quinta-feira, outubro 14, 2004

Vencer a Guerra Contra o Terrorismo.

"Passou no mês passado o terceiro aniversário do dia em que a América despertou para uma nova realidade, quando um grupo de extremistas matou milhares de cidadãos inocentes em território americano. A semana passada marcou o terceiro aniversário do início da Operação Liberdade Duradoura, o dia em que a América resolveu lutar contra os próprios terroristas, atacando a Al-Qaeda e os taliban no Afeganistão. Após três anos de guerra global contra o terrorismo, há quem se interrogue sobre se a América estará mais segura e se o mundo estará melhor. São questões pertinentes.

Mas, primeiro, detenhamo-nos na perspectiva histórica. Foi dito que esta guerra global contra o terrorismo seria uma tarefa para uma geração, uma guerra que poderia prolongar-se durante anos, tal como a guerra-fria, que durou décadas. Hoje, vemos a guerra-fria como uma grande vitória pela liberdade. Mas nada estava pré-determinado, nada podia ser dado como certo. Os 50 anos da batalha épica entre o mundo livre e o império soviético foram um período pleno de divisões, incertezas, indecisões, contrariedades e fracassos.

Até com os nossos aliados mais próximos houve discussões sobre política diplomática, armamento e estratégias militares. Nos anos 60, a França abandonou a organização militar da NATO. Na América, colunistas e editorialistas questionavam e duvidavam das políticas americanas. Houve mesmo alturas em que os cidadãos americanos viam o seu próprio governo criticado como sendo fomentador de guerra ou agressor. Mas os Estados Unidos - sob a liderança de ambos os partidos políticos - e os seus aliados mostraram perseverança e determinação, ano após ano. As estratégias variaram - da coexistência ao "containment", da "détente" à confrontação. Os nossos líderes enfrentaram o que muitos pensavam ser um inimigo imbatível, e o regime soviético acabou por cair. É esta lição que temos de fazer passar ao longo do tempo: que a fraqueza é provocatória, que a recusa de confrontar o perigo só irá aumentar, e não reduzir, as ameaças futuras, e que a vitória apenas pertencerá aos que forem determinados e firmes.

Desde o início deste conflito que ficou bem claro que a nossa coligação tinha de passar à ofensiva contra um inimigo sem pátria nem consciência. Há pouco mais de três anos, a Al-Qaeda já era uma ameaça crescente. O seu líder, Osama bin Laden, escondia-se em segurança no Afeganistão. A sua rede estava dispersa pelo mundo inteiro e há anos que vinha realizando ataques a alvos americanos. Três anos depois, mais de três quartos dos principais membros e associados da Al-Qaeda foram detidos ou mortos. Osama bin Laden encontra-se a monte, grande parte dos seus principais parceiros encontram-se atrás das grades ou mortos e a sua rede de apoio financeiro foi bastante reduzida.

O Afeganistão, outrora controlado por extremistas, é hoje liderado por Hamid Karzai, que se encontra na primeira linha do combate mundial da moderação contra os extremismos. Os estádios de futebol, em tempos palco das execuções públicas sob o regime taliban, voltam a ser usados para jogar futebol. Mais de 10 milhões de afegãos, 41 por cento dos quais são mulheres, recensearam-se para votar nas primeiras eleições livres do país. A Líbia deixou de ser uma nação que financiava o terrorismo, e secretamente procurava adquirir armas nucleares, para se transformar num país que renunciou aos programas ilegais de armamento e que se diz preparado para reintegrar a comunidade de nações civilizadas.

A rede de proliferação nuclear do cientista paquistanês A. Q. Khan - que fornecia ajuda letal a nações como a Líbia e a Coreia do Norte - foi denunciada e desmantelada. Na verdade, o próprio Paquistão, antes simpatizante da Al-Qaeda e do regime taliban, juntou-se ao mundo civilizado e tornou-se um forte aliado contra o terrorismo, sob a liderança do Presidente Pervez Musharraf.
Actualmente, a NATO lidera a Força de Segurança Internacional no Afeganistão (ISAF) e ajuda a treinar as forças de segurança no Iraque - uma nova e importante responsabilidade "fora da área". As Nações Unidas estão a ajudar à realização de eleições tanto no Afeganistão como no Iraque. Mais de 60 países unem os seus esforços para acabar com a proliferação de armas de destruição maciça. Há três anos, no Iraque, Saddam Hussein e os seus filhos governavam brutalmente um país no coração do Médio Oriente. Saddam tentava insistentemente matar as tripulações dos aviões americanos e britânicos que garantiam as zonas de exclusão aérea. Saddam ignorou 17 resoluções do Conselho de Segurança da ONU. Pagou recompensas de 25 mil dólares às famílias dos bombistas-suicidas.
Três anos depois, Saddam encontra-se na prisão à espera de ser julgado. Os seus filhos estão mortos. A maioria dos seus amigos foi detida. O Iraque tem uma Constituição interina que inclui uma Carta dos Direitos e tribunais independentes. Foram instituídos conselhos municipais em praticamente todas as grande cidades e em muitas vilas e aldeias. Hoje, os iraquianos podem dizer, escrever, ver e ouvir o que quiserem e quando quiserem. Terão existido retrocessos no Afeganistão e no Iraque? Evidentemente que sim. Mas o inimigo não pode vencer militarmente. As suas armas são o terror e o caos. Está disposto a atacar todo o tipo de esperança ou progresso para tentar minar a moral das populações. Sabe que, se conseguir vencer a batalha da percepção, nós acabaremos por perder a nossa determinação e partiremos.

Vivemos tempos difíceis. Do coração de Manhattan e de Washington, até Bagdad, Cabul, Madrid, Bali e as Filipinas, soou o apelo às armas. O resultado desta luta determinará a natureza do nosso mundo nas décadas vindouras. Hoje, como ontem, o trabalho árduo da história cabe à América, à nossa coligação, ao nosso povo. Podemos levá-lo a cabo porque sabemos que a grande tarefa da história da humanidade é a luta pela liberdade - e essa está do nosso lado. "
DONALD H. RUMSFELD

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