PREÇO FIXO (II)
"A maior prova de que Portugal é uma terra falha em sentido de humor é o escasso aproveitamento cómico de uma coisinha irritada e divertida como o dr. Louçã. E o homem esforça-se tanto que mais lamentável se torna o desperdício. Veja-se o debate do estado da nação, onde prolongou a metáfora governamental do "Robin dos Bosques" (já de si engraçada) para, naquele sarcasmo mal aplicado que o consome, chamar "ladrões dos castelos" aos responsáveis das empresas que ambicionam lucro. Não serei o único a detectar o potencial humorístico de um líder partidário que, por exclusão de partes, privilegia as empresas devotadas ao prejuízo.
E não serei o único a achar estranho que nem a incomensurável demagogia do dr. Louçã lhe garantisse o protagonismo burlesco da sessão. Mas o facto é que o momento verdadeiramente hilariante foi repartido entre Paulo Portas e José Sócrates. O dr. Portas porque imitou um gesto hoje popular e puxou de um par de facturas da GALP, sugerindo que o preço final de um depósito de combustível não se atenuou proporcionalmente ao IVA. E porque, aflitíssimo, questionou em seguida o eng. Sócrates sobre a possibilidade de a nova taxa de 25% levar as gasolineiras a transferir para o consumidor o encargo. Para descanso do deputado, o eng. Sócrates esclareceu: se isso sucedesse, seria "chocante", "escandaloso" e, sobretudo, "ilegal". A sério?
Por acaso, chocante e escandaloso é um Governo tão decidido a controlar o mercado quanto receoso de que esse controlo não sirva a desejada propaganda eleitoral. Para nosso azar, semelhante Governo não é ilegal. E não é ilegal uma oposição que, salvo as alusões de Paulo Rangel ao dirigismo económico, da esquerda à direita reage à crise com esta vaga confusa e assustadora de intervencionismo, capaz de espatifar o pouco que ainda há para espatifar na economia caseira.
Os exaltados senhores da extrema-esquerda ganham a vida a clamar contra as "políticas liberais" que tomaram ou ameaçam tomar conta da pátria. Só se for o liberalismo de facção albanesa."
Alberto Gonçalves
E não serei o único a achar estranho que nem a incomensurável demagogia do dr. Louçã lhe garantisse o protagonismo burlesco da sessão. Mas o facto é que o momento verdadeiramente hilariante foi repartido entre Paulo Portas e José Sócrates. O dr. Portas porque imitou um gesto hoje popular e puxou de um par de facturas da GALP, sugerindo que o preço final de um depósito de combustível não se atenuou proporcionalmente ao IVA. E porque, aflitíssimo, questionou em seguida o eng. Sócrates sobre a possibilidade de a nova taxa de 25% levar as gasolineiras a transferir para o consumidor o encargo. Para descanso do deputado, o eng. Sócrates esclareceu: se isso sucedesse, seria "chocante", "escandaloso" e, sobretudo, "ilegal". A sério?
Por acaso, chocante e escandaloso é um Governo tão decidido a controlar o mercado quanto receoso de que esse controlo não sirva a desejada propaganda eleitoral. Para nosso azar, semelhante Governo não é ilegal. E não é ilegal uma oposição que, salvo as alusões de Paulo Rangel ao dirigismo económico, da esquerda à direita reage à crise com esta vaga confusa e assustadora de intervencionismo, capaz de espatifar o pouco que ainda há para espatifar na economia caseira.
Os exaltados senhores da extrema-esquerda ganham a vida a clamar contra as "políticas liberais" que tomaram ou ameaçam tomar conta da pátria. Só se for o liberalismo de facção albanesa."
Alberto Gonçalves
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