quinta-feira, outubro 13, 2005

Deus sive natura

Os humanos do sítio onde vivo continuam taciturnos, penso que tal estado é agravado pelo Outono tardio e porque perderam o hábito de ouvir a natureza.

Dizem:
Há um colapso de confiança.

Há uma crise de consciência.
Desintegra-se a classe média: a decadência corrói todos os valores, se não os inverte.

A Europa e o modelo em que assenta, está morta.

Não há Messias, nem surgem novos princípios filosóficos, apesar de tudo, não será necessário reinventar a filosofia, porque está escrita, mas muito esquecida e pouco debatida.

A ONU não existe como organização que diz ser, mercê do idealismo ingénuo de quantos acreditaram poder confiar a um organismo internacional a regulamentação de conflitos entre nações. Afinal, os humanos não mudaram e os conflitos vão agravar-se cada vez mais e a ONU não servirá para nada, senão para proteger os interesses de alguns.

A sociedade mudou, a família e o seu modelo tradicional desaparece. As gerações actuais, pensam que os estados têm capacidade para fazer o que a família fazia, como núcleo central da célula social, esquecendo, ( porque os angariadores de votos assim lhes fazem crer), que o chamado estado social não terá mais capacidade para cuidar dos mais novos e dos cada vez mais velhos humanos, que o criaram.

De facto o vazio está aí.

Hoje verifica-se que a grande maioria dos jovens não estão preparados para ser pais. As mulheres não estão preparadas para ser mães, inclusive aquelas que vêm dos estratos sociais mais baixos da sociedade, ou mesmo dos locais do chamado interior profundo.

As mulheres dos estratos sociais com maior poder económico, a par das outras que referi, pensam que parir é um acto banal e em que a medicina deve ser usada como uma ciência infalível e de preferência sem dor, preocupando-se no momento, mais com elas próprias: porque sentem uma perna dormente, que não têm mais forças (…), imitando as actrizes dos filmes que as televisões ou o cinema lhes impingem, do que, se o ser que vão gerar, está bem ou não.

Tornou-se moda, mostrar a barriguinha grávida, engravidar e parir em idade em que o risco para elas e ainda mais para os nascituros é demasiado, esquecendo que quando os filhos tiverem 20 anos elas terão idade para ser avós, se lá chegarem com saúde. Basta perguntar e ver o que se passa nas maternidades, em que se avança para cesarianas, por pressões cada vez mais intoleráveis; porque se as coisas correm mal, há sempre um bom advogado para mover um processo e receber daí uma boa indemnização. Mulheres vindas de um Brasil, em que falar em pobreza é pouco (o exemplo é real e é isento de conotação), exigem assim que chegam à maternidade uma “cesária”…

Mas a natureza existe e impõe as suas regras, provocando aquilo que por vezes é inevitável.

Como toupeira preocupa-me com o que ouço de alguns humanos, mas nós toupeiras, somos criaturas de um Deus que não dorme, não compreendendo o que se passa na sociedade dos humanos e para nós o politicamente correcto não existe.
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