quinta-feira, agosto 16, 2007

O sangue.

"Está a ser excessivo o empolamento noticioso em torno das respostas às análises que estão a ser feitas em Inglaterra. Parece, pelo que se diz e escreve, que dali virá a solução do mistério do desaparecimento da pequena Madeleine. Não é verdade.

A prova de que o sangue encontrado é da criança só faz sentido depois de conjugado com outros indícios, entretanto recolhidos pelos investigadores. Se o sangue não for dela, tal facto não destruirá os restantes elementos que suportam as teses da investigação. Pode acelerar ou pode retardar conclusões. Apenas isto e nada mais do que isto.

Um processo em investigação, no momento em que caminha para conclusões, desfia um discurso coerente que reconstrói uma história desde o momento em que a criança foi vista pela última vez e a notícia do seu desaparecimento. De certa forma, um detective é uma espécie de historiador que reconstrói passados. Só que com limitações legais que não são impostas aos historiadores. E tem de ser uma narrativa coerente, sustentada por factos, testemunhos, provas materiais que, no conjunto, fundamentam a demonstração daquilo que foi vivido e as relações que se estabelecem entre quem viveu esse intervalo de tempo.

Neste contexto, os exames que se esperam de Londres podem confirmar, ou não, indícios que a polícia já tem na sua posse. Só por si, nada valem. Razão pela qual, embora esperando os resultados, a PJ continue a trabalhar no caso. A história continua a ser reconstruída. Com ou sem sangue
."

Moita Flores

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