domingo, junho 18, 2006

Carreiras e carreirismo.

"Em Portugal é mais fácil fazer carreira com base na inveja e na maledicência do que no brio.

Desde tempos imemoráveis, geração após geração, essa característica fundamental dos portugueses é incutida no nosso carácter desde os bancos da escola, onde os melhores a dizer mal do próximo são sempre mais populares do que os que se destacam pelo mérito.

Esse é um dos motivos porque é tão difícil mudar Portugal. Esse é igualmente um dos motivos porque Paulo Pereira, o banqueiro de investimento português que ontem fundou um banco de investimento que está nas bocas de Wall Street – e que hoje merece honras de manchete no Diário Económico –, nunca poderia ter chegado onde chegou se não tivesse partido.

Paulo Pereira é um exemplo do melhor que temos. É pena que Jorge Sampaio não se tenha lembrado dele quando, no final do seu mandato, distribuiu honrarias de Estado a granel a gente de mérito mais do que duvidoso por se ter destacado na paróquia. Por terem sido apenas sofríveis no meio da mediocridade geral.

Infelizmente, também na edição de hoje, e igualmente com honras de primeira página, temos um exemplo do Portugal no seu pior. A Anacom, um organismo do Estado que zela pela concorrência no sector das telecomunicações, apresenta os melhores resultados líquidos do sector a seguir à Portugal Telecom e à Vodafone. Cobra mais do que precisa e gasta mais do que devia. A começar pelos funcionários, mais de 400, entre efectivos e colaboradores externos, que deverão levar para casa este ano um total de 30 milhões de euros. Não é dinheiro dos contribuintes. É dos clientes das operadoras móveis, a TMN e a Vodafone, mas também a Optimus, a quem uma taxa de regulação mais barata ajudaria muito a regressar aos lucros. Pode-se perguntar o que faz este exército de 400 reguladores? Supostamente deviam produzir concorrência no sector das comunicações. O ‘track record’, no entanto, não é animador. Pode-se sempre argumentar que os lucros da PT ou da Vodafone são excessivos. Pode-se, é verdade. Mas não a Anacom. Se o fizesse, estaria apenas a reconhecer o seu fracasso. Numa altura em que este regulador entra numa nova fase, com uma nova administração, seria bom que houvesse mais rigor na gestão dos seus recursos humanos.

Poder-se-ia exigir, por exemplo, uma gestão por objectivos, mas ela já existe na Anacom: Garantir a estabilização do número de efectivos. Pelo menos não se pode acusar a Anacom de não ter uma política de recursos humanos transparente.
"

Pedro Marques Pereira

7 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Boa Pereira!Como estes haverá outros na conta do Estado.Há que PRACEá-los,já,ou então não há coerencia no discurso oficial.Isso não é dizer mal,que é vicio desta sociedade inquisidora.É antes "avaliar"(o que ninguem gosta, e percebe-se porquê...)

domingo, junho 18, 2006  
Anonymous Anónimo said...

Aí está ! Mais um banqueiro. Vamos a ver o que o homem vai fazer nos próximos 12 meses. Segundo a óptica do autor deste artigo devia ter sido medalhado pelo anterior PR ! Então uma pessoa só tem valor quando é medalhado por Belém ? E quem é que lha diz que o homem aceitava a medalha ?

domingo, junho 18, 2006  
Anonymous Anónimo said...

Bastou-me olhar para o titulo do artigo, para lhe os meus parabéns, é isso mesmo,não existe uma cultura vinda do Ministério da Educação,no sentido, que todos nós somos úteis, independentemente,de serem ricos ou pobres,este país desgraçado,só olha para os cursos de elite, medicina, jornalismo, advocacia etc.Não é pelas elites, mas pela competência, já dizia,aquele ditado popular "meu filho, antes quero que sejas, um bom sapateiro do que um mau doutor". Em Portugal, existem poucos bons sapateiros, porque, existem muitos maus doutores.

domingo, junho 18, 2006  
Anonymous Anónimo said...

400 colaboradores! Agora fiquei de boca aberta, isto depois de há pouco tempo ter enviado um email à Anacom a pedir um esclarecimento e eles nem sequer se deram ao trabalho de responder. Deve ser por falta de pessoal.

domingo, junho 18, 2006  
Anonymous Anónimo said...

Um exemplo de que o Socrates e o ministro das finanças andam a dormir! Se os reguladores e institutos tem este tipo de orientação, como se atreve o ministro das finanças a roubar 5% ( anunciado hoje na televisão) aos farmacos adquiridos, por pensionistas com 200 euros, de pensão, isto com a explicação, para aumentar o consumo dos farmacos genericos, sem indicar que poupança o ministrerio vai fazer com este corte! Para que deu o Socrates um pseudo beneficio aos reformados, com mais de 80 anos? para a seguir roubarem 5% nos farmacos? de 25% desconto passa para 20%...........

domingo, junho 18, 2006  
Anonymous Anónimo said...

...a"nossa terra é má mãe, mas boa madrasta". Tem razão o autor quando refere que vem de tempos imemoraveis e dos bancos da escola a nossa esperteza; diria mais: é uma questão genética. Quando eu era obrigado a caracterizar o grupo-turma, cheava sempre às mesmas conclusões: 20% de imbecis; 60% de espertos; 20%de inteligentes.E, como dizem os "espertos":1)"em terra de cegos, quem tem um olho é rei"; 2)"a trabalhar, não tenho tempo para ganhar dinheiro". É bom reflectir,em tais ditotes!

domingo, junho 18, 2006  
Anonymous Anónimo said...

Na mouche,não obstante não trazer novidades para os mais experientes, a não ser,no meu caso,no que respeita aos colaboradores da Aanacom!IMPRESSIONANTE por serem muitos parasitas e por auferirem remunerações exorbitantes.E Sócrates que não descansa enquanto não diminui o nº de funcionários públicos?O que faz o homem corajoso?Vai tomar medidas relativamente à Ancom? Claro que não!A maior parte deve ser constituida por boys/compinchas/camaradas.E vale a pena ser boy pois quem o fôr....evita problemas designafamente de natureza.....É ver o que (não) aconteceu com o camarada ......que se safou.....enquanto outros estão(possivelmente justamente).....com o credo na boca.Quanto à outra vertente do artigo tem toda a razão.Vejamos:uma determinada classe de altos dirigentes da Administração Pública vinha(e vem) tendo reuniões periódicas com um Dirigente do escalão imediatamente superior(embora não sendo do quadro,mas nomeado ministerialmente)e com Ministro/Secretário de Estado.E o que se passava/passa nessas reuniões de trabalho?Só isto:alguns dos dirigentes iam(vão) no dia anterior e vão preparando o "ataque bajulador" ,procurando aliciar certas pessoas(não as identifico por motivos óbvios) para cairem nas suas boas graças.No dia seguinte,aguardavam que os outros interviessem,punham-se "em bicos de pés" ou "na crista da onda" e....iam conseguindo os seus objectivos,tudo sorrisos....deixando o "trabalho de casa" para os mais frontais!E isto funcionava em termos profissionais,não obstante os que recorriam a estes processos serem os mais incompetentes !

domingo, junho 18, 2006  

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