quinta-feira, abril 22, 2004

Quousque tandem abutere patientia nostra?

"Não havia outra altura?

A justiça não tem data, nem prazo, nem preocupações de carácter nacional, ou mediático, e deve ter sido este conjunto de factores que levou a PJ a desencadear a operação «Apito Dourado» (o nome de código é bizarro), com a detenção de Valentim Loureiro, por agora, e de outros tantos nomes ligados ao mundo do futebol. A verdade é que as suspeitas têm de ser muito sérias, e fundamentadas, para se voltar a pôr o nome de Portugal, e dos portugueses, nas bocas do mundo, por razões muito pouco abonatórias, e a dois meses do Euro 2004, o que não é propriamente uma notícia muito feliz e motivadora.

Agora, quando se falar no Euro, lá vem a história das detenções em massa (e por causa dela) de altos dirigentes do futebol nacional, e isto está longe de se perceber se é apenas a ponta do novelo. Mas não havia outra altura para desencadear esta operação? Ou antes: porque é que não foi há mais tempo, para se evitar esta ligação de má nota com o que vai acontecer dentro de dois meses, ou eventualmente depois do Euro 2004? Não havia forma de atenuar este desprestígio (mais um), a acumular à nossa lista negra de casos de polícia? O assunto é tão dramático? Na verdade, se o caso tem relação com o que há anos se diz por todo o lado, então o tempo, para o País, deveria ter sido medido milimetricamente. Mas está feito, e agora só restam banalidades, as quais não passarão nunca disso: que seja rápido (não vai ser), que vá até ao fundo (longe disso) e que se faça justiça (estamos para ver).

Luís Delgado"


Mal conseguimos acreditar no que estamos a ler. Mas aqui está uma boa solução. O amigo Delgado, aproveitando a revisão constitucional em curso, devia sugerir uma nova forma de investigar, nomeadamente nestes aspectos:

1/ obrigatoriedade de a investigação ser efectuada só nas melhores alturas;

2/ essas melhores alturas devem ser escolhidas pelo visado;

3/ as suspeitas terão de ser muito sérias e fundamentadas, não bastando para isso a confissão do próprio, nem o testemunho de Deus;

4/ Evitar fazer investigações que causem desprestígio à justiça e, especialmente, ao visado;

5/ a investigação deve ser medida milimetricamente, condicionando-se toda a sua actuação ao segundo;

6 / O assunto que motiva a investigação deve ser muito dramático.

Mas, c´os diabos, a alteração essencial passa por proibir este homem de escrever ou falar.

P.s. Já agora. Porque é que o homem afirma que “a justiça não tem data, nem prazo, nem preocupações de carácter nacional, ou mediático” para depois perguntar “mas não havia outra altura para desencadear esta operação”?

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