A diferença entre fraco e forte crescimento económico.
"O Instituto Nacional de Estatística revela hoje os dados para a evolução do Produto Interno Bruto no segundo trimestre do ano e as projecções dos economistas vão todas no mesmo sentido: a economia está a crescer mas pouco.
Os números, como sempre, deverão permitir todo o tipo de análises. Os mais optimistas sublinharão que a retoma é já uma realidade inegável. Os pessimistas dirão que sabe a pouco.
A verdade é que a discussão está desfocada. Já passou metade desta década e Portugal está a afastar-se das médias europeias em termos de rendimento e desenvolvimento. Como é que a situação se inverte de forma duradoura? Esta sim é a questão que devia apoquentar as principais mentes pensadoras do país e os responsáveis políticos. Até agora já foram apresentadas várias estratégias brilhantes no papel mas que têm encontrado fortes resistências quando chegam ao terreno. Mais do que dizer que é preciso mais competitividade externa, mais produtividade, mais exportações, melhor investimento, é, acima de tudo, necessária uma outra mentalidade nos patrões, nos trabalhadores, nos sindicatos... Uma nova atitude no trabalho que procure outros padrões de eficiência nas organizações e na produção. Só assim, haverá forte crescimento económico. "
Bruno Proença com Nuno Miguel Silva e Ricardo Domingos
Os números, como sempre, deverão permitir todo o tipo de análises. Os mais optimistas sublinharão que a retoma é já uma realidade inegável. Os pessimistas dirão que sabe a pouco.
A verdade é que a discussão está desfocada. Já passou metade desta década e Portugal está a afastar-se das médias europeias em termos de rendimento e desenvolvimento. Como é que a situação se inverte de forma duradoura? Esta sim é a questão que devia apoquentar as principais mentes pensadoras do país e os responsáveis políticos. Até agora já foram apresentadas várias estratégias brilhantes no papel mas que têm encontrado fortes resistências quando chegam ao terreno. Mais do que dizer que é preciso mais competitividade externa, mais produtividade, mais exportações, melhor investimento, é, acima de tudo, necessária uma outra mentalidade nos patrões, nos trabalhadores, nos sindicatos... Uma nova atitude no trabalho que procure outros padrões de eficiência nas organizações e na produção. Só assim, haverá forte crescimento económico. "
Bruno Proença com Nuno Miguel Silva e Ricardo Domingos
2 Comments:
Lembranças socialistas
Para os mais velhos, ou aqueles que preservam a memória da "via portuguesa para a pelintrice" - vulgo economia socialista - aqui deixo quatro conceitos muito em voga na geringonça do imediato pós-gonçalvismo. O país estava de rastos, com 26% de inflação, 15% de desempregados, sem nada exportar, com metade do aparelho produtivo debatendo-se pela sobrevivência, com metade dos hotéis às moscas e os outros ocupados pelos desgraçados da descolonização, pelo que o que sobrou da bacanal revolucionária foi a pelintrice, a mais vil, misturada com azedume, frustração e inveja.
Aqui vão os quatro lugares-comuns muito ouvidos nesses tempos de miserabilismo:
- O "pluriemprego": havia uma terminante proibição em acumular empregos, esse vício burguês de "roubar" emprego aos mais "desfavorecidos". O médico não podia "acumular", pois a D.ª Flávia, que tinha a terceira classe, estava desempregada.
- A "segunda casa": era moralmente reprimido possuir segunda casa na área da residência permanente, mas aceitava-se uma segunda casa na "terra", ou na "praia". O destino da "segunda casa", vulgarmente "roubada" pelas "mais valias" seria, pois, e justamente, a ocupação pelos "mais carenciados", aqueles que a haviam construído com o "suor do seu trabalho".
- Os "açambarcadores": todo o retalhista era um potencial sabotador. Sim, até guardavam os bens escassos em armazéns para retirar o maior lucro possível das necessidades "básicas" do povo. Um empresário não podia gerir stocks, pois esse princípio elementar da actividade comercial era encarado como um acto de hostilidade.
- Os "intermediários": os responsáveis pela carestia, pelo disparar dos preços, pelas prateleiras vazias e pela sabotagem eram, para além dos revendedores, os intermediários. Uma sã economia socialista poria em confronto mercado e consumo, mas no "capitalismo explorador" uns poucos "parasitas" viviam da miséria dos camponeses e das necessidades dos consumidores.
Do blog Combustões
Um país que só cresceu em automóveis
O país dos jipes, dos apart-hotéis, das idas ao Brasil, dos hiper-mercados e das autoestradas de quatro pistas. O país dos estádios de futebol, das casa de alterne, dos reality shows, do faz-de-conta das falsas tias de perna bronzeada no solário da esquina, das caricaturas de telejornais com meia hora de futebol e cinco minutos de informação, o país do Herman, do Valentim Loureiro, do Padre Melícias, do Marques Mendes e do camarada Sousesco a brincar aos operários. Grande parte de "tudo isto" foi adubado, regado e carinhosamente criado pelo cavaquismo e pelo guterrismo. Olho para trás, para todos aqueles anos de incentivos, linhas de crédito, fundos estruturais, cursos de promoção da populaça ao poder financeiro, político e mediático e chego à triste conclusão que o povo, que o deixara de ser ao fixar-se nos subúrbios, convertendo-se em canalha, não avançou um milímetro. Só somos desenvolvidos em sinais de status: cartões de crédito, automóveis de alta gama, trapos e telemóveis. No restante, continuamos uma sociedade rural, reaccionária, pequena e semi-letrada. Que pena. A ralé não se aburguesou - isto é, não se libertou pelo estudo, pela iniciativa e pelo mérito - como o capitalismo e a democracia não entraram. Ficaram à porta. Tudo o resto é cosmética, da pior. Só falta o pires com as cadelinhas e o palitinho.
Do Combustões
Enviar um comentário
<< Home