Mal menor.

"Torturar ou não torturar? Cumprir ou não cumprir as convenções internacionais? Respeitar ou não os direitos humanos? Dar ou não crédito à AI e ao seu relatório esta semana publicado? A resposta de Bauer é a do juiz federal americano Richard Postner: "Se a tortura é o único meio de obter a informação necessária para prevenir a explosão de uma bomba no centro de Nova Iorque, então use-se a tortura. Ninguém que duvide disso deve estar numa posição de responsabilidade."E nós, espectadores, concordamos com eles nesta apologia do "mal menor". Na ficção (nesta e todas as outras em que "uns sopapos" para forçar confissões não nos merecem nem um pestanejar) e talvez na realidade. Porque é em nosso nome, e para nosso bem. Porque, vá saber-se porquê, nunca nos imaginamos no papel do torturado. E porque séries como esta, por acaso da cadeia americana Fox (considerada o braço mediático do bushismo) nos fizeram perceber tudo, aqui do nosso sofá. (Mais aqui)"

Fernanda Câncio

Neste “filme” só há dois papéis a imaginar: o do torturado e o do explodido. Porque, ao contrário do que apregoa o politicamente correcto, a superioridade moral da esquerda não serve de escudo de protecção. Efectivamente o torturado sobrevive à experiência. O explodido não. Logo somos obrigados a pensar no mal menor. Infelizmente. No entanto, se os alvos terroristas se resumirem somente aos “idiotas úteis” da Amnistia Internacional ou afins, claro que passamos a concordar com a protecção exacerbada de terroristas e aspirante ao lugar. É que "para variar", ao contrário do que se defende, os terroristas só assassinam quem está sentado no sofá.