quinta-feira, julho 15, 2004

O "exercício" de Pacheco Pereira.


Nos tempos que correm, praticamente toda totalidade dos políticos é “comerciante”. Tal ficou patente no aviso de Pinto Balsemão e nas votações contra Santana Lopes, raros são os que têm formação política. Com o efeito, essa gente raçuda em vias de extinção, prefere abandonar a política, abrindo o caminho à nova geração de políticos “comerciantes”, do que queimar o seu nome na “caldeirada”.

Efectivamente o político “comerciante”, filho do caciquismo e refém do clientismo, ao demostrar um total desprezo pelos compromissos pessoais e pelos eleitores, vivendo da venda da sua imagem, , criando laços com a justiça, e demonstrando total inépcia de acção para além da mera retórica, dificilmente consegue sobreviver sem o populismo.

O populismo que cresce quando a democracia representativa funciona mal e frustra os cidadãos, pode ser definido como a política do "vão-se os anéis, ficam-se os dedos", ou seja, faz-se algumas concessões ao povo e aos aliados, mas mantém-se o poder.

Como o "populismo é uma técnica de ganhar votos que explora as debilidades emocionais, as limitações intelectuais e a ignorância do eleitor”, ela encontra eco no Portugal profundo, que é enorme.

Pacheco Pereira é um raros políticos ainda no activo, que procura remar contra a maré “comercial”. O seu exercício de convencer os “comerciantes” a montar a suas banca aonde as possibilidades de lucro são diminutas, afigura-se utópico mas é de louvar, porque demonstra que ainda há quem se guie por convicções.

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