segunda-feira, dezembro 31, 2012

A semântica do Estado do sítio e do governo do sítio

http://www.publico.pt/economia/noticia/estado-injecta-1100-milhoes-de-euros-na-recapitalizacao-do-banif-1579109

O Estado ou os contribuintes?
Há quanto tempo se sabia?
Transparência é apenas para os camelos que pagam impostos que já nem impostos são? São confisco!
Quanto tempo mais temos de fingir que não se passa nada e que de facto são os bancos os causadores da crise da dívida?
Para quem trabalha o governo que não elegemos?
Elegemos quer dizer quem votou nos partidos porque há muita gente que já há muito não vota.
Apenas Cavaco foi eleito, Passos não! Como todos os outros atrás, Sócrates, Barroso, Guterres, Soares quando PM  e todos os outros filhos deste regime de oligarquia financeiro política e partidária.

Parcerias público-privadas e os contratos secretos.

http://www.agenciafinanceira.iol.pt/empresas/ppp-estradas-de-portugal-sergio-monteiro-tribunal-de-contas/1404475-1728.html

O que faz um Secretário de Estado que desconhecer o que deveria saber no mínimo e para ser benévolo?
Porque continua em funções.
Este foi um ano não diferente de todos os outros desde Abril. Esta República é semelhante à I.
Este regime tem de ser refundado, assim como o Estado, mas não por gente como Soares, Passos, Cavaco, Barroso, os líderes das chamadas oposições e muitos outros que decerto ocorrerão a todos os que tentam fazer e refazer uma Pátria em cacos.

domingo, dezembro 30, 2012

Tempode balanço

Portugal é, tal como foi em 1978, sob o comando de Mário Soares, um Estado tecnicamente falido, afogado em dívidas que demorarão décadas a pagar
 
Por Saragoça da Matta, publicado em 28 Dez 2012 , in I
 
Trinta e oito anos passados sobre o pronunciamento militar de 1974, vemos terminar um dos mais conturbados anos a nível social, económico e financeiro que poderíamos imaginar. 2012 foi um ano de más surpresas e que ficará de má memória, esperando-se um 2013 ainda mais angustiante, mais recessivo e mais negro. De pouco vale por isso o arrazoado natalício do primeiro-ministro, tal como de nada valem as declarações ocas das oposições.
Portugal é, tal como foi em 1978, sob o comando de Mário Soares, um Estado tecnicamente falido, afogado em dívidas que demorarão décadas a pagar; socialmente desequilibrado, com 20% de pobres e 60% de mal remediados; e tecnicamente subdesenvolvido, apesar dos milhões injectados na economia nos últimos 30 anos.
Não é pois verdade que 2013 não será um ano de recessão. Não é verdade que estejamos no bom caminho. Não é verdade que a maioria das reformas esteja feita. E também não é verdade que a oposição tenha alternativas para mudar o estado de coisas para que o sistema de partidos nos atirou.
Assim que finde 2012 sem que esteja concluída a reforma que se impunha em mais de 4 mil estruturas autárquicas anquilosadas e deficientes, esbanjadoras de fundos púbicos e na maioria inúteis. Como pode racionalmente defender-se que a estrutura autárquica delineada no século xix é necessária no século xxi? Só a necessidade de garantir a sobrevivência da partidocracia o justifica.
Assim que se termine 2012 com um sistema fiscal confiscatório, inimigo do desenvolvimento económico e do empreendedorismo privado, castrador dos que procuram criar riqueza e dar emprego. O sistema fiscal idealizado por uma série de magos das finanças públicas é, no plano da justiça e do desenvolvimento, um falhanço total. De Sousa Franco a Ferreira Leite, de Miguel Cadilhe a Teixeira dos Santos, de Catroga a Constâncio e a Gaspar, bem como a todos os que desde 1974 ocuparam a pasta das Finanças e o Banco de Portugal, foi criado um monstro autofágico. O Estado depreda o seu povo, para a sobrevivência de uma máquina de apetite desbragado: a do eleitoralismo “democrático”.
Assim que se mantenha um sistema eleitoral que visa essencialmente proteger os eleitos dos eleitores, desresponsabilizar os desmandos das governações, manter o povo controlado sob a aparência do regular funcionamento de instituições criadas por uma Constituição gigante na extensão e anã na utilidade.
Assim, por fim, que continuemos com uma justiça inerte, lenta, incapaz de garantir o controlo da salubridade política, económica e social. Um funcionalismo público judiciário que “procede” apenas sobre papéis, mais preocupado com a legitimação através do processo que com a efectiva realização da justiça dos casos concretos. Por isso todos os argumentos são bons para que a forma prevaleça sobre a substância, para que os pilha-galinhas sirvam de exemplo.
E o que é pior: não se vê modo de em 2013 este estado de coisas ser invertido. Apesar de tudo, feliz 2013!

A manipulação dos números no Ministério da Saúde?

Uma médica tem quase cinco mil utentes atribuídos mas nunca existiu no Centro de Saúde da Venda Nova. A ela juntam-se duas médicas que já estão reformadas e continuam a ter utentes inscritos. http://www.dn.pt/inicio/tv/interior.aspx?content_id=2969281&seccao=Media&page=-1
In DN
Toda a gente sacode a água do capote: O Ministro manda investigar,  o responsável pela ARS de Lisboa entrega a bola ao Director do Aces, (Agrupamento dos Centros de Saúde), que diz que ninguém tem falta de médico.
Ora muitas pessoas, digo utentes ou doentes, nesta Região de Saúde já se confrontou com uma situação criada por gente, em que alguns são médicos de gabinete, facto que Ordem deve investigar se há ou não falta de ética, quando chegam ao Centro de Saúde onde estavam inscritos, lhes dizem que não, facto criado, por uma engenharia de manipulação de dados em que um utilizador não recorreu ao seu médico por um período de 3 anos, deixou de ter aquele Médico de Família.
Em Sacavém ocorreu uma história vergonhosa relacionada, que parece ter sido corrigida, mas os responsáveis continuam a insistir, por forma a criar números fictícios, para não falar na limpeza de ficheiros que foi realizada desta forma, completamente sem sentido e irresponsável.
O Ministro da Saúde deverá primeiro investigar junto dos seus Secretários de Estado e junto dos Directores executivos das ARSs, pelo deverá ter todo o cuidado com a gente de quem se fez rodear, ou seja, pessoas que sempre orbitaram no Centrão, trocando de lugares, desde administrações hospitalares ao quadros intermédios em locais onde a competência pouco tem a ver.
Nunca se percebeu, como foi possível a compra do Oseltamivir à Roche e às vacinas contra a gripe A ou gripe então chamada de porcina a uma grande Mutinacional, entretanto decerto já destruídos por perecíveis e com eles, os milhões Euros gastos, não há responsáveis? 
São estas situações de engenharia de números que o Senhor Ministro, especialista nestes, deverá investigar por gente independente e não ligada ao Centrão ou ao BE ou PCP, porque também lá estão, pé dentro e pé fora.

sexta-feira, dezembro 28, 2012

Paga meu...

"Aumento nas portagens, energia e telecomunicações ultrapassa inflação em 2013 (mais aqui)"

"2013, ano negro em Portugal: mais IRS, maior dedução para a Segurança Social, mais IMI (mais aqui)"

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O ano das apostas prudentes

"A retoma dos mercados bolsistas mundiais teve início em Julho e está agora a perder fôlego, o que não constitui surpresa: sem uma melhoria significativa das perspectivas de crescimento nas economias avançadas ou nas principais economias emergentes, sempre pareceu que faltava força à subida. A correcção poderia mesmo ter surgido mais cedo, atendendo aos dados macroeconómicos decepcionantes nos últimos meses.
Começando pelas economias avançadas, a recessão na Zona Euro tem-se estendido da periferia para o centro, com a França a entrar em recessão e a Alemanha a confrontar-se com o duplo golpe da desaceleração do crescimento num mercado de exportação importante (China/Ásia) e da contracção pura e simples noutros mercados (Sul da Europa). O crescimento económico nos EUA tem sido anémico, de 1,5% a 2% durante grande parte do ano, e o Japão está a em vias de resvalar numa nova recessão. O Reino Unido, tal como a Zona Euro, já passou por uma recessão em forma de W (o chamado 'douple dip'), e agora até os fortes exportadores de matérias-primas - Canadá, países nórdicos e Austrália - estão a abrandar devido aos ventos contrários que sopram dos EUA, da Europa e da China.
Entretanto, as economias dos mercados emergentes - incluindo todos os BRIC (Brasil, Rússia, Índia e China), bem como outros intervenientes de relevo, como a Argentina, Turquia e África do Sul - também desaceleraram em 2012. O abrandamento na China pode ter estabilizado durante alguns trimestres, atendendo às recentes medidas orçamentais e monetárias do governo, incluindo a injecção de capital; mas este estímulo só irá perpetuar o insustentável modelo de crescimento do país, baseado em demasiado investimento fixo e em poupanças e em muito pouco consumo privado.
Em 2013, os riscos de contracção do crescimento global serão exacerbados pela disseminação da austeridade orçamental às economias mais avançadas. Até agora, a situação orçamental recessiva tem estado concentrado na periferia da Zona Euro e no Reino Unido. Mas neste momento está a penetrar no núcleo da Zona Euro. E nos EUA, mesmo que o presidente Barack Obama e os Republicanos no Congresso cheguem a acordo para uma proposta de orçamento federal que impeça a ameaça do "precipício orçamental", os cortes na despesa e os aumentos de impostos conduzirão invariavelmente a alguma contracção do crescimento em 2013 - pelo menos 1% do PIB. No Japão, o estímulo orçamental, após a reconstrução do país na sequência do sismo, será gradualmente descontinuado, ao passo que um novo imposto sobre o consumo entrará - também gradualmente - em 2014.
Desta forma, o Fundo Monetário Internacional está absolutamente certo em sustentar que a austeridade orçamental excessivamente sincronizada e centrada no esforço inicial, na maioria das economias avançadas, irá obscurecer as perspectivas de crescimento em 2013. Então, o que explica a recente escalada nos mercados de activos norte-americanos e mundiais?
A resposta é simples: os bancos centrais voltaram a abrir as suas torneiras de liquidez, dando um impulso aos activos de risco. A Reserva Federal norte-americana adoptou medidas de flexibilização quantitativa (QE - quantitative easing) agressivas e ilimitadas. O anúncio do Banco Central Europeu relativo ao seu programa de "Transacções Monetárias Definitivas" diminuiu o risco de uma crise da dívida soberana na periferia da Zona Euro e um desmoronamento da união monetária. O Banco de Inglaterra passou do QE para o CE (flexibilização do crédito - credit easing) e o Banco do Japão tem aumentado repetidamente a dimensão das suas operações de flexibilização quantitativa.
As Autoridades monetárias de muitas outras economias avançadas e de mercados emergentes reduziram também as suas taxas directoras. E, de par com a desaceleração do crescimento, a inflação moderada, as taxas de juro de curto prazo quase nos 0%, e mais QE, os juros de mais longo prazo nas economias mais avançadas mantêm-se em níveis baixos (com excepção da periferia da Zona Euro, onde o risco soberano permanece relativamente elevado). Não admira, pois, que os investidores que procuram desesperadamente rendimentos tenham corrido para as acções, matérias-primas, instrumentos de crédito e moedas dos mercados emergentes.
Mas agora parece estar a caminho uma correcção global do mercado, devido, antes de mais, ao medíocre panorama para o crescimento. Ao mesmo tempo, a crise da Zona Euro continua por resolver, apesar das acções arrojadas do BCE e das conversações em torno de uma união bancária, orçamental, económica e política. Especificamente, a Grécia, Portugal, Espanha e Itália estão ainda em risco, ao mesmo tempo que a fadiga dos resgates impregna o núcleo da Zona Euro.
Além disso, abundam as incertezas políticas e em matéria de medidas a tomar - nas frentes orçamental, da dívida, da tributação e regulatória. Nos Estados Unidos, os receios em torno do orçamento assumem três tipos: o risco de um "precipício" em 2013, uma vez que o aumento de impostos e fortes cortes na despesa serão automaticamente accionados se não houver acordo político; um renovado combate partidário em torno do tecto da dívida ("debt ceiling"); e uma nova luta em torno da austeridade orçamental de médio prazo. Em muitos outros países ou regiões - por exemplo, China, Coreia, Japão, Israel, Alemanha, Itália e Catalunha - as eleições ou transições políticas também têm contribuído para intensificar a incerteza no que respeita às medidas a tomar.
No entanto, uma outra razão para a correcção é que as avaliações nos mercados accionistas atingiram níveis excessivos: os rácios preço/lucro estão agora elevados, ao passo que o aumento dos lucros por acção está a diminuir, e será alvo de mais surpresas negativas, uma vez que o crescimento e a inflação se mantêm em níveis baixos. Com a incerteza, a volatilidade e os riscos de cauda a aumentarem de novo, a correcção poderá rapidamente ganhar fôlego.
Com efeito, existem agora também maiores incertezas geopolíticas: o risco de um confronto militar entre o Irão e Israel continua a ser elevado, uma vez que as negociações e as sanções poderão não dissuadir o Irão de desenvolver a sua capacidade em matéria de armas nucleares; uma nova guerra entre Israel e o Hamas em Gaza é provável; a Primavera Árabe está a transformar-se num Inverno sombrio de instabilidade económica, social e política: e as disputas territoriais na Ásia entre a China, Coreia, Japão, Taiwan, Filipinas e Vietname estão a inflamar forças nacionalistas.
À medida que os consumidores, empresas e investidores se tornam mais prudentes e mais avessos ao risco, a escalada do mercado bolsista na segunda metade de 2012 já atingiu o seu pico. E dada a gravidade dos riscos de contracção do crescimento nas economias avançadas e emergentes, a correcção poderá ser uma advertência de que o pior está para vir para a economia global e para os mercados financeiros em 2013.
Nouriel Roubini

quinta-feira, dezembro 27, 2012

Demagogia

Pátria que ficas sem gente e sem pão, sim, Mãe, não és um estribo!

Os que morrem são mais do que os que nascem em Portugal e os que saem também suplantam os que entram. Já não é novidade dizer que a população portuguesa está a encolher, mas em 2012 este fenómeno terá a maior expressão de que há memória.
Aos défices financeiros Portugal soma défices demográficos consecutivos. Se considerarmos apenas os seis primeiros meses de 2012, morreram quase mais 16 mil pessoas do que as que nasceram em Portugal, o que se justifica em parte devido ao pico da mortalidade verificado em Fevereiro e Março. É muito? Para alguns especialistas, é demasiado. A manter-se a tendência, será "preocupante". Em 2011, o número de funerais suplantou em cerca de seis mil o total de partos, e nessa altura já soaram campainhas de alarme.
São várias as causas que justificam a tendência para o declínio da população, como o saldo migratório, mas a quebra da natalidade é normalmente a que mais preocupação gera. Os números mais recentes voltam a não deixar lugar para dúvidas: entre Janeiro a Novembro nasceram menos 6150 crianças do que no mesmo período de 2011 e, se este mês os nascimentos seguirem a tendência de Dezembro do ano passado, ficaremos pouco acima da barreira psicólogica dos 90 mil nados-vivos.
In Público
 
Comentário:
O défice de nascimentos ou a baixa de natalidade será muito superior porque não pode ser analisada apenas ao longo deste ano, sem contar apenas com os nascimentos ocorridos em 2012 temos que contar as gravidezes iniciadas no 2º trimestre de 2012 que só vão nascer em 2013.
A taxa de mortalidade não teve um pico, ou seja, teve um pico e um planalto.
As causas de morte são de facto causadas pela crise, pela forma terrorista como se anunciam medidas e pela forma terrorista e criminosa como esta país tem sido governado há décadas.
O buraco da Segurança Social deverá ser investigado se houve jogo de casino em bolsa e outras operações de aplicação duvidosa do dinheiro dos contribuintes e que não é do Estado, é dos Contribuintes líquidos e das Empresas.
O secularismo evangélico do politicamente correcto que atravessa todos os partidos, sem excepção, da oligarquia financeiro política que ocupa o Estado em todas as vertentes. central e local,  EPs e IPs, tem mais tarde ou mais cedo de ser julgado e não, não pode ser por eleições, porque essas estão viciadas à partida, tornando a democracia ou as democracias regimes onde a corrupção e a plutocracia são de facto quem manda.
O modelo está gasto por toda a Europa e quem pensa que os países do Norte são sérios esqueça, o caso alemão é paradigmático, fazendo da senhora Merkel um exemplo igual ao dos políticos do sul,  que está agarrada pelo sistema financeiro ou é sua funcionária, como Monti, Draghi, Borges, Moedas, os PMs gregos.
Depois de um PM que sempre escapou ao sistema de escrutínio da lei temos agora um PM doente obsessivo compulsivo controlado por ministros ligados ao sistema financeiro, por terem por lá passado o que pode, bem analisado concluir por conflito de interesses e por uma AR onde estes existem de forma descara e despudorada.
Portanto o factor de sustentabilidade é uma burla, porque a taxa de mortalidade continuará a subir e para grupos etários mais jovens e a taxa de natalidade continuará a descer, sem fim à vista, provocada por um governo sem gente capaz de saber olhar para além da selva a que estão habituados e condicionados.

quarta-feira, dezembro 26, 2012

Vigaro cá vigaro lá

Growth, Inequality and Poverty

"Growth, Inequality and Poverty: Looking Beyond Averages (mais aqui)"

Portugal é exemplo de país que "empurra jovens profissionais para o estrangeiro"

"Europe’s fading fortunes push young professionals abroad (mais aqui)"


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terça-feira, dezembro 25, 2012

O oásis de Cavaco e os anos de viragem de Passos


Ano de 1993: com a economia portuguesa a ruir, um alucinado Braga de Macedo, então ministro das Finanças, foi à Assembleia da República gritar a plenos pulmões que o país era um “oásis”. Este sketch parlamentar resistiu à passagem do tempo. Quem não resistiu foi Braga de Macedo: após um breve compasso de espera, Cavaco calçou-lhe uns patins, como convinha.

Quem era o homem que, em 1992, fez as previsões para Braga de Macedo?
Um tal Vítor Louçã Rabaça Gaspar, que chefiava o Gabinete de Estudos do Ministério das Finanças. Onde falhou ele nas previsões? Falhou em tudo — na evolução da economia e na arrecadação das receitas fiscais.
Veja-se:

• Gaspar previu um crescimento do PIB de 2% em 1993, mas a economia acabou por recuar 0,7%, ou seja, o pretenso “oásis” que Braga de Macedo anunciava acabou numa recessão;
• O Orçamento do Estado para 1993 previa um encaixe à volta de 3.340 milhões de contos (16.660 milhões de euros) com as receitas correntes, mas houve necessidade de fazer um orçamento rectificativo que já estimava menos 364,7 milhões de contos (1,8 milhões de euros), porque a receita fiscal teve um desempenho bem pior do que “se” estava à espera.

Vinte anos depois, o tal Vítor Louçã Rabaça Gaspar, que levou Braga de Macedo a estatelar-se contra a parede em 1993, não vos lembra ninguém?»
 
Será que é o mesmo?

segunda-feira, dezembro 24, 2012

Quantas vezes colocaram a TAP à venda? O tio alemão anda por aí na cabeça de muitos escandalizados com a venda da TAP

Swissair admite voltar atrás no negócio com a TAP - TSF

Lembram-se?
Quem foram os arquitectos da desgraça?
Quem estava no governo e é verdade ou não que o bloco central enterrou o país e ninguém foi condenado?

domingo, dezembro 23, 2012

Riem de quê?



Qual é a graça? O 33 rotações acha graça a quê? Aos 1.700 000 000 que diz que faltam por pensar que está na escolinha dele, para ser ligeiro e benévolo?

Por favor não queremos que nos salvem!!!

Monti, Moedas, Draghi e todos os outros da seita Goldman Sachs, FMI e BM, por favor não nos venham salvar já sabemos o que fazem aos países que quiseram e querem salvar.
São assaltantes de Estados através do sistema bancário e financeiro baseado em Wall Street e na City.
Os governos e os países do Norte da Europa não contam a verdade e vão tentando tapar os buracos financeiros nos seus bancos através do esquema das dívidas soberanas criadas a partir das crises hipotecárias fraudulentas que eles próprios fabricaram e importaram.
O artigo abaixo acerca da Europa e da Alemanha explica toda a trama.
A Comissão Europeia através dos seus agentes está ao serviço desta gente, como os políticos nacionais de todos os países da Europa estão. As democracias são miragens, as pessoas e os votos têm o valor de um papel numa urna que depois é queimado, como todas as promessas feitas.
A Itália está debaixo de fogo e irá sucumbir se Monti ganhar na chantagem.
a Alemanha, depois das eleições sucumbirá se Merkel ganhar as eleições, Merkel é a coveira da Europa e da Alemanha.
Por aqui, deverão ser responsabilizados todos os políticos pelas fraudes consentidas, os actuais e os anteriores, desde os que passaram pelas Presidências da República, os que foram PMs, deputados e as chamadas entidades reguladoras como o Banco de Portugal.
O caso BPN é uma fraude onde todos estiveram metidos e onde se verifica como são nomeados para o BCE gente que nem num balcão de um banco de esquina deveriam ter lugar.
A vergonha não é para aqui chamada, porque esta gente não sabe o que é isso.
O PM é uma pessoa sem credibilidade, sem o mínimo de decência ou vergonha na cara, depois de verificar há muito mais de um ano que as políticas de aumento de impostos levam à destruição da economia do país e  a diminuição da receita, como é visível há muito tempo, usando manobras políticas de mandar dizer que ainda é possível salvar o défice, faz pensar que vive num mundo irreal, como o PR que deve ser considerado coresponsável.
Qual era de facto o currículum desta gente antes de entrar para a política?
Um país destruído e vendido ao desbarato tem de se levantar contra esta gente sem vergonha e desonestidade, validada por uma justiça que não funciona porque não tem meios ou porque se demitiu há muito de fazer o que deve. 

quinta-feira, dezembro 20, 2012

«Com esta gatunagem a Democracia não sobreviverá» .

"Em Newtown, a mais recente das pequenas cidades americanas tornada famosa por uma matança, o grande Elia Kazan (1909-2003) tinha uma quinta. Grego nascido em Constantinopla, ele foi o autor do filme cujo título, balbuciado por imigrantes ao ver a Estátua da Liberdade, é dos maiores hinos ao país: "América, América". Em 1972, no fim de extraordinária carreira, Kazan fez um filme barato, todo rodado na tal quinta de Newton - The Visitors, Os Visitantes. Foi o primeiro grande filme sobre a guerra do Vietname e, como curiosidade, o primeiro filme com James Woods. Este era um soldado que viu dois camaradas de pelotão violar e matar uma vietnamita. Em tribunal, ele irá depor contra os assassinos. Quando regressa, sempre atormentado por esse drama, o soldado vai viver numa quinta com a mulher e o sogro. Este é um antigo soldado da II Guerra Mundial, que se passeia sempre com armas e até atira a cães e despreza o genro por ele não gostar de caça. Quando ele sabe da posição que o genro teve em tribunal, ainda o despreza mais - a tropa, pensa o velho soldado, tem um código que não permite denúncias. Elia Kazan é o cineasta dos dramas individuais: Há Lodo no Cais, Esplendor na Relva, A Leste do Paraíso... Por ironia, Newtown, a cidadezinha onde Kazan viveu e filmou o poderoso Os Visitantes, não ficará conhecida por alguém com dramas de consciência como o protagonizado por James Woods, mas, sim, por mais um imbecil de gatilho fácil. "

Ferreira Fernandes

quarta-feira, dezembro 19, 2012

Política, Máfia e Bancarrota Económica.

Ai aguenta, aguenta

"Fomos amestrados para acreditar que, quando os especialistas nos dizem que algo é inevitável, devemos acreditar nisso cegamente, mesmo que (ou sobretudo quando) tenhamos as maiores dúvidas.
"Ninguém gosta de tomar decisões que provocam sofrimento noutras pessoas". Há evidentemente pessoas (talvez poucas) que gostam de provocar sofrimento noutras: logo, a análise lógica desta declaração conclui pela sua evidente falsidade.
No entanto, ela parece-nos psicologicamente verdadeira, porque verosímil: todos nós causámos já conscientemente dor a outrem no intuito de evitar um mal maior, por exemplo, castigando um filho para o ajudar a enfrentar os perigos da vida.
Falta porém explicar porque é que, em certas circunstâncias, tanta gente aparentemente normal se presta de boa mente a colaborar em processos que infligem sofrimento extremo a milhões de seres humanos sem sequer tentar resistir a algo que contraria frontalmente os valores que aparentemente professa.
Impressionado com a tese da "banalidade do mal", formulada por Hannah Arendt após assistir ao julgamento de Adolf Eichmann, o oficial SS que superintendeu toda a organização e implementação da chamada Solução Final, Stanley Milgram, à data Professor de Psicologia Social em Yale, decidiu investigar o assunto.
A experiência concebida em 1961 por Milgram consistia aparentemente num teste de memorização. Nela participavam um Experimentador, um Professor e um Aluno. O Professor recebia uma lista de pares de palavras que deveria ensinar ao Aluno. Depois de recitar a lista completa, o Professor leria ao Aluno a primeira palavra de cada par e pedia-lhe para escolher a segunda dentre quatro possíveis. Se a resposta fosse incorrecta, o Professor carregaria num botão que aplicaria ao Aluno um choque eléctrico, que aumentaria 15 volts por cada erro. Se fosse correcta, passaria à questão seguinte.
Embora o Professor - o verdadeiro sujeito da experiência - o ignorasse, o Aluno era na verdade um actor que, fechado numa sala ao lado, simulava sofrer os alegados choques eléctricos. Os gritos de dor do Aluno aumentavam de intensidade à medida que a voltagem "aumentava". A partir de certa altura, o Aluno queixava-se de problemas cardíacos e deixava de reagir. Atingidos os 135 volts, muitas pessoas questionavam a experiência e declaravam a sua intenção de abandoná-la, mas a maioria continuava depois de lhe ser assegurado que os choques não provocariam danos irreversíveis no Aluno. Quando o Professor insistia em abandonar, o Experimentador procurava dissuadi-lo, dizendo-lhe, por esta ordem:
1. Por favor, continue.
2. A experiência exige que continue.
3. É absolutamente essencial que continue.
4. Não há alternativa, tem de continuar.
Se o Professor assentisse, a experiência continuaria até ao choque máximo de 450 volts. Antes de iniciar as suas experiências, Milgram perguntou a um painel de especialistas que percentagem de Professores iria até ao enfim. A previsão apontava para 1,2%. Porém, 65% dos sujeitos aplicaram na primeira experiência o hipotético castigo de 450 volts, apesar de quase todos revelarem sinais de perturbação e tensão extremas, incluindo riso nervoso, suores e tremores. A experiência de Milgram foi desde então repetida inúmeras vezes ao longo de décadas, sem alteração notável dos resultados. Uma meta-análise publicada em 2002 por Thomas Blass, da Universidade de Maryland, concluiu que a proporção de participantes preparados para infligir a punição extrema se situa usualmente entre 61 e 66%, independentemente do tempo e do lugar.
Milgram resumiu assim as conclusões da experiência: "Pessoas normais, que se limitam a fazer o seu trabalho, podem tornar-se agentes de um processo terrivelmente destrutivo apesar de não serem movidas por qualquer hostilidade particular. Mesmo quando os efeitos destrutivos da sua acção se tornam evidentes e lhes é pedido que levem a cabo algo incompatível com padrões éticos fundamentais, pouca gente tem energia para resistir à autoridade."
O mais perturbador é que ninguém o faz por mal. Muita gente parece achar legítimo cometer as piores barbaridades na condição de que elas sejam legitimadas por uma autoridade estribada num suposto bem comum, numa linha de rumo que não se sabe bem quem traçou, de preferência sustentada pelo conhecimento científico ou, pelo menos, pela força objectiva das coisas. A diluição da responsabilidade individual desempenha aqui um papel fundamental, dado que a violência não parece resultar da vontade individual dos agentes do castigo, mas da inevitabilidade da situação ("a experiência exige que continue", "não há alternativa").
Fomos amestrados para acreditar que, quando os especialistas nos dizem que algo é inevitável, devemos acreditar nisso cegamente, mesmo que (ou sobretudo quando) tenhamos as maiores dúvidas. O Aluno existe para ser castigado pelo Professor sob a superior orientação do Experimentador. Mais claro que isto, é impossível."

João Pinto e Castro

terça-feira, dezembro 18, 2012

II - Cont.


Percebe-se como funciona um ataque especulativo tomando como exemplo paradigmático o caso do império mediático alemão Kirche. Em 2001 os administradores do Deutsche Bank (AckermannY Baumann) difundiram rumores falsos de que o grupo não poderia pagar a sua dívida e que  não conseguiria refinanciamento. Soa-lhes a alguma coisa(?). Provocaram a maior quebra dos nossos tempos para se apoderarem dele. Em 2011 a justiça alemã esclareceu o assunto e o presidente Ackermann, amigo íntimo de Merkel, demitiu-se e propôs uma indemnização de 1.000 milhões de euros para silenciar o escândalo. Como se vê antes da Grécia já existiam situações gravíssimas  de especulação contra empresas alemãs.

Sistema idêntico está ser utilizado para desacreditar os Estados do Sul, como a Espanha. Como beneficia a Alemanha com estes ataques?

Gera rumores para fazer disparar os juros quando pede empréstimo.

Impõe privatizações rentáveis que pela não defesa do governo nos interesses dos países serão vendidos a preços de saldo.

Provoca asfixia creditícia para desvalorizar acções de grandes empresas, no caso de Portugal: ANA, REN, TAP,GALP, EDP, PT,CGD,(…) no caso espanhol: Telefónica, Iberdrola, Repsol, Gas Natural(…), das quais se apoderam grupos alemães ou dos chamados países ricos do norte ou dos estados oligarcas.

Mas o mais rentável é propagar o pânico financeiro – que é crime – a fuga de capital com medo de uma nova Argentina.

No caso de Espanha em 8 meses de 2012 saíram 330.000 milhões ( a que se deve somar o equivalente da Grécia, Itália e Portugal) que foram parar a bancos da Suiça, Luxemburgo, Holanda e Alemanha, valores sem precedentes segundo a Bloomberg. O austericídio dá grandes benefícios…

Por detrás do disfarce de (in)dependência, Jens Weiddmann, presidente do Banco Central alemão, contribuiu para este pânico questionando cada teste a Espanha ou Portugal, neste caso mais maleável. Continua na linha do seu predecessor, Alex Weber, que no mesmo ano em que deixou o Bundesbank (2011) foi “premiado” por fustigar o sul com a presidência da UBS, um dos bancos privados do eixo alemão que beneficia com a “deportação” de milhares de milhões de euros provenientes do sul.

O escândalo libor-euribor/Barclays é a última prova das práticas fraudulentas e especulativas deste cartel, o qual alterava o preço do dinheiro e incrementou o custo das hipotecas dos europeus. Entre os implicados estavam o Deutsche Bank, o Credit Suisse e UBS junto com o Lloyds e o Royal Bank of Scotland (RBS) – são os Bankias do governo inglês, nacionalizados entre 40 e 80 %.

Pelo contrário, os bancos espanhóis, Santander, BBVA e La Caixa, não estão implicados em práticas semelhantes. Não precisaram de resgates e o Santander é considerado o melhor banco do mundo segundo a Euromoney.

A Comissão Europeia não detectou o cartel libor, nem a trama especulativa sobre a dívida grega oculta, nem desmascara o clube bancário que controla o mercado de casino de Londres, (denunciado pela imprensa norte-americana). Nem manda investigar quais são os beneficiários especulativos que estão destruindo os estados do sul da europa. Continuarão a EU, Barroso, e o comissário Almunia fazendo vista grossa  a este “laissez faire” que são sua responsabilidade e competência, denunciar aos tribunais? O que sabemos é que o antecessor, lord Brittan ( um dos arquitectos do mercado de casino, junto com Thatcher) foi colocado como vice presidente da UBS. Outro vice-presidente da EU, Solbes, é hoje assessor do Barclays.

O governo alemão, o grande instigador,  pretende apropriar-se do capital do sul até às eleições de 2013. A Espanha e a Itália (embora com um PM homem do Goldman Sachs) devem  resistir aos resgates draconianos. O Tribunal da EU (Caso Sint Servatius, 2009) declarou justificada a restrição à livre circulação de capitais se provocasse ataques às políticas sociais. Mais ainda se tal especulação prejudicasse a soberania económica e social de um país membro. Assim, presenciamos de forma passiva à destruição do mercado único europeu e à imposição de um mercado único euro-alemão.

Os governos filhos das troikas, a economia de casino e o fim da UE-I


O ataque alemão aos países do sul

A imposição do governo de Merkel em relação aos pacotes de austeridade exigidos aos países do sul, fazem entender que é uma estratégia do mesmo e do sistema bancário e financeiro, no caso alemão, para esconder o enorme buraco financeiro da opinião pública.

A desregulamentação jurídica criada em 2 000 provocou uma alteração do capitalismo produtivo para um mercado financeiro de casino, sem supervisão em que a informação privilegiada foi permitida funcionando como num mercado de apostas.

Esta bolsa privada e a sua transparência, com sede em Londres e N.Y., está nas mãos de um cartel composto por seis megabancos americanos e seis megabancos europeus, todos falidos e resgatados pelos seus governos, quer dizer, pelos contribuintes.

Esta é a verdadeira origem da crise: um novo capitalismo de casino e de apostas em produtos financeiros tóxicos – como as hipotecas subprime – e que agora especula com a dívida soberana dos países do sul. A causa da crise, não é a bolha imobiliária, nem o endividamento – as dívidas inglesa e americanas eram imensamente superiores -, nem a indisciplina fiscal. A bolha foi hipotecária: titularizar e revender hipotecas tóxicas no mercado.  Precisamente, o Deutsche Bank foi um dos que maiores implicados, segundo revelou o Senado Norte Americano. Este banco colocou produtos aos seus clientes sabendo que perderiam dinheiro, tanto nos USA ( pacote “Gemstone VII) como na Alemanha, tendo sido condenado no  Supremo Tribunal em 2011. Os cidadãos alemães foram as primeiras vítimas da voracidade dos seus bancos.

A Alemanha aliás, foi quem promoveu as apostas contra os países do sul.  O Deutsche Bank foi um dos artífices deste novo Mer-ado de dívida soberana – e do seu índice de preços Markit – que fez disparar os ataques especulativos. O Goldman Sachs assessorou os políticos antipatriotas gregos para ocultar a dívida e assim logrou entrar no Euro, depois, com esta informação privilegiada, apostou junto com o Deutsche Bank  o afundamento da Grécia. Atacar os país do sul foi a fórmula usada pelo governo e bancos  alemães para recuperar as perdas dos bancos com a patologia do jogo.

Semelhante forma depredadora contra a própria Eurozona motivou a filtragem da informação confidencial do supervisor financeiro alemão, o BaFin (confirmado por outro do Merryll Lynch), que valorizou em 800.000 milhões os activos tóxicos do país em 2009. Os referidos dados revelam que uma Alemanha especulativa veio substituir o seu reputado capitalismo industrial. Em vez de processar os responsáveis, fecharam fileiras e iniciaram a campanha de descredibilização dos países do sul para desviar a atenção e subjugá-los.

Os Bankias alemães foram muitos:

Hypo Real Estate foi resgatado com mais de 100.000 milhões de Euros e em 2009 foi nacionalizado em 90%; o Industriebank (IBK), com 10.000 milhões Euros; os Landesbanbank (caixas autónomas), como o Baden-Würtentenberg, o West ou o Sachsen, receberam uns 150.000 milhões de Euros; o Dresdner Bank, segunda entidade do país, faliu e foi absorvido pelo Commerzbank, que por sua vez recebeu um resgate  de 100.000 milhões  e que estão em 25% nas mãos do governo de Merkel. O caso do Commerzbank é ilustrativo, pois o ano passado devolveu parte do resgate ao governo, 14.000 milhões de Euros, mas de que saco, senão apostando na economia de casino com informação privilegiada fornecida pelo  próprio governo?

Esta mudança paradigmática do novo capitalismo de casino: os resgates, e nacionalizações transformaram os governos alemão, norte-americano, britânico e suíço, em cobanqueiros que agora desculpam o prolongamento dos ataques especulativos porque necessitam que os bancos atrás referidos tenham benefícios rápidos e possam devolver o dinheiro injectado.

Além destes resgates, a Alemanha – que se opõe a que o BCE ajude a Espanha – oculta que o Deutsche Bank,  só em 2008, recebeu 20.000 milhões de Euros da Reserva Federal Norte americana (Fed), junto a  60.000 milhões para o Credit Suisse e UBS (Union des Banques Suisse) a juros de 0,01%.

"Adeus TAP"

segunda-feira, dezembro 17, 2012

A agonia da França

"Em Novembro, a decisão da Moody’s de cortar, em um nível, o rating da dívida soberana da França – que estava em AAA – fez com que um blogger gozasse com tendência das agências de "rating" tanto para entenderem as coisas de uma forma totalmente errada ou para aperceberem-se, de repente, da crise que há muito que está à frente dos seus olhos.
O blogger brincou dizendo que "se este reconhecimento por parte de uma agência de rating que a França tem problemas é um exemplo da primeira falha, a recuperação tem já de ter começado; se este é um exemplo de uma segunda falha, o país enfrenta uma situação muito difícil".
O governo do presidente francês, François Hollande, argumenta ter despertado para a ameaça. Numa entrevista recente, o ministro das Finanças, Pierre Moscovici, comparou as medidas que estão a ser tomadas para reduzir o peso da dívida do país e para restabelecer a competitividade à "revolução de Copérnico…porque estas escolhas não eram claras para o governo francês ou para um governo de centro-esquerda".
Como prova deste novo realismo, o governo tem vindo a dar a sua resposta com base num conjunto de recomendações políticas, elaboradas por um painel de especialistas liderados pelo gestor Louis Gallois, apresentadas duas semanas antes do corte de rating. A resposta é centrada num corte nos impostos sobre os salários, o que será compensado por cortes na despesa e por um aumento do imposto sobre o valor acrescentado.
Antes do corte de rating, um analista da Moody’s disse que a decisão da agência teria como base, em grande parte, a atenção dada pelo governo ao relatório de Gallois que pedia um "choque de competitividade" para a economia francesa. O corte de rating sugere, assim que a Moody’s considera que a resposta do governo é insuficiente.
De facto, este verídico negativo afecta pouco a difícil situação da França. O cenário total surge apenas depois de examinar-se as motivações por detrás da resposta inadequada do governo.
A explicação subjacente assenta na cultura e nos preconceitos da elite governativa da França, os apelidados "grands commis" formados pela Escola Nacional de Serviço Civil da qual Hollande – como praticamente todos os seus antecessores, excepto Nicolas Sarkozy – foi membro. Neste mundo de clausura, a prosperidade e uma sociedade justa exige uma economia dirigida pelo Estado.
Esta dedicação ao dirigismo gerou entre as elites no poder um sentimento de direito e de hostilidade em relação aos negócios. De facto, para os líderes políticos franceses, os negócios equivalem a zero numa competição para conseguir a mais elevada percentagem do total de valor acrescentado pelos proprietários e administrados, em deterimento do trabalho.
As críticas a esta abordagem anti-empresarial são frequentemente consideradas em França como a posição "ultra-liberal" contra o "modelo social" que a França adoptou. Mas o exemplo dos países escandinavos, que combina um Estado social generoso com política e tradições pró-empresariais, rejeita tais argumentos.
A principal diferença entre o falhanço do modelo francês e a abordagem escandinava bem-sucedida assenta não nos "resultados" (muitos serviços públicos em França, tais como o sistema nacional de saúde, continuam entre os melhores do mundo) do Estado Social, mas na forma como são financiados. O pacto social nos países da Escandinávia baseia-se no entendimento que os cidadãos têm de pagar impostos mais altos em troca de serviços públicos.
Enquanto a despesa pública na França – que ficou nos 56% do PIB em 2011 – está ao nível ou acima dos parâmetros da Escandinávia, as famílias francesas pagam impostos mais baixos no que se refere ao consumo e aos rendimentos pessoais. A diferença é colmatada através de uma mistura entre défice orçamental e impostos mais elevados sobre o emprego.
O endividamento persistente do governo e os elevados impostos sobre os salários (que empregador paga à segurança social) há muito que sustenta a ilusão dos cidadãos de que eles estão a ter alguma coisa por nada, enquanto a percepção errada dos governos é de que tributar os negócios é a forma menos dolorosa de financiar o Estado Social e os serviços públicos. Mas, é cada vez mais evidente que esta abordagem minou as finanças públicas e a competitividade – e as famílias acabam por sofrer as consequências. (De facto, o elevado desemprego crónico significa que isto vem sendo feito há vários anos). Agora, os cidadãos pagam impostos mais elevados e enfrentam cortes nos serviços públicos.
Os defensores do sistema francês especulam sobre as estatísticas dos custos do trabalho e dos seus esforços para provar que a França não é muito diferente dos seus principais parceiros comerciais. Mas os factos da última década – incluindo a perda de uma percentagem significativa de mercados de exportação e uma deterioração de 5% do PIB na balança da conta corrente – pintam um cenário diferente.
Além disso, esta linha de pensamento falha numa questão. A carga de impostos sobre os salários, juntamente com a arrogante regulação do mercado de trabalho, asfixia o empreendedorismo. Se o aumento de impostos de Hollande – sobre os rendimentos (incluindo uma taxa de imposto temporária de 75% sobre as famílias mais ricas do país), dividendos, mais-valias e activos – não for suficiente para deter os empreendedores, os custos para contratar trabalhadores e as dificuldades em despedir continuam a ser desincentivos poderosos.
Longe de significar uma mudança pró-empresarial, a resposta do governo de Hollande ao relatório de Gallois reflecte a mentalidade intervencionista e duradoura da elite francesa. Em vez de implementar cortes profundos e permanentes nos impostos sobre os salários que as empresas pagam, o governo vai dar as empresas um crédito de 20 mil milhões de euros no que diz respeito aos impostos sobre os rendimentos e durante os próximos dois anos. E, dado que as empresas são obrigadas a candidatar-se ao reembolso do dinheiro para o investimento e para a criação de emprego, o governo descreve a medida como cortes nos impostos sobre o trabalho o que vai impulsionar o emprego. Mas um intervalo temporário nos impostos não pode mudar os incentivos.
Além disso, as empresas não vão receber o dinheiro até 2014-2015, devido à complexidade da administração fiscal francesa. E, quando o receberem, o Estado não pode saber que reinvestir na mesma empresa vai ser mais benéfico do que, digamos, pagar os dividendos aos accionistas que podem utiliza-los para financiar um novo empreendimento.
Uma vez mais, os legisladores franceses estão a actuar com a convicção de que eles sabem mais do que os participantes de mercado. Além das promessas de redução da regulação sob o mercado de trabalho, todas as novas medidas resumem-se às autoridades direcionarem o dinheiro do Estado e os subsídios para as empresas e para os projectos que as autoridades escolham.
Por isso, a agonia do modelo económico francês continua. O que continua por saber é como é o fim vai chegar. E, se chegar na forma de um ataque do capital por parte dos detentores de dívida pública estrangeiros, ou por parte de uma greve interna dos trabalhadores com uma grande agitação social e política, os líderes franceses continuam completamente mal preparados para o inevitável. "

Brigitte Granville

domingo, dezembro 16, 2012

Dificuldades de aprendizagem

"É aborrecido que um forasteiro procure evangelizar os nativos, mas o chefe da missão local do FMI resumiu tudo numa frase: Portugal pode ter um grande Estado providência desde que consiga financiá-lo. Um truísmo? Teoricamente, sim. Na prática, não. Conforme todos os dias se constata, inúmeros portugueses acham vigorosa e, ao que parece, sinceramente que os direitos do assistencialismo não implicam o dever de o pagar - de alguma maneira, alguém, seja a divindade seja a "Europa", o fará por nós. Por manifesto azar, nem o Céu nem a Alemanha estão voltados para a generosidade, donde o actual fosso a separar as expectativas da realidade e a geral confusão que por aí vai.

Por um lado, os cidadãos ignoram ou fingem ignorar que aquilo que o Estado lhes "dá" é uma fracção daquilo que o Estado lhes retira. Por outro lado, os políticos convenceram-se ou fingiram convencer-se de que o Estado só poderá aumentar as "dádivas" se aumentar os gastos. Qualquer pessoa com um vestígio de lucidez perceberia o carácter alucinado destes pressupostos. Infelizmente, a lucidez ganhou aqui escassos adeptos, pelo que o sr. Abebe Selassie arrisca-se a assemelhar-se ao professor que explica física quântica a alunos modestos em aritmética básica. No caso presente, os "alunos" não dominam literalmente a aritmética e, perante a impossibilidade de dois mais dois serem cinco, insistem em corrigir as parcelas e não a soma.

Exagero? Quem dera. Ainda esta semana, a ex-secretária de Estado dos Transportes Ana Paula Vitorino declarou que a suspensão do TGV representou "um profundo retrocesso" para a economia. Dado que a dra. Ana Paula não é famosa pelos dotes de comediante, presume-se que falasse a sério. E a sério falam resmas de socialistas, comunistas e até governantes em funções quando lamentam a recente dificuldade em torrar o dinheiro que não possuímos. O pobre sr. Selassie anda a tentar ensinar-nos em meses aquilo que séculos de História não consegui- ram. Como os estrangeiros, aliás, já deviam ter aprendido, Portugal não aprende."

Alberto Fernandes

sábado, dezembro 15, 2012

Temos um Presidente da República ou não temos regime?

O Senhor Silva, como Pilatos lava mais uma vez as mãos e promulga o Orçamento, enviando para fiscalização, (preventiva será o termo?), pelo Tribunal Constitucional.
Pilatos não faria melhor, afinal, isso não é um assunto meu, é um assunto vosso, povo subjugado por Roma!
Portanto atira com o odioso da questão para o Tribunal Constitucional, Passos se a coisa correr mal, não se enforcará como Judas, sairá apontando o dedo à Constituição e ao Tribunal para um cargo que Merkel já lhe arranjou dos muitos que há por essa Europa em decomposição.
Cavaco, mais uma vez será culpado do arrastar de uma crise, depois de ter sido eleito, por não demitir um PM que deveria ser julgado por actos contra a Soberania e por gestão danosa do Estado.
Afinal o medo e a meaça de crises é uma forma de terrorismo de estado.
Roma de facto não paga a traidores e há muitos por aí, mas Roma neste caso está em decadência e há muito que numa reprise da crise subprime, provocadas pela especulação financeira contra as dívidas soberanas pelos 6 megabancos americanos e os 6 megabancos europeus, controlados em Londres e em N. Y., continuam a destruir os estados do sul, para tapar os buracos dos grandes bancos americanos e europeus falidos.
Os estados do Norte estão de facto em guerra com os estados do Sul da Europa.
Marcelo é um língua de víbora nunca deixou de ser, ouvir ao contrário é interessante para perceber aquela engrenagem de cérebro.

quinta-feira, dezembro 13, 2012

O silêncio do "Grande Cassandra"

"O "Grande Cassandra" tem andado mais recatado. Há um ano previa que a Grécia – seguida de Portugal, que dizia então ser já um "caso perdido" – sairia do euro no prazo de 12 a 18 meses, forçada ou idealmente pelo próprio pé.

Em Maio, depois das primeiras eleições gregas e de ter errado na previsão de que o Syriza sairia vencedor, reafirmava que esse desfecho era uma mera questão de tempo – e de pouco tempo. Em Julho, após as segundas eleições em Atenas e segunda previsão eleitoral furada, ajustou ele o seu tempo: algures em 2013 a coisa vai acabar por acontecer, no meio de uma "tempestade perfeita" que abalará toda a economia mundial e ditará o princípio do fim do euro. Há uma semana, mudou de registo. Afinal talvez seja possível manter a Grécia no euro, mas "é preciso uma união de transferências, porque vai levar dez a 20 anos para concluir a austeridade e as reformas para estabilizar a Grécia, pelo que vai ser necessário dar mais dinheiro e ser paciente".

Nouriel Roubini até poderá um dia acertar no resultado. Mas o euro, com todos os seus 17 países a bordo, é o grande sobrevivente de 2012. Não ganhou o futuro, mas ganhou aos profetas que o condenavam a ser só passado.

Infelizmente a crise da Zona Euro não ficou para trás, como disse acreditar, com exagerado voluntarismo, François Hollande. Mas não deixa de ter significado que seja essa a pergunta cada vez mais recorrente e subjacente, em vez do "quando e como" nos será lido o último capítulo da morte do euro e da Europa.

Haverá espaço para respirar. Só para respirar. "As uniões económicas e monetárias podem existir com diferentes graus de integração (…) mas em todas elas existem importantes mecanismos automáticos que compensam as flutuações na actividade económica. (…) A escala do desemprego exige que, ao nível comunitário, se encontrem formas de providenciar assistência neste domínio. (…) Um sistema comunitário de subsídios de desemprego pode ser um instrumento eficaz. Terá efeitos benéficos sobre a economia e a sociedade como um todo (…) e será um passo decisivo para provar às opiniões públicas que a solidariedade comunitária é real". Tudo isto consta de um relatório encomendado pela Comissão Europeia a um grupo de economistas no longínquo ano de 1974, quando ainda não havia euro (nem ECU), a Comunidade resumia-se a nove países e a Europa tremia com os choques petrolíferos, que incendiaram mais a inflação do que o desemprego (pelo menos, o que era estatisticamente capturado: os economistas levavam então as mãos à cabeça com 8% na recém-chegada Irlanda...)

Quatro décadas depois, o mesmo problema, com uma dimensão (no mínimo, estatística) imensamente agravada, está aqui – não em perspectiva, mas instalado no nosso tempo. Já não se trata de prevenir o que pode ser pior, mas de resolver o que deixou de ser tolerável e ameaça destruir o que se fez em tantas décadas. Com sorte, hoje, na cimeira em Bruxelas, serão dados os primeiros passos para resolver o que já era urgente há 40 anos. "

Eva Gaspar

quarta-feira, dezembro 12, 2012

Sem perdão

Sem perdão

Os números da corrupção são demolidores para Portugal. Os mais recentes, de há dias, resultado duma análise internacional e independente, relegam-nos para o 33º lugar dos países desenvolvidos.
 
Em termos europeus, só surgem atrás de nós a Itália – cuja política ainda é muito influenciada pela Máfia – a Grécia, com uma administração pública desestruturada e alguns países de Leste. Mas o problema maior é a tendência: Portugal desceu, no ranking, de 23º em 2000, para 32º em 2010. Uma década negra em termos de crescimento da corrupção.
 
A opinião pública portuguesa também já se deu conta desta realidade. Oitenta e três por cento dos cidadãos acham que a corrupção aumentou nos últimos três anos e apontam como entidades mais corruptas o Parlamento e os partidos, justamente aquelas cuja missão deveria ser a de lutar contra o flagelo.
 
E enquanto o País atrofia por causa da corrupção – uma vez que esta constitui a principal causa da crise em que nos sitiaram – os corruptos continuam impunes. Isaltino Morais, apesar de condenado em todas as instâncias, continua em liberdade. Usa as artimanhas da lei, recorre de todas as decisões, na esperança de protelar os seus processos até a uma prescrição que o amnistie. Duarte Lima e Oliveira e Costa, ambos ligados ao BPN, beneficiam duma prisão domiciliária nas suas luxuosas mansões. Ainda por cima, enquanto os processos correm, têm a polícia à porta, que assim protege o seu património. Domingos Névoa, condenado no caso Bragaparques, também ele continua e continuará em liberdade. E muitos outros… Entre acusados, condenados e absolvidos, todos comerão tranquilamente as suas rabanadas neste Natal.
Enquanto isso, sofrem as vítimas da corrupção, os cerca de milhão e quatrocentos mil portugueses em situação de desemprego e subemprego, aqueles cujos parcos rendimentos já não chegam para comprar comida... todos quantos são fustigados com iníquas medidas de austeridade.
 
A classe política dirigente, que é complacente com os corruptos, mas não hesita em martirizar as vítimas da corrupção, não merece qualquer perdão.
Paulo Morais, Professor universitário

segunda-feira, dezembro 10, 2012

Afinal, o Goldman Sachs manda no mundo?

"Coloca ex-funcionários nos lugares de topo que decidem o rumo da economia global, o que leva muitos a dizerem que domina o mundo.
"Sou um banqueiro a fazer o trabalho de Deus". É a forma como o presidente do maior banco de investimento do mundo vê a sua missão no comando do Goldman Sachs. Mas na opinião de um número cada vez maior de pessoas, o "trabalho de Deus" do Goldman Sachs é a encarnação do lado negro da força em Wall Street. E há até quem defenda que é este banco que manda no mundo e não os governos.
"Eu concordo com a tese de que os bancos, e especialmente o Goldman Sachs, se tornaram demasiado poderosos na medida em que influenciam a nossa política, a nossa economia e a nossa cultura", referiu o autor de "Money & Power: How Goldman Sachs Came to Rule the World", William D. Cohan, ao Outlook. E o poder do Goldman Sachs nos centros de decisão política até lhe valeu a alcunha, dada por banqueiros concorrentes , de Government Sachs. O banco liderado por Lloyd Blankfein conta com um exército de antigos funcionários em alguns dos cargos políticos e económicos mais sensíveis no mundo. E o inverso também acontece, o recrutamento de colaboradores que já desempenharam cargos de decisão.
"Não há dúvida que Wall Street tem uma força cada vez mais poderosa no governo americano. Não são apenas os milhões que vão para os bolsos de políticos atrás de políticos para ajudá-los a ganhar as eleições, mas os banqueiros de Wall Street são frequentemente escolhidos para posições de poder na Casa Branca, no Tesouro, na SEC [regulador dos mercados financeiros] e noutros reguladores", observa William D. Cohan, que passou 16 anos a trabalhar na banca de investimento antes de se dedicar ao jornalismo de investigação.
O banco reconhece no seu site que os antigos colaboradores contribuíram para a rica história e tradição da empresa e "orgulhamo-nos de muitos continuarem activamente ligados. Isto não ajuda apenas a validar a nossa cultura mas também a fornecer um valor real e tangível que transcende uma geração". E não é só nos EUA que ex-Goldmans dão o salto para altos cargos políticos e económicos. Um dos exemplos é o futuro presidente do Banco Central Europeu, Mario Draghi, que desempenhou o cargo de director-geral do Goldman International entre 2002 e 2005, levando-o mesmo a ser questionado no Parlamento Europeu sobre as ligações do banco de investimento à Grécia.
Duas crises de proporções épicas, duas epopeias de escândalos
O mundo enfrentou duas das maiores crises das últimas décadas em quatro anos. E, tanto na crise financeira de 2008 como na tragédia grega, o Goldman Sachs foi alvo de acusações de actuações menos correctas.
Começando por Atenas, o Goldman Sachs ajudou, a partir de 2002, a Grécia a encobrir os reais números do défice, através de ‘swaps' cambiais com taxas de câmbio fictícias, o que na prática permitiu a Atenas aumentar a sua dívida sem reportar esses valores a Bruxelas. Segundo o "Der Spiegel", o banco cobrou uma elevada comissão para fazer esta engenharia financeira e, em 2005, vendeu os ‘swaps' a um banco grego, protegendo-se assim de um eventual incumprimento por parte de Atenas. No início de 2010, os analistas do Goldman recomendaram aos seus clientes a apostar em ‘credit-default swaps' sobre dívida de bancos gregos, portugueses e espanhóis. Os CDS são instrumentos que permitem ganhar dinheiro com o agravamento das condições financeiras de determinado país. "É um escândalo se os mesmos bancos que nos trouxeram para a beira do abismo ajudaram a falsear as estatísticas", referiu a chanceler alemã Angela Merkel.
As autoridades europeias e a SEC abriram investigações ao logro das contas gregas, mas isso não impediu que Petros Christodoulou, um antigo empregado na divisão de derivados do Goldman, assumisse em Fevereiro de 2010 o cargo de director da entidade que gere a dívida pública grega. Além disso, o Goldman tem ajudado o Fundo Europeu de Estabilização Financeira a colocar dívida para financiar Portugal, Irlanda ao abrigo do programa de assistência financeira. O FEEF justifica a escolha com o alcance global do banco. Além do Goldman, também o BNP Paribas e o Royal Bank of Scotland costumam ser escolhidos para liderar estas operações.
O escândalo grego levou alguns deputados europeus a questionarem o futuro presidente do BCE sobre a sua independência para assumir o cargo. Queriam saber se teve conhecimento das operações feitas com a Grécia e se o cargo no Goldman não poderia afectar a percepção sobre a sua integridade para substituir Trichet. Draghi negou as ligações aos negócios com Atenas e defendeu o seu registo em alertar para os riscos que o sector financeiro estava a tomar.
Manifestações à porta do Goldman apesar de ameaça de prejuízos
Mas é nos EUA que há mais sinais de raiva contra o Goldman Sachs. Esta semana, o movimento dos "Ocupas" de Wall Street manifestou-se à frente do banco. A fúria contra o banco deve-se à actuação do Goldman durante a crise financeira. O banco chegou mesmo a ser condenado por fraude pela SEC por estar a apostar contra instrumentos ligados ao mercado imobiliário, ao mesmo tempo que vendia esses mesmos instrumentos aos seus clientes. Além disso, recorreu a fundos públicos e foi acusado de ser beneficiado com o resgate da AIG, coordenado pelo Tesouro dos EUA, liderado na altura por um antigo presidente do Goldman. "Os banqueiros e ‘traders' de Wall Street foram recompensados por tomarem riscos elevados com o dinheiro de outras pessoas. Como consequência, os bancos foram salvos e os banqueiros receberam os seus bónus de milhões de dólares. É difícil de acreditar que foram recompensados pelo seu falhanço, mas foi o que aconteceu", defende William D. Cohan.
Uma das respostas aos que acusam o Goldman de dominar o mundo financeiro é que, afinal, o banco também sofre com a crise. Os analistas de mercado esperam que o banco tenha registado o segundo prejuízo trimestral da sua história entre Julho e Setembro. Isto depois de ter lucrado mais de mil milhões de dólares no segundo trimestre. Em 2010 e 2009, conseguiu receitas de 39,2 mil milhões de dólares e de 45,2 mil milhões de dólares, respectivamente. Mais de 35% destes valores foram utilizados para pagar bónus aos seus empregados. O salário e bónus do presidente do banco, Lloyd Blankfein, situou-se em 13,2 milhões de dólares no ano passado.
O homem que denunciou o Goldman em directo
Alessio Rastani, um ‘trader' em ‘part-time', defendeu em directo na BBC que não eram os governos que mandavam no mundo, mas sim o Goldman Sachs. Rui Barroso.
Alessio Rastani transformou-se num fenómeno. O ‘trader' em ‘part-time' surpreendeu tudo e todos numa entrevista à BBC. Além de vários cenários catastrofistas sobre a crise, Rastani defendeu que "este não é o momento para pensar que os governos irão resolver as coisas. Os governos não mandam no mundo, o Goldman Sachs manda no mundo". Bastaram pouco mais de três minutos para tornar Rastani num fenómeno na Internet. O vídeo tornou-se viral e levantou a controvérsia sobre o poder que o banco liderado por Lloyd Blankfein tem na economia e na política. Isto apesar de haver quem defendesse que Rastani estaria apenas a pregar uma partida à BBC e que pertencesse a um grupo satírico chamado Yes Men. O próprio ‘trader' refutou esta tese, apesar de reconhecer que gosta mais de falar do que de fazer negociação em bolsa, algo que vê apenas como um ‘hobbie'.
Esta semana, numa entrevista ao "Huffington Post", Rastani teceu uma série de ideias sobre o papel do Goldman no mundo. E diz que as teorias da conspiração que aparecem sobre o banco não são uma coincidência.
"Os governos dependem dos bancos, os bancos dependem dos governos. A relação é tão cinzenta e quem controla quem? Quem é o marionetista e quem é a marioneta? As pessoas podem ter as suas ideias sobre isto. Eu apenas expressei a minha perspectiva", disse.
Rastani não é o primeiro a atacar o papel do Goldman no mundo. Em Abril de 2010, um jornalista da "Rolling Stone" escreveu um artigo que se tornou famoso, tanto para os contestatários ao banco como para os que defendem o Goldman e utilizam a caracterização feita pelo repórter para ironizar com os detractores do banco. Matt Taibbi descreveu o Goldman como um "grande vampiro" que se alimenta da humanidade, com um apetite sanguinário implacável por tudo o que envolva dinheiro.
Do Goldman para o poder
O Goldman Sachs é uma escola que permite a muitos economistas e gestores atingir cargos de poder um pouco por todo o mundo.
Hank Paulson, antigo secretário de Estado do Tesouro dos EUA
Saiu da liderança do Goldman Sachs para ser secretário de Estado do Tesouro durante a administração Bush. Paulson delineou o programa de ajuda à banca durante a crise financeira de 2008, que também resgatou o Goldman.
Mario Draghi, futuro presidente do BCE
O futuro presidente do BCE, Mario Draghi, foi director-geral da Goldman Sachs International entre 2002 e 2005. A ligação levou-o a enfrentar perguntas dos eurodeputados sobre se esteve envolvido na ocultação do défice grego.
Mark Carney, governador do Banco Central do Canadá
O actual governador do banco central do Canadá passou 30 anos no Goldman.Foi responsável pelas áreas relacionadas com risco soberana e foi o homem com a tarefa de delinear a estratégia do banco durante a crise russa de 1998.
Romano Prodi, antigo presidente da comissão europeia
O antigo presidente da Comissão e ex-primeiro-ministro italiano esteve no Goldman nos anos 90. A ligação valeu-lhe críticas da Oposição quando rebentou um escândalo a envolver o Goldman e uma empresa italiana.
Robert Zoellick, presidente do Banco Mundial
O actual presidente do Banco Mundial foi director-geral do Goldman.Antes de se juntar ao banco tinha trabalhado no Departamento do Tesouro norte-americano. Lidera o Banco Mundial desde Julho de 2007.
Robert Rubin, antigo Secretário de Estado do Tesouro dos EUA
Robert Rubin teve cargos de topo na administração do Goldman. Após 26 anos no banco foi escolhido por Bill Clinton como secretário de Estado do Tesouro. Após passar pelo Governo, trabalhou no Citigroup.
Ducan Niederauer, presidente da NYSE Euronext
O presidente da NYSE Euronext, Duncan Niederauer, que detém as bolsas de Nova Iorque e de Paris, Bruxelas, Amesterdão e Lisboa, foi responsável do Goldman pela área da execução de ordens dadas sobre títulos financeiros.
Mark Patterson, Chefe de Staff do Tesouro dos EUA
Mark Patterson é o chefe de gabinete do actual secretário do Tesouro dos EUA, Timothy Geithner. Antes de se juntar ao governo estava registado como lóbista, intercedendo para defender os interesses do Goldman.
António Borges, ex-director do Departamento Europeu do FMI
O economista foi vice-presidente e director-geral do Goldman entre 2000 e 2008. Após sair do banco foi da associação que delineia a regulação dos ‘hedge funds'. Em Outubro de 2010, foi nomeado director do FMI para a Europa.
Carlos Moedas, Secretário de Estado adjunto do Primeiro Ministro
Após acabar o MBA em Harvard, no ano 2000, o actual responsável pelo acompanhamento do programa da ‘troika' foi trabalhar para a divisão europeia de fusões e aquisições do Goldman Sachs. Saiu do banco em 2004.
António Horta Osório, presidente do Lloyds Bank
O primeiro emprego de Horta Osório após terminar o MBA no Insead foi no Goldman, centrando-se na área de ‘corporate finance'. Actualmente é presidente do banco britânico Lloyds depois de ter estado no Santander"

Rui Barroso

domingo, dezembro 09, 2012

Goldman Sachs - La banque qui dirige le monde

O banco que dirige o mundo

Passou na RTP2 na noite de sexta feira 7-12 2012, não consegui postar o artigo com tradução em português.
Tudo está lá, claro como a límpida água de rocha, quem provocou a crise suprime e derrubou o banco que faliu no "início" da crise subprime, do homem que se tornou Secretário do Tesouro Norte Americano, na manipulação das contas gregas feita por homens do Goldman, no ataque posterior aos Estados Europeus com a conivência de políticos e banqueiros, Mário Draghi, Mário Monti, a família grega, António Borges o ministro não empossado, não fala em Moedas, mas está cá e manda mais que o 33 RPM, fala de facto que os resgates e os ajustes são pagos pelos povos, o Estado americano e a SEC está infiltrada, já não têm vergonha, são o governo mundial, para quem pensa que a democracia existe desengane-se...

sábado, dezembro 08, 2012

Advertência alemã

"A frase do antigo presidente do Vitória de Guimarães Pimenta Machado, que dizia que no futebol o que hoje é verdade, amanhã é mentira, também se aplica à política e à alta finança.

Basta ver o que aconteceu a Vítor Gaspar, que no Parlamento disse que Portugal e a Irlanda, de acordo com o princípio da igualdade, também seriam beneficiados pela suavização das condições do empréstimo à Grécia. A 3 de Dezembro, ainda não tinha passado uma semana sobre tão promissora declaração, e Gaspar teve de se auto-desmentir com uma declaração que o define: "A simplificação excessiva de assuntos complexos conduz, inevitavelmente, a mal-entendidos". O que se passou entre os dois momentos: uma advertência do ministro das Finanças alemão.

Para o Governo alemão, a 10 meses das eleições, o pior que podia acontecer era o ruído causado por um bónus à dívida portuguesa e irlandesa. Mas como é que se explica aos portugueses que estão a fazer sacrifícios para não serem como a Grécia, se os gregos pagam menos juros? Qual é a vantagem em cumprir?

O ano 2013 será o 4.º de recessão. Com o PIB a baixar, o défice a persistir, a dívida estratosférica, a diferença entre Portugal e a Grécia, é de apenas 2 anos de recessão."

 Armando Esteves Pereira

sexta-feira, dezembro 07, 2012

O centrão, a maçonaria e a destruição do Estado e da Pátria

A culpa é do polvo

A ideia de que os portugueses são responsáveis pela crise, porque andaram a viver acima das suas possibilidades, é um enorme embuste. Esta mentira só é ultrapassada por uma outra. A de que não há alternativa à austeridade, apresentada como um castigo justo, face a hábitos de consumo exagerados. Colossais fraudes. Nem os portugueses merecem castigo, nem a austeridade é inevitável.
Quem viveu muito acima das suas possibilidades nas últimas décadas foi a classe política e os muitos que se alimentaram da enorme manjedoura que é o orçamento do estado. A administração central e local enxameou-se de milhares de "boys", criaram-se institutos inúteis, fundações fraudulentas e empresas municipais fantasma. A este regabofe juntou-se uma epidemia fatal que é a corrupção. Os exemplos sucederam-se. A Expo 98 transformou uma zona degradada numa nova cidade, gerou mais-valias urbanísticas milionárias, mas no final deu prejuízo. Foi ainda o Euro 2004, e a compra dos submarinos, com pagamento de luvas e corrupção provada, mas só na Alemanha. E foram as vigarices de Isaltino Morais, que nunca mais é preso. A que se juntam os casos de Duarte Lima, do BPN e do BPP, as parcerias público-privadas e mais um rol interminável de crimes que depauperaram o erário público. Todos estes negócios e privilégios concedidos a um polvo que, com os seus tentáculos, se alimenta do dinheiro do povo têm responsáveis conhecidos. E têm como consequência os sacrifícios por que hoje passamos.
Enquanto isto, os portugueses têm vivido muito abaixo do nível médio do europeu, não acima das suas possibilidades. Não devemos pois, enquanto povo, ter remorsos pelo estado das contas públicas. Devemos antes sentir raiva e exigir a eliminação dos privilégios que nos arruínam. Há que renegociar as parcerias público--privadas, rever os juros da dívida pública, extinguir organismos... Restaure-se um mínimo de seriedade e poupar-se-ão milhões. Sem penalizar os cidadãos.
Não é, assim, culpando e castigando o povo pelos erros da sua classe política que se resolve a crise. Resolve-se combatendo as suas causas, o regabofe e a corrupção. Esta sim, é a única alternativa séria à austeridade a que nos querem condenar e ao assalto fiscal que se anuncia.
Paulo Morais, Professor universitário

Reporter TVI - Dinheiros públicos, vícios privados.


quinta-feira, dezembro 06, 2012

Hora de acordar

"Começando pelo óbvio: se Portugal beneficiasse das mesmas condições concedidas à Grécia para pagar o seu empréstimo, isso traria benefícios à moribunda economia lusitana.

No adiamento dos pagamentos, com certeza. Mas também na diminuição (moderada) da sua dívida e da sua despesa pública com juros. Isto, e só isto, já devia bastar para que Passos Coelho exigisse igualdade de tratamento junto dos parceiros europeus.

Infelizmente, os parceiros europeus não estão dispostos a perder dinheiro, por residual que seja, com Lisboa. O que significa que, em 72 horas, o governo deu piruetas sobre piruetas para negar o que tinha afirmado e para afirmar o que tinha negado.

Como espectáculo, não se recomenda. Como estratégia política, está a um passo do suicídio. Acorde, dr. Passos: Portugal, de facto, pode não ser a Grécia. Mas também não é a Alemanha nem se confunde com os interesses económicos (e eleitorais) de Berlim."

João Pereira Coutinho

quarta-feira, dezembro 05, 2012

O que será necessário para acreditar que o homem é um desastre? Um desastre com pernas e um papagaio a mandar no sítio...

Troika: Ministro desvaloriza extensão de condições da Grécia

Vítor Gaspar muda de opinião

O ministro das Finanças afastou a possibilidade de Portugal beneficiar de algumas das condições de empréstimo concedidas à Grécia, ao contrário do que tinha defendido recentemente no Parlamento. Vítor Gaspar garante que o Governo "está confiante" que Portugal será capaz de cumprir 5% de défice em 2012.
 
A fé do homem no cumprimento do défice leva a pensar em avaliação psiquiátrica, no caso forense para saber se é inimputável no caso de desastre, claro que acompanhado pelo chefe, ex jota e ex empresário tardio.

Uma vitória de Merkel é uma vitória para a Alemanha?

Merkel reeleita com 98% dos votos no congresso do seu partido

Foi com um tom combativo que a chanceler alemã, Angela Merkel, se dirigiu ao seu partido no último congresso antes das eleições do próximo ano na Alemanha. Obteve oito minutos de aplausos e foi reeleita líder da CDU com 97,9% dos votos dos delegados reunidos em Hanôver, uma percentagem recorde.m 98% dos votos no congresso do seu partido.

A chanceler não conseguiu, no entanto, atingir a maior percentagem de um líder da CDU: em 1990, Helmut Kohl obteve 98,5% dos votos.
 
E, apesar do tom de sucesso, a chanceler alertou para o perigo de “complacência”, já que a crise não chegou ainda ao fim, a classificou estes tempos como “turbulentos”. “Vou dizê-lo claramente: temos de ter cuidado. Esta crise não será resolvida do dia para a noite, porque não começou do dia para a noite”.
No discurso de Merkel ainda houve espaço para um ataque aos seus adversários mais directos do Partido Social-Democrata (SPD): “Com um aumento no imposto sobre o rendimento e a introdução de um imposto sobre a riqueza, o programa dos sociais-democratas é um programa que põe em risco a classe média”, cita a emissora Deutsche Welle.
 
Uma percentagem recorde?
Helmut Kohl era um Chanceler, esta é uma marionete nas mão do sistema bancário e irá arrrumar com a Alemanha, são estes os ditames dos seus patrões do outro lado da Atlântico.
Muito interessante as críticas ao SPD, comparando com o que exigem aos países do sul.
De facto o que provocou a crise foram o sistema bancário e será o sistema bancário e os mercados que irão destruir o Euro e a UE.
A Alemanha não cresce e no ano que vem irá entrar em crescimento 0.
Portugal de facto não é a Grécia, porque está pior que a Grécia desde o início em que foi decretado que este país estava em crise e irá falir com as medidas anunciadas para o ano, já com os sinais de não cumprimento do défice e a destruição da classe média que a Senhora Chancelerina não quer no seu país, mas lá chegará.
Também o sistema de supervisão bancária não funcionou na Alemanha quando se iniciou a crise subprime e os bancos alemães também têm lixos tóxicos, claro que iremos verificar isso, quando formos de facto um país de proletários, transformados em lumpen, porque sem trabalho e sem fábricas não há proletários, apenas pobres e "lumpen".
O Congresso do PCP foi um velório e uma demonstração de que estas ideologias são de facto religiões, tendo sido canonizado um dos seus santos e onde a liturgia continua igual, de facto a "coerência" não pode esconder que no PCP como nos outros partidos há nepotismo de partido e de cartão e há corrupção nas câmaras que por eles são governadas, nada de novo ou diferente, apenas na linguagem.
Na Alemanha também há corrupção, ainda não chegaram à degradação completa do poder judicial, mas lá chegarão... o poder financeiro corromperá o que resta...

terça-feira, dezembro 04, 2012

Novo Portugal

1/ "86% da receita de IRS vem dos dois últimos escalões (mais aqui)"

2/ "Precários e desempregados já são a maioria da força de trabalho (mais aqui)"

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Liquidar sem apelo nem agravo...

1/ "Transportes aumentam cerca de 1% em 2013 (mais aqui)"

2/ "Portagens nas autoestradas vão subir 2,03% em 2013 (mais aqui)"

3/ "Aumentos do gás e luz para 2013 conhecidos hoje (mais aqui)"

4/ "Governo aumenta impostos e congela salários e pensões (mais aqui)"

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Nim..

1/ "Gaspar: Portugal e Irlanda vão ter igualdade de tratamento face à Grécia (mais aqui)"


2/ "Portugal não quer tratamento igual ao da Grécia, diz Passos Coelho (mais aqui)"


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segunda-feira, dezembro 03, 2012

Carlos Moreno explica o que vai acontecer a Portugal a partir de Janeiro

domingo, dezembro 02, 2012

Jogar às cartas

"Já é mau que o Governo tenha, ao que parece deliberadamente, falhado cada uma das promessas prévias. Da garantia de que não subiria os impostos à jura de que reformaria o Estado, tudo saiu às avessas: a carga fiscal seria engraçada se não fosse trágica e o Estado, esse, continua inchado, paternal e corporativo como é hábito. Amanhado à pressa e sob pressão, o Orçamento para 2012 ainda carregava o benefício da dúvida. O Orçamento de 2013 não permite dúvidas nenhumas: os senhores que mandam nisto dedicam-se à gestão corrente e não estão para radicalismos. Os salários podem cair, os empregos podem desaparecer, a economia pode estagnar e o crescente IRS é sustentado pelos do costume, mas a coisa pública não pode sofrer uma mísera beliscadela, excepto, claro, os anúncios das beliscadelas que nunca chegam ou nada mudam.

Porém, até o socialismo mal dissimulado da coligação no poder seria quase suportável se existisse o reconhecimento geral de que a dita coligação é, na essência, socialista. O pior é que não existe. Pelo contrário, o consenso geral é o de que temos um Governo liberal. Ou "neoliberal". Ou "ultraliberal". Ou os prefixos da preferência dos ingénuos, dos maluquinhos ou dos vigaristas de serviço.

Ou dos 80 signatários de uma carta aberta de Mário Soares a pedir a demissão do Governo. Dadas as "personalidades" em causa, o tradicional bando que integra Ferro Rodrigues, Carvalho da Silva, Siza Vieira e a viúva de Saramago, não espanta a concepção peculiar de democracia que a carta revela, um regime onde esclarecidos autodesignados corrigem os resultados eleitorais que a populaça, na sua ignorância, teima em produzir. Nem espanta que o argumento das promessas quebradas implicasse, por coerência retroactiva, a ilegitimidade de todos os governos anteriores (incluindo os liderados pelo dr. Soares).

Espantoso é o conteúdo do sermão, que sem vestígio de ironia refere a "capitulação perante a lógica neo-liberal dos mercados". A sério? Engraçado. Julgava que a única capitulação evidente foi justamente a que submeteu o Governo à lógica concentracionária do Estado, e que a preservação deste a qualquer custo é o mote que inspira o dr. Passos Coelho ou aqueles que nos apascentam por seu intermédio.

O programa eleitoral do PSD exibia de facto uns palpites liberais que a prática renega violentamente, notória fraude que a extrema-esquerda a que o dr. Soares desceu invoca para justificar a interrupção do mandato. Ou a extrema-esquerda desatou a sonhar com o liberalismo ou faria melhor em festejar a fraude que, com ligeiras nuances, protela a sobrevivência do sistema que defende. Em vez disso, os senhores da carta fingem-se zangados. Zangados deveriam estar os liberais. E os cinco ou seis que cabem em Portugal andam furiosos."

Alberto Gonçalves

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