A Venezuela e Cuba
Muito se tem escrito e comentado ultimamente acerca das relações alegadamente previligiadas entre a Venezuela de Hugo Chavez e Cuba.
O pretexto é o de sempre: que Chavez é um marxista e que limita os direitos da oposição, a propósito da agitação social recente naquele país.
Qunto a mim considero que em tempos de crise, a agitação social é normal, ainda para mais na América Latina, e todos estamos recordados do que aconteceu há 2 anos na Argentina.
Em relação à Venezuela, Chavez foi eleito democráticamente e à oposição cabe respeitar as regras do jogo democrático que aceitou.
Mudar as regras a meio do jogo é que não serve os interesses de qualquer povo.
Se Chavez tivesse recorrido a um golpe constitucional que limitasse os movimentos da oposição, como Fujimori fez no Peru, seria outra coisa, mas Chavez não fez isso.
Pode ser uma personalidade polémica e pouco amiga dos EUA.
Mas foi eleito democráticamente.
Os acontecimentos de há 2 anos e que agora parecem querer renascer fazem lembrar os tempos que antecederam o 11 de Setembro chileno, com greves sucessivas e desestabilização contra o governo democráticamente eleito de Salvador Allende, e que culminaram no golpe dos militares liderados por Pinochet.
E como se sabe, a CIA, segundo documentos recentemente desclassificados pela administração Clinton confirmaram o que toda a gente desconfiava.
Mas em relação a Chavez é diferente.
Enquanto Salvador Allende era um civil sem apoios significativos nos meios castrenses, Chavez é um militar com apoios em sectores da FA venezuelanas, pelo que qualquer golpe militar contra ele pode degenerar numa guerra civil (lembram-se daquela golpada que culminou com a sua detenção e como as próprias FA acabaram por recolocá-lo no poder?).
Por isso cabe à oposição venezuelana apresentar projectos políticos alternativos, lutar por eles e esperar pelas próximas eleições para que a população decida.
Isso é Democracia.
Quanto às afinidades entre Hugo Chavez e Fidel Castro, e à parte algumas simpatias pessoais e afinidades políticas que possam existir, relembro que Fidel Castro subiu ao poder através de uma revolução armada, e que desde cedo se converteu ao marxismo-leninismo de matriz soviética, enquanto Chavez se situa mais nos parâmetros do chamado terceiro-mundismo dos anos 60 e 70.
Um pouco desactualizado, e diferente da política de Lula da Silva que actualizou o seu discurso e praticas políticas, é certo.
Por isso, julgo que não se pode comparar uma coisa com outra.
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