sexta-feira, julho 11, 2008

Vulnerável

"Contam os jornais que no caso do edifício que ardeu na noite de domingo na Avenida da Liberdade, em Lisboa, a necessidade de obras, para evitar o risco de incêndio, já havia sido detectada desde 1995.

Ah sim? E depois? Depois, nada. Porque em Portugal o que mais há é quem detecte e avise e o que mais falta é quem decida, mande fazer e controle a execução. Pelo meio mete-se sempre alguma displicência, certa irresponsabilidade, muito desinteresse e alguns interesses. E assim o edifício número 23 da Avenida da Liberdade, em pleno coração de Lisboa, esteve desde 1995 à precisar de obras para evitar um incêndio até que ardeu, sem obras, em 2008: 13 anos. Só ardeu o próprio edifício mas poderia ter ardido a baixa de Lisboa. Quem quer saber, quem assume a responsabilidade? Ninguém, responde o Romeiro.

O incêndio que pregou um susto a Lisboa apavorou o Porto e Coimbra. Contaram os jornais que autarcas do Porto vivem com o coração nas mãos temendo um fogo na zona histórica e que em Coimbra se diz que num fósforo arderia um quarteirão. Deixa arder. Este País, que tem sempre milhares de milhões para obras públicas, para mais auto-estradas e novas pontes, este País com milhares de casas por vender e outras tantas devolutas mas que não para de construir, não investe um chavo na segurança das pessoas. E depois é assim: quando chove o País inunda-se, quando faz calor o País arde, quando arde um prédio toda uma cidade se sente ameaçada.

Portugal é um País vulnerável, indefeso, à mercê de qualquer calamidade, do acto de um louco ou da falta de escrúpulos dos interesses. E depois? Depois, nada. Em Portugal, a culpa não morre solteira: morre viúva, órfã, enjeitada e, pior que tudo, virgem
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João Paulo Guerra

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