A luta desigual ou a escolha da vítima
Ontem ao entardecer, na hora em que a temperatura aquieta e o bulício do dia começa a dar lugar à calma aparente da noite e em que apetece beber o ar, em vez de o respirar, porque, depois dos calores abrasadores, surgem os cheiros das flores, do chicha-melro, da esteva, do oregão e das ervas, que ainda resistiram à seca... Neste idílio, reparei então, que as cigarras se calaram e um silêncio se instalou repentinamente.
Do cimo do meu outeiro de atalaia e com todos os sentidos apurados ao máximo, dei então conta de um episódio que causou e quebrou todo o silêncio, provocando o eriçar de todos os meus curtos pêlos:
Uma cobra de tamanho razoável, largou uma ratazana que já abocanhara, começando a colocar-se em posição de defesa perante um grande perigo, transformando-se de predador em presa. O que provocou então esta mudança? - Outros predadores, surgiram então, estes meus conhecidos, neste caso uma cadela e o seu filhote cachorro, criados pelos humanos do sítio onde vivo. Perante o dilema e a confusão, tiveram de escolher, e escolheram a ratazana, que logo apanharam em campo aberto, gozando ainda como todos os predadores, com o roedor que apenas guinchava e tentava morder o cachorro, que decerto já bem ensinado, apenas serviu para lhe apurar o sentido da necessidade de ter de matar a presa, para completar o que a natureza lhe passou nos genes.
Este episódio fez-me lmbrar algumas discussões que têm acontecido acerca do clima de violência instalado e da situação de sitiados, em que uma grande maioria de humanos deste sítio se transformou, na sua própria terra, graças ao laxismo e à incúria dos dirigentes que mandam neste sítio, há cerca de 30 anos e que muitos deles puseram no poder.
Só lhes resta guinchar como a pobre ratazana, perante os predadores, que matam, ou ferem , neste caso, por motivos fúteis, a avaliar pelas roupas e hábitos que têm, como se de gente bem instalada se tratasse e pelos vistos estão bem instalados à sua maneira, bem protegidos pelos seus e pelos que deveriam zelar pela segurança dos ofendidos. Os cachorros pelo prazer e pelo instinto ancestral de matar fazem o seu trabalho, com o estômago cheio, portanto, sem necessidade de momento; os humanos de que falo, fazem-no também de estômago cheio e porque não lhes foi ensinado o controlo da emoção, do sentimento de si e dos seus, o sentimento e os valores da sociedade, e porque sabem, que os actos ficarão impunes.
Então a culpa vai morrer solteira?
Os responsáveis falam, que é preciso reformar e reformular, e de outros conceitos ocos, de quem ainda, e é pena, não sentiu o fio de uma navalha, porque de facto encheram os seus bolsos e ajudaram a encher, os dos babecos e hienas que babam e ladram à volta do corpo podre deste estado, explorando a mão de obra barata que importaram, deixando para os camelos e ursos o ónus das consequências de tudo isto.
Estes cachorros, da estória, se o dono diz larga, largam. Os outros, riem-se perante a autoridade de um estado ausente, a começar pelo supremo magistrado deste sítio, que mistura alhos com bugalhos, provocando mais tarde ou mais cedo um ódio, que é sempre irrracional, e não se sabe como vai terminar. Os grupos do politicamente correcto, chamam de racismo ou xenofobia a uma situação que eles próprios criaram, até que um dos seus mais chegados não seja vítima.
Se são alienados que se tratem como tal, sem remorsos e de forma exemplar. Mas... haverá estado para tal? Espera-se que a justiça não caia na rua, porque aí, não vai haver uma cabeça para cortar, como era o desejo de Tibério perante as turbas raivosas...
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