quinta-feira, novembro 06, 2008

Sócrates, ou o vendedor de sonhos

"José Sócrates é um "vendedor". Um grande "vendedor". Isso permite-lhe fazer números como o de ontem, no Parlamento, ao defender veementemente um plano de obras públicas pensado para tempos de vacas gordas mas desadequado para momentos de crédito escasso... e caro. Parece contradição: então não aprendemos, em Finanças Públicas, que é em momentos como este que o Estado deve injectar dinheiro na economia para estimular a actividade económica e segurar o desemprego?

O problema é que a recessão que aí vem não é uma recessão normal. É o resultado de uma violenta e imprevisível crise financeira, que rarefez o crédito e que o tornou demasiado caro. Ou seja, se há coisa que o Estado não pode fazer desta vez é utilizar a seu critério a despesa pública para estimular a economia. Por causa do custo para o orçamento do Estado (e para os particulares que queiram fazer as obras públicas em project finance); da degradação do rating da República; e do efeito que estimular a economia pelo consumo terá no défice externo (já de si em números proibitivos).

Executar o plano inicial de obras públicas do Governo é uma aventura perigosa. E, ao contrário do que diz o Sócrates "vendedor", recusar entrar nessa aventura não tem nada a ver com diferenças ideológicas entre partidos políticos. Tem a ver com bom senso. Como até Silva Lopes, um homem de Esquerda, lhe poderá explicar
."

Camilo Lourenço

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