sábado, agosto 28, 2004

A grande aldrabice.

"Esta malta do aborto não tem mesmo remédio. Em não tendo - de derrota em derrota - mais nada que inventar, uma mão cheia de sinistras organizações com nomes lindíssimos e verdadeiramente representativas do país real - ora atentai: "Não te Prives: Grupo de Defesa dos Direitos Sexuais", "União de Mulheres Alternativa e Resposta" e "Clube Safo" [safa...!]- acharam por bem convidar um barco assassino para um passeio até estas pacatas paragens. Vamos por partes e explique-se então em que consiste a marosca. Segundo o sítio oficial do dito barco (de pavilhão holandês e devidamente equipado para matar bebés a bordo), a tripulação prevê chegar a Portugal no dia 29 deste mês, mantendo-se por estas paragens até 12 de Setembro. A técnica da seita é a que segue: recolhem-se no cais as mulheres que pretendem abortar e "ala que se faz tarde" para alto mar (leiam-se águas internacionais"), onde, no entendimento da organização, se aplica a lei holandesa pelo que "mãos à obra".

Ora, não obstante a esperteza saloia destes tipos, tal prática é ilegal até perante os tribunais holandeses, pelo menos desde dia 20 do corrente (ver este lembrete), data em que foi decidido um recurso a uma primeira decisão judicial que já então condenava a actividade destes piratas dos tempos modernos. Para mais, esta rapaziada tem o hábito de entrar a matar (em vários sentidos) em matéria de propaganda, tanto que nas suas últimas aparições na Irlanda e na Polónia, a BBC registava o seu "hysterical approach". Nessa ocasião, Geraldine Martin, representante do irlandês Pro-Life Campaign Group, condenou o barco da morte, dizendo aos microfones da BBC: "They appear to be very much in denial of the emotion, harm and heartbreak endured by women following abortions ... [and] very much in denial of the whole humanity of the child." Já nessa altura - diga-se - o governo holandês informou o seu parceiro irlandês de que os médicos a bordo não tinham qualquer autorização do Reino da Holanda que lhes permitisse levar a cabo a sua pretensão. Para quem está minimamente por dentro desta questão, diga-se igualmente que até Marie Stopes, uma espécie de inventora do aborto 'quickie', se recusou a apoiar esta vigarice marítima. Já na incursão à Polónia - onde atracou em Ladyslawowo - a rapaziada abortista deu-se mal com o negócio e viu todo o materal (Mifegyne e Cytotec) que transportava no barco confiscado pelas autoridades locais. Na altura, o presidente polaco Aleksander Kwasniewski afirmou que as actividades do grupo traziam ao país "problemas de natureza jurídica e moral".

Como esta nojice toca a todos, desta feita somos nós. Há pouco, na televisão, fiquei a saber que esta malta já tinha tratado de arranjar um dispositivo de segurança para quando chegar a terras lusas. Parece-me sensato (embora na Irlanda nem isso lhes tenha valido), como me parece igualmente sensato que o governo trate de tomar posição. Aliás, neste exacto momento em que até temos um Ministro do Mar que tanto gosta de apregoar o valor da Vida, conviria que o mesmo agisse em conformidade, não autorizando que a barcaça chegasse sequer a terra, sob pena de trair de forma inqualificável quantos nele depositaram confiança. Não é difícil e a Marinha não serve para outra coisa.


Não termino sem dizer que quem procurar no sítio oficial do Vaticano alguma referência a esta máfia dos mares modernos não tem muita sorte, o que se compreende inteiramente. Sua Santidade deve ter quem trate do lixo.

aqui tinha dado conta da ilegalidade - decretada pela justiça holandesa - da actividade internacional das meninas da Women on Waves. Vejo agora que o Ecos de Província foi à raíz da decisão, remetendo todos quantos percebam holandês para esta página do Ministério da Saúde, Bem estar e Desporto lá do sítio, onde, sob o título "Women on Waves aan banden", se lê que (e passo a citar) "basicamente, [se] limita a acção no barco à administração da pílula abortiva, recusando a possibilidade de realização de aborto terapêutico (se estiverem a mais de 25 km do Hospital de Amsterdão (Slotervaart) de que são uma clínica delegada)".Está a bola no campo de Sua Excelência, o Senhor Ministro dos Assuntos do Mar..."

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3 Comments:

Blogger Politikus said...

Ainda me têm de explicar como é que se assassina algo que jurídicamente não existe, ou seja um feto com menos de 12 semanas... segundo o Código Civil: um ente, só passa ater personalidade jurídica depois de ter nascido. Não serão isso apenas e tão só, crenças religiosas (que respeito) e uma ética sem alicerces??? ( desculpa lá, mas é o que penso)

sábado, agosto 28, 2004  
Anonymous Anónimo said...

Pergunta polittikus: ... como é que se assassina algo que juridicamente não existe ... ?
Resposta: com a mão (para pergunta estúpida, resposta do mesmo nível).

E, já agora, não tinha dado conta que o Código Civil existia, inalterado, desde o princípio do Mundo para servir de guia de decisão.
Pobres dos analfabetos, que não podendo dispôr de semelhante auxílio, têm que contar apenas com o que "espremem" das suas pobres cabeças, :-).

JSNovo, http://ecosdaprovincia.weblog.com.pt

segunda-feira, agosto 30, 2004  
Blogger Luis Gaspar said...

Excelente, excelente, excelente. Imagine-se só o que diriam do Vaticano se eles se dispusessem a desmascarar a Woman on Waves... Aliás, eles andam às aranhas precisamente porque a Igreja nem se meteu na história do barco. Queriam justificar a eles próprios que assassinato é só porque a Igreja assim o diz. Parece que há ateus que concordam que o aborto é assassinato, e isso sim deve ser altamente perturbador para as organizações do safo.

terça-feira, agosto 31, 2004  

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