Guiné-Bissau, 1998 - Uma efeméride da actuação das nossas FA
Fará brevemente 6 anos que a 8 de Junho de 1998 se iniciou a rebelião militar liderada por Assumane Mané para tentar depor o presidente Nino Vieira da liderança do país.
Com o golpe de 98 Portugal foi apanhado de calças na mão.
Todos nos lembramos do episódio do Sagres, atracado em Bissau, para resgate de civis portugueses e guineenses, praticamente debaixo de fogo, num local e em condições onde se duvida que um comandante de uma corveta atracasse.
Tardou a reagir, mas depois, reagiu em força.
Todos nos lembramos que apesar do golpe ter ocorrido a 8 de Junho, a 10 de Junho, frente à Expo’98 navegava engalanado em desfile militar, por ocasião das comemorações do Dia de Portugal, a Fragata NRP Vasco da Gama, a mesma que no dia seguinte zarpou para o largo da Guiné-Bissau, a que mais tarde se juntaram duas corvetas e o reabastecedor de esquadra Bérrio.
Para além do apoio aéreo prestado pelos C-130 que estabeleceram a sua base em Cabo Verde.
Desde cedo adoptou uma atitude oficialmente neutral, mas notou-se uma certa simpatia pela causa dos militares liderados na altura por Assumane Mané.
Lembremo-nos que após semanas encerrado, o aeroporto de Bissalanca abriu para um C-130 português, que dizem as más línguas, transportava algumas armas e um telefone-satélite que o MNE de então, Jaime Gama terá oferecido a Mané.
Também todos nos recordamos do encontro na mata entre Jaime Gama e Mané, em que Gama se deslocou num helicóptero Linkx da marinha, saído da fragata destacada.
E finalmente do acordo de cessar fogo a bordo da fragata NRP Corte Real, que entretanto rendera a Vasco da Gama.
A situação podre manteve-se, e foi óbvio para todos que Portugal viu com desconfiança a crescente influência francesa por detrás das tropas senegalesas e de Conakri para supostamente defenderem o poder de Nino Vieira, que se começara a "encostar" a estas influências francófonas.
Em 99, com aquela revolta repentina da população, claramente enquadrada pelos militares, e com o incêndio e saque do Centro Cultural Francês em Bissau, com a rápida fuga de Nino para a embaixada portuguesa, viu-se nisso uma clara manipulação dos acontecimentos por Portugal.
Pela primeira vez desde a descolonização, viu-se um Portugal activo na defesa de interesses em territórios a que nos ligam laços históricos, culturais, geo-estratégicos e económicos.
A força portuguesa constituída por 1 fragata, 2 corvetas e um reabastecedor, para além de 2 C-130 que se basearam em Cabo Verde demonstrou essa vontade de influenciar os acontecimentos e a vitória final dos homens de Mané foi uma vitória geo-estratégica de Portugal sobre as forças e influências francófonas.
Agora, depois do "flop" político que representou Kumba Ialá, não me admiraria que houvesse uma mãozinha portuguesa neste golpe anunciado (tão anunciado que a RTP já lá tinha colocado um repórter que só é destacado de Lisboa para locais em crise).
Espera-se que mais uma vez se possa assegurar os nossos interesses, sem complexos nem tiques de neo-colonialismo, mas de modo a respeitar os vários povos que constituem a Guiné-Bissau.
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