"Muito tem de ser feito para tornar o BCE mais eficiente. Pessoalmente, acho má ideia um banco mudar o poste da baliza só porque falhou o golo.

A apologia de mudanças na Europa nunca deve ser feita propondo revisões aos tratados europeus. No entanto, foi isso que fez o presidente francês, Nicolas Sarkozy, ao propor que o Banco Central Europeu (BCE) seja obrigado a publicar minutas e a entabular um diálogo estruturado com os ministros das Finanças da zona euro, vulgo Eurogrupo. O BCE não pode ser obrigado a fazê-lo sob a lei actual e os alemães já disseram ‘nein’ às pretensões de Sarkozy.

Mas há quem saiba exercer influência de uma forma mais subtil e inteligente. Refiro-me às diligências de Pervenche Berès, presidente da Comissão dos Assuntos Económicos e Monetários do Parlamento Europeu, e de Werner Langen, do partido democrata-cristão alemão, que recomendaram ao BCE que revisse a sua meta de inflação tendo em consideração a subida dos preços dos alimentos e do petróleo, e que ponderasse a adopção de uma banda e não de um valor específico. Se esta política for adoptada, a meta de inflação efectiva vai seguramente aumentar. Ora, pessoalmente, acho má ideia um banco mudar o poste da baliza só porque falhou o golo.

A proposta Berès-Langen é mais inteligente do que o projecto sugerido por Sarkozy por tentar influenciar o debate no seio do BCE. No entanto, ambas as propostas pecam por surgir no pior ‘timing’, na medida em que se colam às práticas da banca central anglo-americana. Ora, o BCE não carece de liderança e menos ainda a iria procurar junto da Reserva Federal norte-americana.

Esta “investida” não vai surtir qualquer efeito. Uma abordagem mais subtil e focalizada no sentido de encontrar soluções para as verdadeiras fragilidades do BCE seria seguramente mais inteligente. E uma das principais, e mais gritantes, são as falhas de comunicação, que se baseiam essencialmente em dois mal-entendidos. O primeiro respeita às conferências de imprensa em tempo real, tidas como a melhor solução para explicar as políticas do banco. A fórmula não varia: Jean-Claude Trichet, presidente do BCE, inicia os trabalhos lendo uma declaração redigida habitualmente pouco antes da conferência ter início. Nela se dá conta da análise interna do BCE, mas não são contempladas as conclusões do debate do Conselho de Governadores, que integra igualmente os presidentes dos bancos centrais nacionais. E por uma razão muito simples: ninguém poderia redigi-las tão depressa. Quando do pré-anúncio da última subida das taxas de juro, a declaração lida por Trichet não fazia qualquer menção à mesma. O anúncio só foi feito em resposta a uma pergunta – opção muito pouco profissional de assinalar uma mudança de política.

O segundo mal-entendido é pensar-se que é preciso orientar sistematicamente os mercados financeiros. No passado, o BCE usava palavras-código como “vigilante” para indicar uma mudança de política. Hoje, sob a batuta de Trichet, eliminaram-se estes códigos absurdos, uma vez que impediam o conselho de governadores de mudar de ideias sem estas serem anunciadas. Teria sido melhor adiar a conferência de imprensa para a semana seguinte, para coincidir com o relatório mensal. O BCE devia ter feito uma declaração no dia da reunião, ou no dia seguinte, que reflectisse o debate que teve lugar no seio do conselho de governadores.

Porém, o BCE tem razão quando se recusa a identificar perspectivas individuais. Imagine-se o que poderia acontecer ao desafortunado Miguel Ángel Fernández Ordóñez, governador do Banco de Espanha, que tem actualmente de gerir o dilema de apoiar uma política monetária que é benéfica para a zona euro e nefasta para o seu país. Ordóñez e os seus colegas do conselho de governadores do BCE não estão legalmente habilitados a defender os interesses nacionais, mas é provável que a opinião pública espanhola não se interesse por este “pormenor”.

Embora Ordóñez seja tão independente como os seus colegas do BCE, um banqueiro central nunca pode dar o seu lugar por garantido: há sempre formas de ser afastado. Basta ver o que os alemães fizeram a Ernst Welteke, ex-presidente do Bundesbank. Se um dia a zona euro for efectivamente homogénea, talvez a divulgação das votações tenha efeitos menos negativos. Todavia, esse dia ainda não chegou. Pelo contrário: as divergências na zona euro vão piorar bastante antes de melhorar.

Muito tem de ser feito para tornar o BCE mais eficiente. Mas numa coisa tem razão, legal e racionalmente falando: é preciso recusar a absurda proposta do Eliseu
"

Wolfgang Munchau

O FIM DE UM MITO: O AMOR À CAMISOLA

"Os futebolistas são como os canalizadores e os notários: fazem pela vidinha. Sepp Blatter, da FIFA, saiu em defesa deles, atacando a escravatura moderna, tal como Bob Geldof defende a floresta. Mas se ainda não se inventou o antídoto para a motosserra, para os clubes esclavagistas já há arma: os contratos. Moutinho assinou um com o Sporting. Aquele acto fê-lo Spartacus de si próprio, libertou-o, tornou-o igual ao presidente do Sporting. Deu-lhe também (é a chatice dos contratos) obrigações. Agora se Moutinho se quer ir embora, não pode; ele não é ele, ele é o que três quiserem: ele, a outra parte e o contrato. Esta história libertou-me também. Eu tinha por Moutinho uma condescendência maior do que por outros jogadores médios. Deixei de ter. Obrigado, Moutinho (o actual) por me ter libertado da falsa ingenuidade onde Moutinho (o do amor à camisola) me tinha mergulhado. O amor à camisola é como os outros amores, tem prazo (como os depósitos bancários)."

Ferreira Fernandes

terça-feira, julho 29, 2008

Evento K-T

A Extinção K-T ou Evento K-T foi uma extinção em massa ocorrida há mais ou menos 65,5 milhões de anos, que marca o fim do período Cretáceo (K) e o início do período Terciário (T). Este evento teve um enorme impacto na biodiversidade da Terra de então e vitimou os dinossauros e outros répteis gigantes. O registo estratigráfico mostra que o desaparecimento abrupto das formas extintas coincide com um nível rico em irídio (o nível K-T), um elemento químico pouco abundante na Terra e geralmente associado a corpos extra-terrestres ou a fenômenos vulcânicos. Há várias teorias para explicar a extinção K-T, mas a mais aceita até então é a que justifica a catástrofe como resultado da queda de um asteróide. A extinção K-T, apesar de não ser a maior extinção em massa do registo geológico, é a mais conhecida devido ao desaparecimento dos dinossauros. Este evento vitimou cerca de 26% das famílias existentes, tanto de organismos terrestres como marinhos que desapareceram ao mesmo tempo. Os grupos mais afectados foram os répteis e os moluscos.

Até amanhã e boa sorte!!!




Ninguém pára o Benfica.

"Zoro e Sepsi dispensados (mais aqui)"

"Petit sai a custo zero (mais aqui)"

"Makukula no mercado (mais aqui)"

"Quique admite abdicar de Cardozo (mais aqui)"

Quique Flores está a livrar-se da melhor equipa do Benfica dos últimos dez anos (mais aqui). Flores faz lembrar Artur Jorge que, quando chegou ao Benfica, correu com a equipa toda (mais aqui). Talvez Quique queira acordar (mais aqui)…

Mas não estamos nada preocupados porque, ao contrário da altura, esta equipa não foi campeão de nada e, convém não esquecer, estamos ainda dentro do projecto “Grande Benfica” de Vieira. E Vieira prometeu há cinco anos fazer do Benfica o maior do mundo (mais aqui)"

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Os nossos "talibãs".

"Eles são conhecidos na zona pelos 'talibãs', porque criam mau ambiente e geram confusão quando estão em grupo. Às vezes convido amigos para virem cá ao café e eles recusam. Dizem logo que depois é uma chatice, porque estão lá os talibãs. E eles passam muito tempo no café, porque não trabalham nem fazem nada. Vivem do rendimento mínimo. Conhecidos em Abrançalha de Baixo, no concelho de Abrantes, como os "talibãs", os elementos da família suspeitos de terem agredido no Entroncamento dois polícias e roubado uma shotgun e atingido a tiro outro agente, são acusados de "aterrorizar a população, que vive com medo deles". A denúncia é feita por vários residentes e comerciantes, que recordam ter aquela povoação sido sempre "muito pacata. Só deixou de ser desde há uns sete anos, quando eles vieram para cá morar". Por isso mesmo, querem vê-los fora dali. São unânimes a considerar que "isto melhorava muito se eles fossem embora (mais aqui)".

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Preços recorde do petróleo impulsionam lucro da BP

"A BP, a segunda maior companhia petrolífera da Europa, anunciou hoje que o seu lucro líquido do segundo trimestre aumentou 28%, acima das expectativas dos analistas, tendo sido impulsionado pelas cotações recorde do petróleo e o aumento dos preços do gás natural (mais aqui)"

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"Nós" e "eles".

"Os encargos com a remuneração das administrações das empresas públicas subiram no ano passado 30%. As Finanças dizem que os dados de 2006 e 2007 não são comparáveis, mas admitem que o número de gestores subiu com os administradores não executivos (mais aqui)"

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what shall we do now

Novas da GALP

"O preço da gasolina diminuirá em 4 cêntimos para 1,473 litro, enquanto o gasóleo ficará mais barato 3 cêntimos para 1,393 euros o litro (mais aqui)".
A GALP vai descer 4 cêntimos a gasolina? Perdeu a cabeça? Não, baixou o gasóleo só 3 cêntimos…

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Silêncio

"Dizem as gazetas que o silêncio de Manuela Ferreira Leite se torna “cada vez mais insustentável” para o PSD, onde já se movimentam, embora “em surdina”, as oposições intestinas.

Curioso país este, onde as críticas ao silêncio se fazem em surdina e vice-versa. Deve ser por esta e por outras que Portugal não ata nem desata: porque não há quem dê um grito ou um murro na mesa. Em vez disso, murmura-se, sussurra-se, cicia-se, cochicha-se e resmunga-se. Mas, embora se rosne, jamais se morde. Suspira-se e aguenta-se. Tudo isto porque se teme.

O medo na política em Portugal dava um tratado e alguns romances. Vem das trevas da Idade Média, passa pelas fogueiras da Inquisição e pelos aljubes, degredos, “safanões a tempo” e perseguições do fascismo. Desde esses tempos sombrios os portugueses adquiriram o tique de olhar por cima do ombro antes de abrir a boca. “O medo vai ter tudo”, escrevia o poeta Alexandre O’Neill. E a verdade é que teve e tem. Provérbios como “a palavra é de prata e o silêncio é de ouro” ou “o calado é o melhor” traduzem a sabedoria ensinada pelo medo e com experiência ganha na teoria da conveniência. “Pouco barulho”, “caluda” e “bico calado” são dísticos nacionais. Em Portugal não é a falar que a gente se entende. É calando-se ou, vá lá, falando baixinho e pelas costas.

E é assim, segundo vem nos jornais, que as coisas se estão a passar no PSD. A presidente do PSD fez votos de silêncio e a contestação interna, de tão surda, é muda. Terá inconvenientes mas também tem as suas vantagens. Com efeito, o silêncio e a surdina no PSD blindaram o partido em relação à espionagem internacional. Segundo o World Factbook da CIA, o presidente do PSD ainda é… Luís Filipe Menezes
."

João Paulo Guerra

Alucinações.

"O sítio precisa urgentemente de uma enorme equipa de psiquiatras que o cure da doença enquanto há tempo e esperança de cura”

Um polícia reformado imagina que uma criança inglesa morreu num trágico acidente e que o corpo foi congelado ou conservado no frio pelos pais e amigos. Um político socialista imaginou que era possível combater a corrupção neste sítio cada vez mais mal frequentado, apresentou um pacote de medidas e ficou muito desiludido quando o seu partido o atirou para o lixo e aprovou um conjunto de diplomas que vai deixar tudo como antes, o quartel-general em Abrantes. O mesmo político imagina, agora, que a corrupção está mais elevada do que nunca e fica triste porque ninguém lhe liga nenhuma.

A líder do maior partido da Oposição imagina que é possível chegar ao poder sem andar por aí em festas folclóricas, em espectáculos medíocres e chega ao ponto de dizer que vai tentar falar verdade sobre os problemas do sítio e que não se pronuncia sobre assuntos que não conhece. Um ministro deste Governo socialista imagina-se como director comercial de uma multinacional e salta de contente sempre que assina um contrato com uma empresa qualquer. O mesmo governante imagina um dia que a crise económica, financeira e social já passou e no outro imagina que o que aí vem vai ser bem pior.

Um primeiro-ministro que os indígenas elegeram em 2005 com maioria absoluta imagina que vive num sítio maravilhoso, com uma economia pujante, com um nível de vida extraordinário, com cidadãos altamente qualificados e até imagina que Angola tem um governo fabuloso, digno dos maiores elogios, que a Líbia é dirigida por um ser normal, democrático, que até escreveu em tempos um livro que só por acaso não ganhou o Nobel da Literatura e que a Venezuela tem um presidente civilizado, com os alqueires todos no sítio e que merece ser recebido várias vezes em poucos meses com gestos de grande carinho e amizade.

Um Presidente da República imagina que os seus silêncios são mais importantes do que as suas palavras e imagina que quando discursa alguém o ouve verdadeiramente com atenção. Imagina que quando fala na necessidade de se combater a corrupção ou atacar a sério os problemas da Justiça e da Educação alguém o leva verdadeiramente a sério e vai a correr preparar mais uns diplomas para indígena ver. A alucinação, como se vê, veio para ficar. Está a tornar-se numa pandemia. Em vez de dinheiros da Europa, o sítio precisa urgentemente de uma enorme equipa de psiquiatras que o cure da doença enquanto há tempo e esperança de cura
."

António Ribeiro Ferreira

SALUDOS AMIGOS

"O eng. Sócrates pediu a Chávez para que se sentisse em casa. Não valia a pena. Mal chegou, e enquanto os seus jagunços particulares enxovalhavam PSP e jornalistas, Chávez fez questão de garantir que aquela era de facto "a casa de amigos", repleta de "carinho", "generosidade" e "calor humano". Como é típico, o proto-ditador venezuelano entrou imediatamente em roda livre, a envolver o primeiro-ministro na partilha do "mesmo sangue, dos mesmos sonhos, da mesma utopia de Quixote e de Bolívar". Lindas palavras. Chávez pertence ao tipo de visitas que dispensam intimações do anfitrião para ficarem à-vontade: muito antes disso, já se encontram esparramadas no sofá, de peúgas e cerveja.

Diga-se que o eng. Sócrates tem qualquer coisa que atrai gente assim e exala calor humano assim. Quanto mais folclórico o déspota, mais descontraído se sente por cá. O soba da Venezuela é apenas um assaz regular exemplo. Mas Lisboa tem beneficiado de um corrupio de luminárias do gabarito de Mobutu, Kadhafi, a família Eduardo dos Santos, o sr. Al-Bashir do Sudão, o sr. Zenawi da Etiópia e, a pretexto da Cimeira da CPLP, agora sua excelência Teodoro Obiang, presidente da Guiné Equatorial e alegado canibal.

O eng. Sócrates podia pendurar ao pescoço uma placa com a versão ligeiramente modificada do poema de Emma Lazarus inscrito na Estátua da Liberdade: "Venham a mim os facínoras, os tiranetes, os estadistas patéticos ou perigosos. Venham a mim os monumentos ambulantes ao abuso de poder, os genocidas, os terroristas, os dementes e os corruptos. Mandem-me os que praticamente não gozam de estima em nenhum lugar civilizado do planeta, que eu recebo-os em São Bento e estrago-os com mimos."

Para nosso alívio, seria conveniente acreditarmos que o eng. Sócrates confraterniza com a cáfila por interesse petrolífero e sacrifício patriótico. Para nossa inquietação, depois lembramo-nos que o mesmo eng. Sócrates é o governante que não aceita subordinar a "independência nacional" aos preços dos combustíveis e que vai mudar "o paradigma energético".

Ou as energias "renováveis" são conversa fiada, ou o eng. Sócrates aprecia genuinamente o convívio com a cáfila. A primeira hipótese é tolerável, a segunda nem por isso. É que, se deve ser terrível viver no país em que Chávez manda, é no mínimo embaraçoso viver num país que ocasionalmente o deixa mandar
."

Alberto Gonçalves

ALTURAS DE CRISE

"A crise global é negativa? Depende. De momento, eventualmente adiou a construção de uma aberração de 540 metros e três aberraçõezinhas adicionais no lugar do World Trade Center. Leio no DN que, graças ao "sub-prime", o banco Merrill Lynch desistiu de ocupar uma das monstruosidades e comprometeu o projecto geral. Apesar de provisório, é um consolo para quem gosta de Nova Iorque.

E um consolo que não tem nada a ver com a dimensão simbólica do Ground Zero. Se, ao contrário do "New York Times", estou longe de achar que as sucessivas hesitações em volta da escolha do sucessor das torres destruídas no 11 de Setembro constituem "uma vitória dos terroristas" que as destruíram, também não me parece que aquele buraco vazio seja exactamente uma derrota do sr. Atta e seu bando de tarados. Derrota seria deixar que a cidade contaminasse naturalmente o buraco, apropriando-se dele sem usar os atentados de há sete anos como pretexto.

A minha objecção, porém, é mais prosaica: a julgar pelas maquetas, a chamada "Torre da Liberdade" será um horror adequado aos caipiras do Dubai e um insulto à silhueta de Manhattan, desde 2001 novamente dominada pelo Empire State Building.

O Empire, construído logo a seguir ao "crash" de 1929, foi o epitáfio tardio e esplendoroso de uma era optimista, que traduziu nos arranha-céus a construção de um carácter especificamente "americano" e o fim da derradeira subserviência "mental" perante a Europa. O Empire marcou igualmente o fim de uma certa arquitectura. Nos EUA e no mundo, os arranha-céus que se lhe seguiram ergueram-se sobre toleimas estéticas e um vazio de propósitos, excepto o de bater recordes de altura e atirar grosserias de aço e vidro à cara do transeunte. As próprias torres do World Trade Center já integravam este gigantismo abjecto. A sua queda só é lamentável por sido resultado de uma tragédia, que escusava de deixar outras cicatrizes além das que já deixou
."

Alberto Gonçalves

segunda-feira, julho 28, 2008

Os vários RMN, porque não são só os ciganos, ou melhor e o cigano sou eu?

O Movimento Mérito e Sociedade (MMS) propôs hoje a aplicação da taxa "Robin dos Bosques" à classe política, defendendo a retirada dos subsídios e compensações aos ex-deputados e dirigentes de empresas públicas com menos de 65 anos.

«É tempo de voltar ao rigor, à moral e transparência da gestão pública e política», defendeu o líder do MMS, Eduardo Correia, em declarações à Lusa.

Desta forma, acrescentou, o MMS quer que a chamada taxa «Robin dos Bosques» seja aplicada à classe política, para «acabar com o péssimo exemplo de quem lidera a área política».

Assim, continuou Eduardo Correia, o MMS propõe a revisão imediata das regras de despesa pública, nomeadamente através da redução de todas as reformas de ex-deputados, dirigentes de empresas e instituições públicas.

Além disso, aos que, nessas circunstâncias, não tenham atingido a idade mínima de reforma de 65 anos, devem ser retiradas todas as compensações e subsídios.
«É preciso reduzir bastante o número de pensionistas altamente beneficiados», referiu.

O MMS, que foi oficialmente constituído como partido político no final de Junho, defende ainda a revisão do parque automóvel do Estado, reduzindo a sua dimensão e não permitindo elevados consumos de combustível.
«Também neste caso é preciso que o Estado dê um exemplo de frugalidade e poupança», salientou o presidente do MMS.

Eduardo Correia apelou ainda para que seja publicada na Internet uma lista com os valores das reformas que auferem todos os antigos deputados e ex-dirigentes de empresas e instituições públicas.

«É preciso que todos percebam o que cada um recebe e o que se anda a fazer com o dinheiro do Estado, a bem da transparência», sublinhou, considerando que a «melhor liderança é uma liderança de exemplo».
Diário Digital / Lusa
Ora aqui está uma medida que decerto reduziria o déficit do Estado do sítio.
Não sei quem sãoestes tipos, esqueceram de certeza, todos os presidentes e ex presidentes de cãmaras, exPMs, exPRs, subsídios de reintegração, esta sim tem mesmo um nome certo, junto com o de Robin dos Bosques.
Sobretudo a publicação.

28 de Julho de 1750


Morre Johann Sebastian Bach (21 de Março, 1685 - 28 de Julho, 1750). Músico e compositor do período barroco da música clássica. Foi também um organista notável. Nasceu em Eisenach (Alemanha), no seio de uma família de músicos. É considerado um dos maiores e mais influentes compositores da história da música, ainda que pouco reconhecido na altura em que viveu. Muitas das suas obras reflectem uma grande profundidade intelectual, uma expressão emocional impressionante e, sobretudo, um domínio técnico em grande parte responsável pelo fascínio que diversas gerações de músicos demonstraram pelo "Pai" Bach, especialmente depois de Felix Mendelssohn que foi um dos responsáveis pela reabilitação da obra de Bach, até então bastante esquecida.

Wikipedia.

28 de Julho de 1914.

A Áustria-Hungria declara guerra à Sérvia; esta não cumpriu os termos de um ultimato imposto pelos Habsburgo após o assassinato do herdeiro do trono imperial, o Arquiduque Francisco Ferdinando, por um nacionalista sérvio, Gavrilo Princip. Começa, assim, a Primeira Guerra Mundial. A Primeira Guerra Mundial (também conhecida como Grande Guerra, Guerra das Guerras ou ainda como a Guerra para Acabar com Todas as Guerras) foi uma guerra ocorrida entre 1914 e 1918, e que envolveu principalmente os países europeus. Mas também houve conflitos no Oriente Médio, Ásia e África.

Nessa guerra foram usadas pela primeira vez armas químicas, os primeiros bombardeios em massa contra civis aconteceram, e registraram-se alguns dos primeiros genocídios do século XX. Nenhum conflito anterior mobilizou tantos soldados; nunca antes o número de baixas foi tão grande numa guerra. Muitas dessas mortes ocorreram pela ineficiência de alguns comandantes em se adaptar, e evoluir com o novo material utilizado, e por muito tempo se utilizou da velha estratégia: quanto mais homens, mais vitórias.

A Primeira Guerra Mundial foi também uma guerra de mudança, o último abalo à antiga ordem européia, abrindo caminho para a nova ordem. Dinastias como a dos Habsburgos, Romanov e Hohenzollern, que vinham dominando politicamente a Europa e cujo poder tinha raízes nas Cruzadas, todas caíram durante os quatro anos de guerra. Muitos dos eventos e fenômenos que dominaram o século XX têm origem nesse conflito - incluindo a implementação do comunismo na Rússia, a Segunda Guerra Mundial e até mesmo a Guerra Fria.

Esta guerra viria a terminar com o Tratado de Versalhes, assinado entre a França e aliados e a Alemanha.

28 de Julho de 1741


Morre Antonio Lucio Vivaldi (4 de Março de 1678, Veneza, Itália - 28 de Julho de 1741, Viena, Áustria), apelidado de Il Prete Rosso. Padre italiano e compositor de música barroca.

O seu pai, um barbeiro mas também um talentoso violinista (era visto por alguns como um virtuoso), ajudou-o a iniciar uma carreira no mundo da música e foi responsável pela sua admissão na orquestra da Cappela di San Marco, onde se tornou um violinista reconhecido.

Em 1703, Vivaldi tornou-se padre, vindo a ser apelidado de Il Prete Rosso, "O Padre Vermelho", muito provavelmente devido ao seu cabelo ruivo. Em 1704, foi-lhe dada dispensa da celebração da Santa Eucaristia devido à sua saúde fragilizada (aparentemente sofreria de asma), tendo-se voltado para o ensino de violino num orfanato de raparigas chamado Ospedale della Pietà em Veneza. Pouco tempo após a sua iniciação nestas novas funções, as crianças ganharam-lhe apreço e estima; Vivaldi compôs para elas a maioria dos seus concertos, cantatas e música sagrada.

Em 1705, a primeira colecção (raccolta) dos seu trabalhos foi publicada. Muitos outros se lhe seguiram. No orfanato, desempenhou diversos cargos interrompido apenas pelas suas muitas viagens, e, em 1713, tornou-se responsável pelas actividades musicais da instituição. Vivaldi foi realmente um compositor prolífico e a sua fama deve-se sobretudo à composição de:

mais de 500 concertos (210 dos quais para violino ou violoncelo solo), dos quais se destaca o seu mais conhecido e divulgado trabalho, Le Quattro Stagioni (As Quatro Estações),

46 óperas,

sinfonias,

73 sonatas,

música de câmara (mesmo se algumas sonatas para flauta, como Il Pastor Fido, lhe tenham sido erradamente atribuídas, apesar de compostas por Cedeville),

música sacra (oratorio Juditha Triumphans, composta para a Pietá; dois Gloria; Stabat Mater; Nisi Dominus; Beatus Vir; Magnificat; Dixit Dominus e outros.

Menos conhecido é o facto de a maior parte do seu repertório ter sido descoberto apenas na primeira metade do século XX em Turim e Génova, mas publicado na segunda metade.

A música de Vivaldi é particularmente inovadora, quebrando com a tradição consolidade em esquemas; deu brilho à estrutura formal e rítmica do concerto, repetidamente procurando contrastes harmónicos, e inventou melodias e trechos originais. Ademais, Vivaldi era francamente capaz de compôr música não académica, apreciada supostamente pelo público geral, e não só por uma minoria intelectual. A alegre aparência dos seus trabalhos revela uma alegria de compôr. Estas estão entre as razões da vasta popularidade da sua música. Esta popularidade rapidamente o tornou famoso em países como a França, na altura muito fechada nos seu valores nacionais.

Mais no Wikipedia

Até amanhã e boa sorte!


RSI

"O Rendimento Social de Inserção (RSI) apoiava, em Junho, 334 865 pessoas, mais 21 mil do que no início do ano, de acordo com o Ministério do Trabalho e Segurança Social. A despesa com este apoio a indivíduos em situação de carência, que inclui numerosas crianças, superou um milhão de euros por dia, nos seis primeiros meses do ano. Este subsídio foi, no conjunto dos apoios garantidos pelo Estado, a despesa que mais cresceu no primeiro semestre – aumentou 12,1 por cento –, atingindo os 206,7 milhões de euros. A prestação mínima é de cinco euros e a máxima é de cerca de 1800 euros (mais aqui)".

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Portugueses têm menos tempo para a família

"Os portugueses têm em média menos 10 a 20 horas por semana para dedicar à família porque trabalham mais do que grande parte dos europeus. Os salários baixos são a principal causa apontada para a necessidade de trabalho extra (mais aqui)".

Imigração de qualidade.

"Quatro jovens romenos, com idades compreendidas entre os 17 e os 25 anos, foram detidos pela PSP, por terem sequestrado uma prostituta, com o objectivo de controlarem o negócio numa parte da cidade de Lisboa. Embora se trate de indivíduos ainda muito jovens, as autoridades associam a prática dos suspeitos a comportamentos mafiosos, típicos de organizações que actuam em países de Leste. Todos eles estão já envolvidos em processos por furto (mais aqui)."

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As novas Leis Penais

"Há 422 processos complexos de corrupção pendentes no distrito judicial de Lisboa. A maioria data de 2005 e por isso não está coberta pelo segredo de justiça – o que coloca em risco a sua investigação (mais aqui)".

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Ninguém pára o Benfica.

"Quique inventa e Sporting castiga (mais aqui)".

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Nada a assinalar...

"Um elemento das Equipas de Intervenção Rápida da PSP sofreu ontem uma fractura num braço quando tentava manietar um homem que causava distúrbios na estação de comboios de Cascais (mais aqui)"

"Seis indivíduos armados de shotgun assaltaram e agrediram na passada madrugada uma Brigada de Investigação Criminal da PSP no Entroncamento e roubaram a arma de um dos polícias (mais aqui)"

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Wish you were here

Jovens pintam edifícios para 'apagar' ódios

"Duas palavras, dois rostos e uma só mensagem inscrita num mural à entrada do bairro em cores bem vivas: "Todos juntos." Aliás, ontem, era a única mensagem visível nas paredes da Quinta da Fonte, em Loures. As mesmas onde até há dias se anunciavam ódios de morte. Quer fosse à "bófia", aos "chibos", aos "africanos" ou aos "ciganos" (mais aqui)".

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Aldrabices e embustes

"Embuste e aldrabice têm o mesmo significado – mentira, patranha, ardil, etc. –, seja qual for o dicionário e independentemente de qualquer acordo ortográfico. E o seu significado é demasiado forte para que tais palavras possam ser utilizadas publicamente de forma leviana ou menos cuidada – seja no debate político, no meio dos negócios ou no discurso comum.

Acontece que, esta semana, José Sócrates veio atacar os «embustes» da esquerda conservadora e radical.

E Joe Berardo anunciou que vai interpor uma acção judicial contra os ex-administradores do BCP, pelas «aldrabices» que, na sua opinião, prejudicaram o banco e os seus accionistas, entre os quais se inclui – de tal forma que lhes exige, a título de indemnização, o pagamento de 700 milhões de euros.

Há um ano, ficaram para a posteridade as imagens de Berardo de braços no ar a cantar vitória em plena guerra de poder no BCP.

Uma guerra que cedo se percebeu não beneficiar ninguém com interesses no banco, muito menos os seus investidores e accionistas.

Mas Berardo, na altura, comportou-se como um guerrilheiro.

Especulador e investidor experiente – e de sucesso –, acabou por cair nas suas próprias armadilhas.

Os resultados do BCP divulgados esta semana, ainda que acima das expectativas mais pessimistas, são o reflexo inevitável do desvario de desgovernação em que as cúpulas do banco se enredaram. E para as quais Berardo deu um contributo activo.

A tentativa de responsabilização dos ex-administradores do BCP, agora e por isso, é quase incompreensível.

Ou não: Berardo perdeu milhões nos últimos meses. Ou está a perder. Ele e os seus financiadores – dependendo, claro, das operações que terão sido montadas e que o sigilo bancário não permite perceber e das garantias que estão em jogo e que a CMVM e o Banco de Portugal lá saberão quais são.

A pouco mais de um ano das eleições, Sócrates também faz contas à vida e sabe que não tem tarefa fácil pela frente.

Ainda há meses, o Governo rejubilava com o fim da crise orçamental e com o reequilíbrio das contas públicas e anunciava com gáudio que o país, por efeito dos inevitáveis sacrifícios que tinha imposto aos portugueses, estava blindado para conter os efeitos da crise internacional.

Ora, depois, foi o que se viu. E a crise – ou ‘abrandamento económico’ na expressão preferida pelo primeiro-ministro –, hoje, é o que se vê.

Tentou Sócrates – e o Governo – sacudir as responsabilidades e atribuir as culpas a factores externos. Com um argumentário que o FMI, num relatório que mais não disse do que o que já sabia, rapidamente desfez: os portugueses produzem de menos e consomem de mais.

Ou seja, a crise em Portugal não é conjuntural e externa, é estrutural e interna – pode é ser mais ou menos disfarçada conforme a conjuntura internacional.

E, a isso, o Governo pouco pode contrapor.

Mas tenta. À direita e à esquerda.

Como Berardo, Sócrates sabe que tem de investir para capitalizar o que lhe for possível. Como sabe que só reconquistará a maioria absoluta se conseguir segurar o eleitorado do centro sem hipotecar o da esquerda.

E por isso endurece o discurso. Por um lado, para a direita: recuperando a pesada herança do passado e responsabilizando os seus dirigentes pelo estado em que recebeu o país – mesmo passados três anos, a culpa continua a ser deles! –; por outro, para a esquerda ‘radical e conservadora’, que acusa de estar a atacar o Governo com um conjunto de «embustes» apenas para conquistar mais uns votos.

Ora, tanto no caso de Berardo como no de Sócrates – que tanto protestam contra as aldrabices –, é caso para perguntar na mesma linguagem imprópria: e os outros é que são os embusteiros?
"

MRamires

Bons pagadores / Caso Esmeralda / Preços

"POSITIVO

Custou, mas foi. As dívidas declaradas incobráveis pela EDP, afinal, já não vão ser facturadas aos consumidores bons pagadores. Não obstante a Entidade Reguladora dos Serviços Energéticos (ERSE) continuar «a pensar que o reconhecimento dos incobráveis na tarifa é uma medida consistente do ponto de vista técnico e uma boa prática regulatória» – como argumentou o seu presidente, Vítor Santos –, a proposta acabou por ser abandonada face à «forma como foi recebida pela opinião pública». A transferência do risco do negócio para o consumidor era ilógica e ilegal. Se, como argumenta a ERSE, «não foi bem percepcionada pela opinião pública», ainda bem. Salva-se o resultado.

NEGATIVO

As sucessivas alterações no rumo do caso Esmeralda – ora favoráveis à atribuição da guarda da criança aos pais candidatos a adoptantes, ora ao pai biológico – são incompatíveis com o reconhecimento de que a Justiça de menores funciona. Não funciona. Neste caso – há-de a criança atingir a maioridade e ainda andar pelos corredores dos tribunais!?! –, como em tantos outros. Veja-se o que se passa com a adopção: cinco anos depois da entrada em vigor da nova lei, que deveria ter agilizado e facilitado os processos, o tempo de espera médio dos candidatos a pais adoptantes ainda se mantém nos quatro a cinco anos. E até já se fala na necessidade de alterar a legislação. Outra vez. É absurdamente demais
."

Negativo

O Preço de alguns bens atingiu valores absolutamente estapafúrdios. O litro do gasóleo e da gasolina, a rondar um euro e meio, é um exemplo. Mas há muitos outros. É normal que uma garrafa de água, lisa ou com gás, com apenas 25 cl, numa esplanada qualquer, chegue aos dois euros – quando um e litro e meio num supermercado não passa dos 50 cêntimos. Que um galão ou um chá com uma torrada ou um bolo somem quase cinco euros. Ou que o aluguer de um chapéu de sol ou de um toldo com uma cadeirinha ou uma espreguiçadeira, por cada dia de praia, vá para além dos 20 euros. E por aí fora... Só que enquanto os preços da gasolina e do gasóleo geram protestos e manifestações, os outros pagam-se e ninguém se queixa... ou, pelo menos, ninguém refila
."

MRamires

Pobres mas modernos

"Quem não é do PS não pode ser progressista e quem não é Sócrates só pode ser conservador e digno da rejeição democrática.

O Governo inventou uma nova narrativa política. Na República dos bons domina a visão progressista de Sócrates. Na República dos maus são as nefastas forças conservadoras que ameaçam o país. Refira-se que no mapa político de Sócrates o progresso se resume à virtude do PS na proposta estilizada do Governo.

As forças conservadores são um lote estranho e diversificado. Existe a esquerda conservadora do PCP que julga o mundo com base na cartilha marxista e na geografia do Muro de Berlim. E há ainda a direita retrógrada e saudosista representada no PSD de Manuela Ferreira Leite. Reaccionário e moralista, o Bloco é a ‘bête noire’ do Governo e um estranho rival no sonho de progresso que Sócrates julga ser seu por direito. Assim, quem não é do PS não pode ser progressista e quem não é Sócrates só pode ser conservador e digno da rejeição democrática.

Mas o que é o Portugal progressista que Sócrates promete e anuncia? Parece então que é um país transformado pela marca da modernidade e que honra a visão de futuro projectada na história do PS. O Portugal de Sócrates é um país livre de tabus ideológicos, um país em que os portugueses podem realizar as suas escolhas em manifesta liberdade. No país de Sócrates, os portugueses podem optar pela interrupção voluntária da gravidez, podem usufruir da flexibilização do regime do divórcio, podem aceder à reprodução medicamente assistida e, no futuro próximo, poderão experimentar a celebração de casamentos entre pessoas do mesmo sexo. Em conclusão, o Portugal de Sócrates é dominado pela imposição do princípio da igualdade, o grande e único tabu ideológico dos tempos modernos.

A perspectiva progressista de Sócrates é então uma película de novos costumes que cobre o Portugal contemporâneo. Entretanto, o país empobrece em relação à Europa e os portugueses vivem sob o peso do Estado e do crédito. No Portugal de Sócrates os portugueses não podem escolher entre o avanço e o atraso, não podem arriscar entre a riqueza e a pobreza, e tão somente porque o país se demite de pensar um projecto económico e social com futuro. O Governo pode prometer um Portugal ao sol e a cores, mas o país encolhe-se num pessimismo a preto e branco.

Na nova narrativa política do Governo, a distinção entre progressistas e conservadores é apenas o velho expediente da bipolarização com objectivos eleitorais. Sócrates julga-se um político providencial e acena ao país com a teoria do caos. Os portugueses já se habituaram à experiência do caos.
"

Carlos Marques de Almeida

JUSTIÇA SOCIAL

"Em Julho de 2007, a minha casa reclamou obras urgentes e prolongadas. Após um ano, trinta intervenções de especialistas diversos, trinta orçamentos acometidos de inflação espontânea e trinta pronunciamentos da frase "Pois é, amigo, isto vai ser complicado …", a casa está um primor. Agora, sou eu a precisar de obras. Ter casa custa o trabalho de meia vida. Manter a casa custa o trabalho da outra metade e o sossego da vida inteira. Todos os portugueses sentem na pele esta evidência. Ou quase todos, visto que há cidadãos poupados à maçada pelo Estado.

Para legitimar o gesto, o Estado chama-lhes "pobres". Mas a pobreza, no contexto, é um conceito dúbio, que nem sempre depende do rendimento. Pelo menos no tempo em que derramei sociologia nesses bairros ditos sociais, a "atribuição" de residência dependia principalmente das graças de umas "assistentes sociais" ou, o que era a mesma coisa, da proximidade ao "partido" (sendo o "partido" a agremiação do cacique local). Certa ocasião, num bairro de Matosinhos, uma senhora com quatro ou cinco colares de ouro explicou-me sem vergonha: "Eles disseram que me davam o 'andar' se eu me inscrevesse no PS. Eu inscrevi-me, cheguei às "listas" para a Junta e eles deram-me o 'andar'."

A caridade estatal ignora o ouro da senhora do modo que ignora os carros ou os telemóveis exibidos por tantos dos beneficiários de casa gratuita. No curioso universo do assistencialismo, ser pobre é menos uma situação real do que um estatuto que se alcança com talento. Adquirido o estatuto, está aberta a porta das oferendas. Além da habitação, que naturalmente os alegados pobres deixam arruinar com a facilidade com que a obtiveram e com a impunidade de quem nunca terá de restituir o investimento feito, também existem o subsídio de "inserção", o fundo de desemprego e os "biscates" isentos de taxas. Dadas as manhas e a impunidade que frequentemente envolvem estes recursos, não admira que os mais ambiciosos do meio acrescentem o crime ao caldo.

E não admira que muitos dos necessitados passeiem o relativo conforto que boa parte da classe média não possui. Depois de perder o salário a pagar a casa em que vive e os impostos a financiar as casas em que os necessitados vivem, a classe média não fica abonada. O exercício designa-se por justiça social e, confinado aos aglomerados dos subúrbios e aos gabinetes da administração pública, convém que passe despercebido ao mundo exterior. De vez em quando, como na Quinta da Fonte ou no Aleixo, os frutos da justiça social transbordam um bocadinho e o mundo contempla a redistribuição na sua glória plena. Suspeito que o mundo não gosta do que vê. Com trinta facturas recentes a delapidarem-me a conta, eu não gosto
. "

Alberto Gonçalves

domingo, julho 27, 2008

Mausoleu de Halicarnasso




O mausoléu de Halicarnasso ou mausoléu de Mausolo foi uma tumba construída entre 353 e 350 a.C. em Halicarnasso (actual Bodrum, Turquia) para Mausolo (em grego, Μαύσωλος), um rei provinciano do império persa, e Artemísia II de Cária, sua irmã e esposa. A estrutura foi desenhada pelos arquitetos gregos Sátiro e Pítis. Ela tinha aproximadamente 45 metros de altura, e cada um de seus quatro lados foi adornado com relevos criados por cada um dos quatro escultores gregos — Briáxis, Escopas de Paros, Leocarés e Timóteo. A estrutura finalizada foi considerada como sendo um triunfo estético por Antípatro de Sídon, que a identificou como uma de suas sete maravilhas do mundo antigo. O termo mausoléu veio a ser usado genericamente para qualquer grande tumba, embora "Mausol-eion" originalmente significasse "associado com Mausolo".

Em 353 a.C. Mausolo morreu, deixando Artemísia de coração partido. Como um tributo a ele, ela decidiu construir-lhe a mais esplêndida tumba do mundo então conhecido. Ela tornou-se uma estrutura tão famosa que o nome de Mausolo é hoje associado com todas as tumbas suntuosas através de nosso termo moderno mausoléu. A construção era também tão bela e única que tornou-se uma das sete maravilhas do mundo antigo.

Após a construção da tumba, Artemísia encontrou-se numa crise. Rodes, uma ilha no mar Egeu entre a Grécia e a Anatólia, fora conquistada por Mausolo. Quando os rodianos ouviram sobre a sua morte eles rebelaram-se e mandaram uma frota de navios para capturar a cidade de Halicarnasso. Sabendo que a frota rodiana estava a caminho, Artemísia escondeu seus próprios navios numa localização secreta na extremidade leste do porto da cidade. Depois que as tropas da frota rodiana desembarcaram para atacar, a frota de Artemísia capturou a frota rodiana e sirgou-a para o mar. Artemísia colocou seus próprios soldados nos navios invasores e remou-os de volta a Rodes. Achando que sua própria marinha vitoriosa voltava, Rodes não se defendeu e foi capturada facilmente, sufocando-se a rebelião.

Artemísia viveu dois anos após a morte de seu marido. As urnas com suas cinzas foram colocadas na tumba ainda inacabada. Como sacrifício, um grande número de animais mortos foi colocado na escada conduzindo à tumba, que foi selada com pedras e escombros. De acordo com o historiador Plínio, os artesãos decidiram parar o trabalho após a morte de seu cliente "considerando que ele foi ao mesmo tempo um memorial de sua própria fama e da arte do escultor.

O mausoléu teve uma vista panorâmica da cidade de Halicarnasso por vários séculos. Ele esteve intacto quando a cidade caiu sob Alexandre em 334 a.C. e ainda não danificado após ataques de piratas em 62 e 58 a.C.. Ele permaneceu acima das ruínas da cidade por uns 16 séculos. Então uma série de terramotos destruiu as colunas e derrubou a biga de pedra. Em 1404 apenas a base natural do mausoléu ainda era reconhecível. No século XV d.C., os hospitalários invadiram a região e construíram um massivo castelo. Quando eles decidiram fortificá-lo em 1494, eles usaram as pedras do mausoléu. Em 1522 rumores de uma invasão turca fizeram com que os cruzados reforçassem o castelo em Halicarnasso (então chamada Bodrum) e muito do restante da tumba foi desmanchada e usado nas muralhas do castelo. Ainda se vê mármore polido da tumba lá.

Na ocasião um grupo de cavaleiros entrou na base do monumento e descobriu a sala contendo um grande caixão. Decidindo que era tarde demais para abri-la, voltou na manhã seguinte encontrando a tumba e qualquer tesouro que ela pudesse conter roubada. Os corpos de Mausolo e Artemísia estavam perdidos também. Os cavaleiros disseram que aldeões muçulmanos seriam os ladrões, mas é igualmente provável que alguns dos próprios cruzados o fossem. Nas paredes do pequeno museu construído próximo ao sítio do mausoléu há uma descrição diferente: pesquisa arqueológica dos anos 60 mostra que antes dos cavaleiros chegarem ladrões de túmulos cavaram um túnel sob a câmara do túmulo, furtando seu conteúdo. Ademais, é mais provável que Mausolo e Artemísia tenham sido cremados; assim somente uma urna com suas cinzas foi colocada na câmara do túmulo.

Vista actual das ruinas do Mausoleu

A esquerda radical e os pobres

"A uma cultura de direitos, essencial à democracia representativa, deve corresponder outra cultura de deveres tão intensa como aquela.

Um recente artigo de Rui Ramos, “Os pobres de Estado” (Público 23.07.08), faz-me regressar a um tema que algumas vezes aqui tenho tratado: o tema do Estado Social. Ressalvo, em relação a tudo o que direi, que não me parece feliz o título do artigo pela carga depreciativa que encerra. Mas não deixo de reconhecer pertinência à crítica de Rui Ramos. Porque ele põe em evidência um paradoxo muito comum numa certa esquerda radical: reivindicam tão radicalmente os direitos sociais que o resultado acaba por ser oposto ao que proclamam: a permanente dependência do Estado social. Mas critica também uma certa ideia de construtivismo social: uma lógica auto-referencial que vê os necessitados como laboratório social das suas próprias concepções do mundo. E conclui dizendo que a luta pela libertação social dos necessitados acaba por resultar num novo tipo de opressão de Estado. Por isso lhes chama “pobres de Estado”.

Há, neste interessante artigo de Rui Ramos, mais retórica e menos substância do que pode parecer. Mas há também a sinalização de problemas ligados ao modelo persistente de Estado Social. Sobretudo ao modelo maximalista. Aquele modelo que adoptou a cultura dos direitos como matriz exclusiva das suas políticas. E que vive do garantismo como seu alimento político exclusivo. Um modelo onde a pobreza representa o principal capital político, sendo o seu volume directamente proporcional à depressão económica e social dos países. Um modelo que, à força de reivindicar sempre direitos acaba por legitimar a irresponsabilidade, a ausência de sentido do dever, de empenho e de luta individual por uma vida melhor e mais livre. Compreende-se. Esta é, aliás, uma visão organicista da sociedade, onde a responsabilidade individual se dilui sempre na responsabilidade colectiva. Mas se, depois, a responsabilidade colectiva acaba por se esgotar sempre na luta pelos direitos orgânicos das comunidades, a responsabilidade individual esvai-se e anula-se. De resto, esta lógica não decorre directamente da estrutura nuclear da democracia representativa, cujo fundamento, digamos, ontológico é o indivíduo singular: “um homem um voto”. Diria mesmo que ela representa a tábua de salvação para os que sempre mantiveram reservas mentais em relação à democracia representativa. Constitui o enxerto político necessário para poderem agir com boa consciência no interior daquela que sempre rotularam como democracia burguesa. Toda a gente entende o que quero dizer. Ora, na lógica a que se refere criticamente Rui Ramos, os indivíduos singulares são sempre tutelados pelo Estado Social e, por isso, na sua perspectiva, ela acaba por induzir um processo de permanente submissão à vontade do Estado e da sua máquina protectora, com a consequente anulação do princípio da liberdade, que só a responsabilidade individual pode gerar.

É por tudo isto que se torna necessário clarificar a natureza do Estado Social. Em primeiro lugar, recusando as leituras maximalistas. É claro que as sociedades têm o dever de garantir os “bens públicos” essenciais, bem mais vastos do que as funções estritamente vitais do Estado. Mas nenhum Estado Social pode sobreviver a uma lógica construtivista e a uma filosofia maximalista dos direitos sociais. Por uma razão muito simples: uma e outra convergem para o agigantamento de um Estado que tende a atrofiar a sociedade civil, acabando ele mesmo por implodir, fruto de um excesso de procura para o qual acaba por não ter resposta.

Na verdade, aquilo que a esquerda radical ainda não compreendeu foi que a uma cultura de direitos, essencial à democracia representativa, deve corresponder uma outra cultura de deveres tão intensa como aquela. Só que esta não poder emergir no interior de um pensamento que ainda não superou, a não ser numa óptica puramente instrumental, uma cultura política organicista, hoje absolutamente superada pelas democracias modernas. A vocação organicista e moralista da esquerda radical acaba sempre por produzir o atrofiamento da emancipação individual e por contrariar aquela que é a vocação originária da própria democracia representativa
"

João Almeida Santos

A verdade da mentira

Não terá havido por aí um director incapaz, daqueles que sobem à custa do servilismo?”

O livro prometido por Gonçalo Amaral esgotou nas primeiras horas. Quem o leu, ou vai ler, perceberá que havia todas as razões para não aceitar como única explicação a informação posta a circular pelas televisões inglesas de que Maddie tinha sido raptada. Se compaginarmos o livro com o relatório final da PJ, percebermos definitivamente que era materialmente impossível ter sido raptada.

O raptor inteligente entrara pela porta e a seguir transformara-se em estúpido saindo com a criança por uma janela entreaberta, que o obrigaria a passar pelas camas das outras crianças que dormiam – e que continuaram a dormir na algazarra da busca. Aliás, se saísse à rua no momento em que as testemunhas dizem que aconteceu, e tendo em conta os depoimentos que prestaram sobre as visitas às crianças, tinha de passar entre o pai, amigos que falavam, que iam e vinham. O livro confirma muito daquilo que aqui escrevemos ao longo de muitas páginas. Os procedimentos técnicos não diferem de caso para caso.

Obedecem a protocolos informais mas tão rotineiros que não é preciso estar lá para se perceber o que está a acontecer. A equipa de Gonçalo Amaral cumpriu-os todos, com excepção de um. Ele é generoso quando assume esse erro, que não foi seu. Ou pelo menos não foi só seu. Gonçalo admite que errou quando tratou o casal, numa primeira fase, com acrescidas cautelas. É um erro e grande. Mas foi ele quem decidiu que fosse assim? Não terá havido por aí um director incapaz, daqueles incompetentes que sobem nas instituições à custa da sua burrice natural e do servilismo, a dar uma ordem dessa natureza? Os medrosos têm em primeiro lugar medo do poder e só depois da morte.

Um caso comunicado pelo governo inglês, com mediação de embaixadores, tem de ter forçosamente um director apagado pelo meio, mediando entre o servilismo a quem manda e o despotismo para quem lhe obedece. Pressinto que na defesa da sua honra, fazendo saltar a verdade que muitos desejam que seja mentira, Gonçalo Amaral não disse tudo. Mesmo ao assumir o erro deu o corpo às balas para defender a sua instituição. Posso estar enganado, mas quem conhece as rotinas da investigação também presume conhecer os mecanismos de subordinação.

Uma palavra final para o sr. Mitchell: o melhor que encontrou para dizer foi que o livro é um pretexto para ganhar dinheiro à custa da menina. Logo ele, cuja vida nos últimos tempos não tem sido outra coisa. Gente que não distingue entre uma libra e o direito à defesa da honra. Vendem-se por qualquer preço. No caso do sr. Mitchell, por bom preço, segundo se diz
."

Francisco Moita Flores

sábado, julho 26, 2008

Mapa de Piri Reis


Hadji Muhammad, melhor conhecido no Ocidente como Piri Reis (c. 1465 — 1554), foi um almirante Otomano. É autor da obra "Livro da Marinha" (1521), onde inclui um mapa-múndi que compusera em 1513, o chamado "Mapa de Piri Reis", actualmente no Palácio de Topkapı.

Nasceu na região da península de Gallipoli, na actual Turquia. Era sobrinho de Kemal Reis, almirante turco cujas embarcações desenvolviam ações de corso no mar Mediterrâneo e na costa atlântica do noroeste africano.

Após combater por muitos anos com as marinha Espanhola, Genovesa e Veneziana, ascendeu ao posto de Almirante ("Reis"). Tendo sido vencido pela marinha Portuguesa em 1554 ao norte do Golfo Pérsico, o Sultão mandou decapitá-lo.


O Mapa de Piri Reis

Este mapa, do qual nos resta hoje apenas a metade ocidental, representando as Antilhas, o leste da América do Sul, e o noroeste da África e da Europa, foi redescoberto em 1929. Do tipo portulano (cortado por linhas loxodrómicas, indicando as direcções dos ventos), foi confeccionado com base em cartas portuguesas e árabes, e nele está registrada, já em 1513, a costa do continente Americano, tornando-o o primeiro a conter a América do Norte e a do Sul juntas. As legendas, em turco, informam que "os nomes, deu-os Colombo, para que por eles sejam conhecidas". Acredita-se que Piri Reis teria obtido essa nomenclatura através de um marinheiro de Colombo, depois aprisionado e feito escravo pelos turcos. Com relação à costa do Brasil:

  • estende-se no mapa até ao Rio da Prata, o que demonstra que navegadores portugueses já haviam visitado esse estuário em data anterior a 1513;
  • assinala, pela primeira vez, as localidades do Cabo Frio e do Rio de Janeiro ("Sano Saneyro").

Os estudiosos apontam ainda algumas curiosidades sobre este mapa, algumas delas controversas:

  • o mapa demonstra que o seu autor conhecia a circunferência precisa da Terra;
  • a região e o litoral da ilha mostradas na parte onde se localiza a Antártica devem ter sido navegados em algum período antes de 4.000 a.C. quando estas áreas ainda não estavam recobertas com gelo.
  • estudos sugerem que o mapa mostra latitudes precisas do litoral da América do Sul e da costa da África, apenas vinte e um anos após as viagens de Cristóvão Colombo. O próprio Piri Reis deixou registrado no mapa que o confeccionou com base em uma colecção de mapas antigos e complementada por mapas que foram feitos por Colombo.
  • o seu mapa está centrado na cidade de Alexandria, centro cultural na Antiguidade onde se localizava a maior e mais antiga biblioteca do mundo até à sua destruição por invasores Cristãos.
  • descrições de Piri Reis no mapa indicam que alguns dos seus mapas-fonte datam da época de Alexandre, o Grande (332 a.C.).
  • entre as anotações encontram-se desde a referência à descoberta de Colombo até à descrição de monstros marinhos, como por exemplo:

"Este país é inabitado. A população inteira anda nua."

"Esta região é conhecida como a vila de Antilia. Está localizada onde sol se põe. Eles dizem que há quatro tipos de papagaios: branco, vermelho, verde e preto. As pessoas comem a carne dos papagaios e enfeitam suas cabeças com suas penas. Há uma pedra aqui. A pedra é preta. As pessoas a usam como um machado."

"Este mar é chamado de Mar Ocidental, mas os marinheiros o chamam de Mare d'Espagna. Que significa Mar da Espanha. Até agora este mar era conhecido por este nome, mas Colombo que navegou por este mar e fez várias ilhas conhecidas juntamente com os portugueses que navegaram pela região de Hind concordaram em dar a este mar um novo nome. Eles deram o nome de "Ovo Sano" [Oceano] quer dizer ovo são. Até então se pensava que o mar não tinha fim ou limite e que o seu fim estava localizado na escuridão. Agora eles descobriram que este mar tem uma costa, porque ele é como um lago e portanto eles o chamaram de Ovo Sano."

"Neste ponto há bois com um chifre e também monstros nesta forma."

  • apresenta figurações míticas como o unicórnio e criaturas acéfalas, e ainda de lendas, como a de São Brandão que, em sua viagem pelo Atlântico, teria ancorado em cima de uma baleia.

300

Ninguém pára o Benfica.

"Torneio do Guadiana é para ganhar (mais aqui)"

Quique Flores

O colapso dos modelos

"Trichet, estou certo que involuntariamente, cada vez que fala consegue provocar o efeito contrário ao que deixa patente nas suas palavras e nos seus desejos.

O espírito das férias anda no ar e não é propriamente a época de grandes reflexões. Sobretudo das que implicam a mudança de paradigmas e, desta vez, não falo do meu clube nem do mundo do futebol, mas antes de coisas mesmo sérias. Não obstante, e o mais rapidamente possível, vamos ter de repensar alguns modelos que conduzem o modo como pensamos e agimos sobre o quotidiano. Talvez mais pela fresca, que ultimamente a coisa anda um bocado bizarra. Nas últimas semanas chega a ser divertido o ciclo, que, à falta de melhor, poderemos chamar de Trichet. Cada vez que o governador do banco central europeu fala (e não age…), expressando a sua preocupação sobre a inflação deixando a “ameaça” de aumento de juros, segue-se que o dólar se afunda e o petróleo sobe. Numa ocasião, o petróleo recuperou em horas o que tinha perdido em duas semanas. Portanto, o senhor Trichet, estou certo que involuntariamente, cada vez que fala consegue provocar o efeito contrário ao que deixa patente nas suas palavras e nos seus desejos. Claro que o mundo não ficaria melhor só porque o senhor Trichet escolhesse falar menos. Mas, ainda assim, talvez devesse limitar-se a comunicar acções e decisões concretas em lugar de longas análises em que detalha o contrário do que acabará por acontecer como consequência das suas palavras. E escrevo isto em face de duas semanas de descidas contínuas do preço do crude...

Em todo o caso, desta vez, a subida do preço do dinheiro parece longe de provocar o efeito pretendido. Talvez porque ‘elsewhere’ o preço do dinheiro anda barato e há escassez de sítios onde aplicar o que se retirou de um sistema financeiro em colapso. Dinheiro salvo à revelia de todas as homílias sobre a ‘market freedom’ que afinal só se aplica quando a coisa corre bem. Quando corre mal, o mercado deve ser manietado, a mão invisível retirada para lugar seguro e os “pacotes” de dinheiro público entram em acção para salvar as burradas privadas. Ainda assim, e em face deste facto, não há mingua de quem requeira dose maior da terapia. Mais do mesmo mas em doses ainda mais cavalares. Talvez o paciente não resista a tanta boa vontade e com juros a 10% a terapia se calhar resulta sobre um cadáver. Mas há quem descubra virtudes inusitadas no “abrandamento”, como lhe chama o nosso primeiro ministro. O aumento do preço do combustível provocará a redução no consumo com consequente melhoria no ambiente. Por extensão do argumento, poderemos prever que o aumento do preço da comida provocará a redução dos diabetes, do colesterol e, em última análise, a solução para a crise financeira dos sistemas públicos de saúde ocidentais. Paradoxalmente, os partidos verdes e alguns de esquerda parecem pretender aumentos de subsídios para o consumo de combustíveis fósseis que, entretanto, culpam pelo efeito estufa. Isto está confuso.

Tudo isto não passaria de borbulhagem exógena, portanto sem significado, não fora o problema do crescimento económico ser também arrastado para a maré de linearidades em colapso. É que parece que tudo se conjuga para fazer sol na eira, com temperaturas de 50 graus e chuva no nabal com chuvas torrenciais e enxurradas. Na repartição da grande divisão do trabalho pós mercados livres presumimos que os mercados a oriente se alargariam com a exportação dos empregos pouco qualificados para lá, transferindo a economia industrial, resgatando uns milhões à pobreza que consumiriam alegremente os nosso bens e serviços, e nós no ocidente ficaríamos com a economia dos serviços e com a parte da economia do conhecimento. Para isso é que comprámos o ‘franchise’ do MIT, em Portugal, e no resto da Europa compraram-se outros ‘franchises’ semelhantes e multiplicaram-se os cursos “qualificantes” de todo o feitio e tamanho. Alas. A economia do conhecimento e o seu aumento de “empregabilidade” parece ter descoberto o caminho das terras do sol nascente. Nunca pensei dizer isto mas, agora, até a economia dos eventos me parece mais promissora juntamente com a economia do turismo de luxo, do turismo cultural e, como diz um amigo meu, as filigranas com design e investigação em cima podem ser produtos com futuro na área de uma oferta integrada de história e vivências aos novos ricos do oriente. No colapso de mais algumas linearidades simplórias, nós por cá vamos, por certo, descobrir novos pobres mas com menos obesidade e diabetes
."

José Manuel Fonseca

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