O sujeito e o predicado
"Para Pinto Monteiro há demasiadas vírgulas entre o sujeito e o predicado na proposta de lei do Governo sobre o crime de violência doméstica. Alguns dos exemplos que o PGR citou são anedóticos. Não admira. As leis em Portugal são feitas no português que surge no "Magalhães": não passam num exame da escola primária. O delírio atingiu os legisladores. Desde cópias mal feitas de documentos estrangeiros e calinadas linguísticas há de tudo para todos. Por isso o País, para além de estar atulhado de leis mal feitas, sufoca a sociedade com incongruências. Nada que surpreenda: o que os legisladores querem é um país que se comporte como um doente mental manietado num colete-de-forças. Para que um país não funcione necessita-se de leis feitas por analfabetos. Essa, pelos vistos, é a missão do Estado. No seu masoquismo, que quer compartilhar com os cidadãos, o Estado prefere leis que ninguém perceba e que ninguém consiga aplicar. Sobre o tema, o ministro da Justiça, uma figura inexistente, está calado. No Estado há demasiadas vírgulas e muito poucos sujeitos. Talvez por isso, tendo juristas nos seus quadros, o Estado passa a vida a contratar fora. Talvez as leis também merecessem esse caminho em Portugal: o "outsourcing" ou mesmo a deslocalização. Tudo para não seguir os conselhos do filósofo grego Isócrates: a prioridade não deveria ser descobrir as melhores maneiras de punir os prevaricadores, mas sim produzir cidadãos que nunca sonhassem em fazer o mal. Assim existiriam melhores legisladores."
Fernando Sobral
Fernando Sobral
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