terça-feira, fevereiro 07, 2006

Claques e Cliques.

"Francisco José da Costa, conhecido no futebol por Costinha, deu em Setembro passado uma entrevista à revista Sábado na qual fez arrojadas revelações.

Disse o profissional de futebol, actualmente a jogar no estrangeiro, que a claque da sua anterior equipa “de dia ameaçava os jogadores e à noite jantava com os dirigentes”. Costinha relatava casos concretos de ameaças, insultos, agressões físicas, que chegaram a levar alguns jogadores a saírem da equipa, outros a pedir para não jogar “por medo”. “Uma vergonha”, concluía Costinha.

Um caso recente, com a mesma claque, veio trazer o assunto de novo à actualidade. O caso está sob investigação policial e, pelo sim, pelo não, a direcção da SAD anunciou que cortou relações com o bando organizado.

Claro que a violência em redor do futebol não começa nas claques, mas sim nas irresponsáveis declarações de dirigentes. Mas é pelas claques que a violência passa à prática, procurando intimidar os adversários e respectivos adeptos e, pelo que se sabe, as próprias equipas que as subsidiam.

O SIS já reconheceu, num relatório de 2002, que existem ligações entre os “núcleos duros” de certas claques e “organizações que promovem ideologias de legitimação da violência”. Os sucessivos governos prometeram intervir e o actual anunciou mesmo, em Outubro passado, medidas legislativas que afinal não chegaram. Entretanto, os campos da bola, e até mesmo campos de treinos, vão-se transformando em campos de batalha.

O futebol, o maior de todos os fenómenos globais, todos os dias vai perdendo o carácter de festa, transformando-se numa suja e brutal guerra de interesses.

Investigar as claques? Com certeza. Mas a prevenção deveria começar por interditar as cliques que incendeiam os ânimos e, segundo Costinha, até jantam depois com os incendiários
."

João Paulo Guerra

1 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Portugal contem no seu seio certos dirigentes-praticamente todos pois uma ou outra excepção apenas confirma a regra-que nos envergonham. E constata-se com tristeza que os que se vão embora são substituidos por outros que ultrapassam os primeiros em termos de arruaça.Podemos considerar que, a nivel desportivo, só aceita fazer parte duma SAD ou dum Clube quem,dada a sua tacanhez de espirito e falta de mérito,não tem , ou não quer ter,uma outra ocupação.Já tivemos dirigentes desportivos com mérito,por exemplo Fernando Martins no Benfica,Jose Roquete no Sporting e Américo Sá no Porto. Os tempos agora são outros, as pessoas são outras e ficamos envergonhados com os oportunistas que por aí pululam.

terça-feira, fevereiro 07, 2006  

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