O dia 11
O dia 11 ameaça começar a estar presente no imaginário de muitos.
Começou neste belo cantinho à beira mar plantado, quando nos idos de 75 se iniciou o chamado PREC, e de que hoje se comemoram 29 anos.
Com o 11 de Março, resultante de uma tentativa de golpada spinolista, com ligações a alguma extrema direita, se tentou inverter o curso da Revolução.
O resultado que eles esperavam inverteu-se, e acabou o 11 de Março português por abrir as portas ao PCP e a alguma extrema esquerda.
Nacionalizaram-se bancos e seguradoras (as grandes empresas já tinham sido tomadas pelo Estado após a fuga dos empresários para países democráticos como o Brasil dos generais ou para a Espanha franquista), substituiu-se a Junta de Salvação Nacional, eterogénea políticamente, por um mais radical Conselho da Revolução.
Iniciou-se o PREC, o "gonçalvismo", a balbúrdia, assistiu-se à retidara apressada das antigas colónias (não vejo que alternativa houvesse), aos GDUP's, às comissões de moradores e de trabalhadores, à luta pelo jornal República, ao surgimeto do Grupo dos 9 que tentou travas os ímpetos dos mais radicais, ao papel sempre dúbio do COPCON e de Otelo, e finalmente ao definhar da figura de Vasco Gonçalves, às lutas intestinas no seio das FA e finalmente ao 25 de Novembro.
2 anos antes a 11 de Setembro houvera em Santiago do Chile um golpe da estrema direita chilena, dos generais financiados e apoiados pela CIA para depor um regime democráticamente eleito mas que tinha a irritante mania de não ser a 100% alinhado com os interesses de Washington nos tempos da guerra fria.
O golpe e o que se seguiu foi violento e sangrento? No problem!
Abriu-se assim o caminho para o sinistro Plano Condor, das ditaduras chilena, brasileira uruguaia, paraguaia e argentina em 76.
Milhares de mortes e "desaparecimentos", esquadrões da morte, que se estenderam pelos anos 80 à América Central, tudo em nome do "mundo livre".
A 11 de Setembro, não de 73, mas de 2001, a surpresa de Nova Iorque e do Pentágono, com o plano mais bem "esgalhado" dos últimos séculos.
A surpresa, a ousadia, a simplicidade de procedimentos, e os milhares de vítimas inocentes na guerra dos extremismos.
E agora em Madrid, novamente a 11 de Março, não no velho RALIS alfacinha, mas nas estações ferroviárias da capital castelhana.
Mais vítimas inocentes da insanidade de alguns.
Mais vítimas como nós, cidadãos anónimos indefesos, com família a cargo, com trabalho por conta de outrem, com planos para o fim de semana e que deste modo foram brutalmente cerceados e terminados.
Da maneira mais trágica.
Triste este 11 de Março de 2004.
Muito triste, para os espanhois e para o mundo.
0 Comments:
Enviar um comentário
<< Home