segunda-feira, agosto 01, 2005

PORTUGAL TERÁ FORÇAS ARMADAS CREDÍVEIS?

O que se passa relativamete ao planeamento de compras e operação, bem como utilização dos recursos humanos das Forças Armadas (FA's) portuguesas, é que tudo passa por uma questão de escolhas e de opções estratégicas e não tácticas.

Como já escrevi no passado, em termos de FA's, navega-se à vista, ao sabor das circunstâncias do momento e das capacidades orçamentais.

Não se sabe o que se quer nem para onde se vai.

Um pouco, o que se passa em outras áreas da governação.

Sem capacidade de detecção e capacidade de defesa anti-aérea, ter 20, 40 ou mesmo 60 caças F-16 ou outros caças no futuro, é irrelevante, porque Portugal não tem simplesmente capacidade dissuasória.

Não há capacidade de defesa anti-aérea, capacidade de detecção de aproximação de aeronaves inimigas, etc.

Aposta-se agora na qualidade em detrimento da quantidade, mas como o dinheiro não chega para uma coisa nem para outra, nem a qualidade será verdadeiramente atingida, se exceptuarmos programas pontuais, como o dos helicópteros pesados EH-101 para a FAP, ou nu futuro, das armas ligeiras para os 3 ramos das FA's.

Ou a incógnita súbita sobre o futuro do concurso para os novos blindados para o Exército que substituirão os vetustos Chaimite

Por isso, a sua maior defesa é estar integrado em alianças defensivas, estar bem integrado no concerto das nações.

Mas independentemente disso, coisa que outros países europeus também cumprem, Portugal deveria uma ter verdadeira capacidade defensiva e dissuasória.

E por dissuasão, compreendo capacidade ofensiva que baste para dissuadir um ataque.

Um pouco o que a Espanha vai fazendo a pretexto do "perigo muçulmano"

Quanto aos tipos de armamentos e sistemas, deixaria essa discussão mais técnica para os colegas mas de facto, e como escrevi muitas vezes no passado, um país cujo CEDN definiu o território como de Trás os Montes às Flores e do Minho às Selvagens, ter 20 ou 40 caças F-16, sem capacidade de reabastecimento em voo, ter brevemente 5 fragatas e 2 submarinos é mais que ridiculamente pouco para atingir esse patamar mínimo de dissuasão e capacidade de assegurar a soberania do território português no seu todo.

Ora como os colegas sabem, eu penso que apesar de se dever valorizar a qualidade, para mim a quantidade não deve ser um factor intrinsecamente desprezível.

Portugal e o seu território é um país à mercê de todos os outros, e isso reflectiu-se aquando das tentativas espanholas para ficarem com o comando regional da NATO em Madrid, argumentado com a fraquíssima capacidade portuguesa para vigiar e proteger o flanco sudoeste da Aliança.

Reflecte-se na fraca capacidade negocial em Bruxelas quando se trata de defender os interesses dos mares lusos, e da frota pesqueira.

Reflecte-se na fraca capacidade negocial com Espanha quando se trata de partilhar os recursos aquíferos dos rios internacionais, em anos de seca.

Portugal não tem capacidade de projecção, nem capacidade de combate significativa, e o mais trágico, essas capacidades não se perspectivam para o médio/longo prazo.

Isso é resultado de 30 anos de desinvestimento, e sobretudo de falta de visão estratégica para pensar a prazo, e mais importante, planificar, e cumprir o que se programa.

Para que serve uma LPM, que ao ser revista periodicamente sofre depois cativações drásticas, ou um CEDN que não se encaixa nos planos de aquisições das FA's?

Divulgue o seu blog!