UM EMPRESÁRIO PORTUGUÊS
"Cliente da Zon TV Cabo, recebi há dias um cartão que me concedia uma série de entradas gratuitas nas salas de cinema da Zon Lusomundo. Como, com três excepções para o Sweeney Todd (por causa da música), não entro num cinema há anos, pousei o cartão sem tencionar utilizá-lo. Logo a seguir, percebo que, de qualquer forma, não o poderia, já que o sr. Paulo Branco se queixou à Autoridade da Concorrência (AdC), a qual deu provimento à queixa e suspendeu a iniciativa.
O argumento da AdC evoca o "interesse dos consumidores", naturalmente demasiado obtusos para o descortinarem sozinhos. Sozinho, o consumidor médio acharia melhor ver umas fitas à borla do que pagar cinco ou seis euros por cada uma ou, simplesmente, não sair de casa. Valha-lhe Deus. Por sorte, a AdC tem uma concepção da concorrência muito semelhante à do sr. Paulo Branco, um empreendedor incapaz de manter uma "roulotte" de bifanas sem intervenção do Estado. Enquanto produtor de cinema, são lendárias as capacidades do homem em arrancar dinheiro dos contribuintes a fim de financiar maravilhas de que os contribuintes fogem a sete pés. Enquanto distribuidor, a coisa tem corrido pior ao sr. Branco. As salas que abriu em Santarém faliram. Os cinemas Alvaláxia faliram. O "multiplex" no Freeport de Alcochete faliu. E a prosperidade dos espaços que o visionário vai aguentando aqui e ali talvez se meça pelo desespero das suas reclamações.
Não é que as aptidões reivindicativas do sr. Branco tenham sumido, já que em 2007 ele açambarcou todos os subsídios do Instituto do Cinema e do Audiovisual para apoio da exibição comercial. A maçada é que, na ausência de público, que irresponsavelmente prefere os produtos da Lusomundo e de outros distribuidores, nem os subsídios chegam para que as salas do venerável empresário se sustentem.
É por isso que a decisão da AdC, embora saudável, não é suficiente. Além de forçar os contribuintes a pagar a produção e a exibição dos filmes que o sr. Branco produz ou escolhe, urge forçar os contribuintes a vê-los nos lugares que o sr. Branco disponibiliza para o efeito. E não fica caro: a empresa do sr. Branco até oferece aos clientes um inovador cartão com sessões grátis, de que a AdC não discorda. Só falta convencer os consumidores. Mesmo que a mal, é para o seu bem. "
Alberto Gonçalves
O argumento da AdC evoca o "interesse dos consumidores", naturalmente demasiado obtusos para o descortinarem sozinhos. Sozinho, o consumidor médio acharia melhor ver umas fitas à borla do que pagar cinco ou seis euros por cada uma ou, simplesmente, não sair de casa. Valha-lhe Deus. Por sorte, a AdC tem uma concepção da concorrência muito semelhante à do sr. Paulo Branco, um empreendedor incapaz de manter uma "roulotte" de bifanas sem intervenção do Estado. Enquanto produtor de cinema, são lendárias as capacidades do homem em arrancar dinheiro dos contribuintes a fim de financiar maravilhas de que os contribuintes fogem a sete pés. Enquanto distribuidor, a coisa tem corrido pior ao sr. Branco. As salas que abriu em Santarém faliram. Os cinemas Alvaláxia faliram. O "multiplex" no Freeport de Alcochete faliu. E a prosperidade dos espaços que o visionário vai aguentando aqui e ali talvez se meça pelo desespero das suas reclamações.
Não é que as aptidões reivindicativas do sr. Branco tenham sumido, já que em 2007 ele açambarcou todos os subsídios do Instituto do Cinema e do Audiovisual para apoio da exibição comercial. A maçada é que, na ausência de público, que irresponsavelmente prefere os produtos da Lusomundo e de outros distribuidores, nem os subsídios chegam para que as salas do venerável empresário se sustentem.
É por isso que a decisão da AdC, embora saudável, não é suficiente. Além de forçar os contribuintes a pagar a produção e a exibição dos filmes que o sr. Branco produz ou escolhe, urge forçar os contribuintes a vê-los nos lugares que o sr. Branco disponibiliza para o efeito. E não fica caro: a empresa do sr. Branco até oferece aos clientes um inovador cartão com sessões grátis, de que a AdC não discorda. Só falta convencer os consumidores. Mesmo que a mal, é para o seu bem. "
Alberto Gonçalves
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