sexta-feira, maio 14, 2004

Mais um episódio da hipocrisia americana

Escreveu Henrique Monteiro no Expresso de 14 de Maio, um texto sobre dois episódios ocorridos esta semana na América Latina e que envolveu jornalistas americanos:

O primeiro, com a retirada das credenciais a um jornalista americano por ter publicado uma reportagem sobre a vida pessoal de Lula da Silva, e sobre eventuais hábitos alcoólicos deste, só porque em fotos de actos oficiais este aparece de copo na mão.

O outro foi o de uns jornalistas cubanos no exílio, que fazendo-se passar por assessores do Chavez chegaram telefonicamente à fala com Fidel Castro para o insultar, ao que este respondeu num vernáculo latino-americano que não se pode transcrever aqui, mas que foi radio-difundido repetidas vezes, até que as autoridades das comunicações americanas acabaram com a brincadeira e multou os jornalistas.

Dados estes exemplos sobre a devassa da vida privada de estadistas, relembro o que se passou com o presidente Clinton que foi duramente fustigado pelos fundamentalistas conservadores republicanos acerca das suas "escapadelas" sexuais com uma jovem funcionária da Casa Branca.

Clinton que trabalhou em prol da paz no Médio Oriente, que governou com políticas sociais, que conseguiu que o Tesouro americano apresentasse super-havit.

E tudo isso foi esquecido porque cedeu à sexualidade e ao adultério, duramente acusado e perseguido pelos fundamentalistas WASP da direita americana.

Agora que Bush apoia descaradamente, e ao contrário do que seria política e humanamente razoavel, Rumsfeld a propósito dos desmando que alguns soldados e sua hieraquia fazem nas prisões políticas iraquianas (e é certo que nenhum sodado poderia fazer o que fez sem que a sua hierarquia pelo menos não fechasse os olhos), nada mais interessa a um certo jornalismo de pacotilha do que saber se Lula bebe ou não.

O que mais interessaria ao dito jornalista seria uma reportagem sobre os hábitos alcoólocos do seu próprio presidente no passado, e da sua eventual insanidade mental quando empurrou os EUA e a sua juventude para este atoleiro iraquiano em que se meteu.

Bush e a sua administração empurraram os EUA para a guerra, o terrorismo islamista arranjou novo espaço e motivos para se expandir, o défice americano disparou, o dólar desvaloriza diáriamente e só quem lucra com a nova situação é a industria militar americana e os negócios do petróleo, agora que o Brent está em alta.

Para além da espúra "carta branca" passada aos actos dos talhantes Sharon, Saul Mofaz e Ehud Olmert na Palestina ocupada.

Rumsfeld, responsável objectivo pelo que se tem passado nas prisões está de pedra e cal, apesar e jornais insuspeitos de anti-americaniosmo primário como o New York Times, o conservador Washington Post, o ultra conservador Los Angeles Times ou o circunspecto Wall Street Journal pedirem a demissão de Rumsfeld, o homem mais perigoso que a América já teve desde os tempos de J. Edgar Hoover.

Por isso, os telefonemas para Fidel, ou reportagens sobre se Lula gosta de beber ou não interessam e valem o que valem: NADA !

1 Comments:

Anonymous Anónimo said...

best regards, nice info »

quinta-feira, fevereiro 22, 2007  

Enviar um comentário

<< Home

Divulgue o seu blog!