Ao Octávio Lopes.

"Desta vez os bandidos escolheram-no a si. Para os que têm vindo a sofrer os ataques sistemáticos dessa corja de cobardes, o golpe há muito era esperado. Só não sabíamos que modalidade iria revestir, nem em que tempo se manifestaria. A coragem sempre teve custos e o Octávio sabia-o quando optou pela verdade e resistiu ao canto dos que preferem escribas ordeiros e de plantão, bem remunerados sempre dispostos a todas as canalhices para satisfazerem os que lhes pagam.

Mas não se julgue o alvo último, essencial, dos mafiosos. Não! O que pretendem, como mostraram quando furtaram documentos da Casa Pia de Lisboa (não deixa de ser curioso que logo então alguns tenham vindo acusar a provedora de imprevidência e de sonegar documentos...) é destruir a investigação, descredibilizando-a. E como então, também não será difícil descobrir a quem aproveitou o furto, quem usou os documentos e com que fins. Todos sabemos que os ladrões são os mesmos que sistematicamente têm atacado as vítimas, desdenhando do seu imenso sofrimento.

Talvez não se chamem Marc Dutroux, mas têm com ele e com todos os pedófilos do mundo, a conivência criminosa dos que não acham reprovável o abuso sexual de menores.Eles são imensamente poderosos. Estão unidos, organizados, possuem meios incomensuráveis e já mostraram estar dispostos a todas as indignidades. Nós, os que achamos que a dor das crianças não será atenuada enquanto os seus algozes não forem punidos, só possuímos a força das nossas convicções e a determinação de continuar a luta, custe o que custar. Apesar de tudo, acredito que com determinação podemos vencer.Por isso admiramos os jornalistas íntegros, honestos e coerentes como o senhor.

Que ao contrário de outros canalhas, alguns dos quais travestidos de jornalistas, nunca nos ofereceu dinheiro ou carros, nem exigiu que nos calássemos sob pena de perdermos o emprego. Digo-o com a legitimidade de quem, como sabe, quando foi preciso discordou de si com frontalidade. Há quem diga que terá cometido erros. É possível, afinal de contas o Octávio é humano. Mas estou convicto de que o jornal onde trabalha se sente honrado por poder contar com a sua colaboração.“

Pedro Namora