O novo Mistério da Estrada de Sintra
Existe um novo Mistério na Estrada de Sintra, ou IC-19, mistério que se depara aos automobilistas que diáriamente passam junto das bombas de combustível do Cacém:
Não um mistério oitocentista, como o de Ramalho e de Eça, em que o bucolismo da paisagem e o romantismo da viagem entre Lisboa e Sintra se perderam na actualidade, restando apenas o tempo de viagem entre os dois pontos geográficos em apreço, particularmente na chamada “hora de ponta” da manhã.
O Mistério também não passa pelo posto de abastecimento em si, ou com a política de preços dos combustíveis praticados ao longo dos anos, e de como estes se articulam, ou não, com as variações dos preços do crude nos mercados internacionais, o que, admito, para alguns se possa revestir de aspectos algo misteriosos.
O comboio, a alternativa à estrada de Sintra, que já existia em oitocentos, e que levava entre o Rossio e Sintra entre 90 e 120 minutos, passou no século XX a ser mais rápido, desde a electrificação da via nos anos 50.
Em 1974, a viagem com comboios construídos na Sorefame nos anos 50 e 60 demorava 50 minutos, e em 2002, com outros comboios de design premiado internacionalmente, construídas na mesma Sorefame, mas com materiais e motores sofisticados, da Siemens e Allsthom, plataformas modernizadas, estações novas, renovação e quadruplicação da via até Massamá, demora agora 45 minutos, o que representa um avanço de 5 minutos!
Mas também não é aqui que está o Mistério.
Quem usa habitualmente o comboio entre Mem Martins, e Entrecampos ou Avenidas Novas, contribui para uma atitude ecológica, o que é politicamente correcto e economicamente compensador.
Por vezes, é-se obrigado a ir de viatura própria, e entre Rio de Mouro e Cacém (junto às tais bombas), o percurso de 2 quilómetros leva 30 minutos em média a ser percorrido se for efectuado entre as 7.30h e as 9h.
Agora o Mistério:
Até Dezembro de 2001 finais do consulado de Guterres no Governo e de Edite Estrela na Câmara Municipal de Sintra, havia uma “comissão de utentes” que se instalava habitualmente junto ao citado posto de combustíveis a protestar, com cartazes, buzinas de spray e até um caracol gigante, onde se apelava aos automobilistas para protestarem, mimetizando assim os acontecimentos de 1984 na Ponte 25 de Abril.
Quem dava a cara por essa “comissão” era uma senhora crispada, de seu nome Guadalupe Gonçalves, conhecida militante do PCP de Sintra, que verberava contra o atraso no alargamento do IC-19, a não construção das circulares poente e nascente ao Cacém o atraso na construção do sempre desejado IC-16, contra as urbanizações que proliferaram no concelho de Sintra. Responsáveis: o Governo Central e a Câmara de Sintra. Julgava-se, condenava-se e sentenciava-se.
Desde Dezembro desse ano, após a derrota do PS em Sintra, deixou de haver protestos. Como a “comissão de utentes” não era liderada por alguém da coligação vencedora das autárquicas em Sintra, o Mistério adensa-se.
Dez hipóteses para a solução do Mistério:
1. Os moradores do Concelho começaram a viajar mais de comboio
2. Há menos trânsito no IC-19, porque a gasolina encareceu
3. Civicamente, quem anda de carro convida os vizinhos que também o façam a fazer uma “vaquinha” e a partilhar a mesma viatura
4. Há corredores BUS para autocarros que ofereçam alternativa aos comboios
5. A liderança da “comissão de utentes” ficou pasmada com as mudanças eleitorais e baixou os braços, deixando de acreditar nos “amanhãs que cantam”
6. O IC-19 já foi alargado e/ou já se iniciou a construção das tais circulares nascente e poente ao Cacém, pelo que os ânimos acalmaram
7. A “comissão de utentes” mudou de casa indo viver para Massamá, fugindo assim aos maiores apertos do IC-19, e deixando de ser tão sensível ao problema.
8. A rede de Metropolitano foi estendida até Rio de Mouro, ficando a par da recente expansão a Odivelas, ou à Falagueira
9. À liderança da “comissão de utentes” formam-lhes oferecidos cargos na administração local, de modo a que percebam que “lutando por dentro” poderão conseguir melhores resultados
10. Foram demolidas várias urbanizações, fazendo diminuir significativamente a população do Concelho.
Peço então que se investigue este mistério, deixando desde já algumas pistas:
A Pergunta: A coligação PSD/CDS-PP estava mesmo à espera de ganhar as eleições e por isso tinham um programa coerente e exequível ?
Resposta: Não !
Consequência: Gestão Casuística
Exemplo Prático: As ruas de certas urbanizações desse concelho, que não são propriamente bairros clandestinos, não são varridas senão em intervalos de 3 semanas!
Já agora: Qual o programa que a coligação, agora alargada, de facto à CDU, que venceu em Sintra tem, não para a resolução do mistério, porque para isso, só um jornalista de investigação, ou o inspector Varatojo, mas para a resolução do trânsito não só na vetusta Estrada de Sintra (ou IC-19), mas para o ordenamento do trânsito e estacionamento em Mem Martins, Rinchoa, Portela de Sintra, Tapada das Mercês, ou Cacém, que não passe por parques pagos junto das estações da CP?
Ou será que esse silêncio da “comissão de utentes” se deve à atribuição de lugares na vereação liderada pelo comentador desportivo Fernando Seara a Guadalupe Gonçalves como Vereadora do Trânsito (!), ao cabeça de Lista da CDU como Presidente do Conselho de Administração do SMAS, ou ao novo cargo de Presidente da Empresa Municipal “Parques de Sintra-Monte da Lua” ao vereador do PCP na Câmara Municipal de Lisboa, Engº António Abreu?
Um mistério de estranhas afinidades políticas entre o PSD, o CDS-PP e a CDU, para partilharem o bolo?
Porque a população não sabe. Mistérios...
Entretanto, os engarrafamentos permanecem… sem protestos.
Assim se exemplifica o que de pior há nos interesses das concelhias partidárias pelos lugares políticos ao nível do poder local.
2 Comments:
É de facto muito estranho. Ou talvez não. Só muda a côr.
Rita Fernandes ( frequentadora do IC 19 )
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