Férias judiciais-
"O secretário de Estado da Justiça congratulou-se ontem com o facto de terem sido marcadas sete vezes mais diligências nos tribunais entre 15 de Julho e 31 de Agosto deste ano do que em igual período do ano transacto. Foi assim, de modo lapidar, que decretou o sucesso da medida do Governo que pôs fim às férias judiciais nos termos em que vigoravam até ao ano passado, ou seja, entre 15 de Julho e 16 de Setembro. Não querendo, os magistrados foram obrigados pelo Governo a trabalhar mais, foi o que nos quis dizer o secretário de Estado numa exuberante manifestação de auto-elogio.
Ora a satisfação do governante seria um bom sinal se correspondesse de algum modo à realidade. E não está sequer lá perto. O Governo pode adiantar as estatísticas de marcação de diligências que quiser, mas elas não resistem a uma simples visita a dois ou três tribunais. Não estão a realizar-se julgamentos nem sequer grande parte das ditas diligências marcadas. Os tribunais estão às moscas, as agendas da esmagadora maioria dos juízes estão vazias entre o dia 15 de Julho e o princípio de Setembro, alguma diligência que escape ao clima geral de desinteresse e resistência passiva é caso insólito. Quer o Governo queira ou não, as férias judiciais concretizaram-se mesmo nos moldes em que vigoravam até aqui.
Esta é uma daquelas questões que evoluíram no pior sentido possível. Não estando em causa que se tornava necessário alterar o regime das férias judiciais, ela foi transformada de forma demagógica numa questão política pelo primeiro-ministro. Nos últimos anos tornou-se politicamente correcta a ideia de que há coisas que não mudam na administração pública devido a interesses corporativos instalados e não à incompetência dos governantes. Por isso, seria de bom tom dar um sinal de determinação e coragem e enfrentar tais interesses. Não pela via da negociação de um projecto sério, mas em função de um tiro dado numa declaração política a decretar um resultado a que posteriormente se adaptará um caminho qualquer para lá chegar. O resultado está à vista: nada mudou, os cidadãos não vêem os assuntos tratados com maior celeridade, o assunto está mergulhado num insensato confronto de argumentos inúteis e sem aderência à realidade, os tribunais só estão a tratar processos urgentes. E daqui já ninguém sai bem: nem o Governo nem os operadores judiciários. Tudo começou mal e tudo vai acabar mal para as duas partes, em prejuízo dos portugueses. "
Ora a satisfação do governante seria um bom sinal se correspondesse de algum modo à realidade. E não está sequer lá perto. O Governo pode adiantar as estatísticas de marcação de diligências que quiser, mas elas não resistem a uma simples visita a dois ou três tribunais. Não estão a realizar-se julgamentos nem sequer grande parte das ditas diligências marcadas. Os tribunais estão às moscas, as agendas da esmagadora maioria dos juízes estão vazias entre o dia 15 de Julho e o princípio de Setembro, alguma diligência que escape ao clima geral de desinteresse e resistência passiva é caso insólito. Quer o Governo queira ou não, as férias judiciais concretizaram-se mesmo nos moldes em que vigoravam até aqui.
Esta é uma daquelas questões que evoluíram no pior sentido possível. Não estando em causa que se tornava necessário alterar o regime das férias judiciais, ela foi transformada de forma demagógica numa questão política pelo primeiro-ministro. Nos últimos anos tornou-se politicamente correcta a ideia de que há coisas que não mudam na administração pública devido a interesses corporativos instalados e não à incompetência dos governantes. Por isso, seria de bom tom dar um sinal de determinação e coragem e enfrentar tais interesses. Não pela via da negociação de um projecto sério, mas em função de um tiro dado numa declaração política a decretar um resultado a que posteriormente se adaptará um caminho qualquer para lá chegar. O resultado está à vista: nada mudou, os cidadãos não vêem os assuntos tratados com maior celeridade, o assunto está mergulhado num insensato confronto de argumentos inúteis e sem aderência à realidade, os tribunais só estão a tratar processos urgentes. E daqui já ninguém sai bem: nem o Governo nem os operadores judiciários. Tudo começou mal e tudo vai acabar mal para as duas partes, em prejuízo dos portugueses. "
Eduardo Dâmaso
3 Comments:
Mais uma propaganda política nas vésperas de se verem os verdadeiros números de decisões efectuadas durante o verão e notificadas aos srs. advogados (que vão diminuir substancialmente), para se verificar então que tudo ficou pior! Todos sabem que o juízes trabalhavam durante as férias nas decisões de natureza mais complexa, o que agora certamente dixou de suceder.
Estou à vontade pk, apsear de trablhar num tribunal, não sou nenhum deles, mas sou um daqueles que passava o tempo a notificar as parte de várias decisões realizadas durante tal período e posso garantir-vos que os gabinetes do tribunal onde trabalho, outrora com o seu titular, estão actualmente vazios.
Srs. políticos sejam pelo menos uma vez sérios e reconheçam os vosso erros.
E é assim que passado um ano da tomada de posse deste Governo, depois de todos estes meses de foguetório e promessas de investimentos e outras artes propagandísticas de amanhãs que cantam, aquilo que vamos vendo, para além do cinto apertado na barriguinha dos mais pobres, para lá dos sacrifícios que se impõem aos mais fracos, apesar de toda a redução de despesas que não contemplam salários principescos das clientelas e múltiplas reformas para a corte y sus muchachos mas sim os ordenados dos simples funcionários públicos, aquilo que vemos são, para lá dos pareceres a peso de ouro que uma administração pública profissionalizada teria o dever de fornecer, depois dos anúncios de despesismos desconcertantes como as Otas e os TGV(s) entre Lisboa e Porto -porque não entre Alguidares de Baixo, Alguidares de Cima e isto sem esquecer os do centro que também pagam os seus impostozinhos- e depois de verificarmos que o povo continua com maus serviços na educação ou na saúde, por exemplo, de sabermos que o estado vai ser reformulado a partir de uma auditoria(!?!?!?) como disse um Ministro em serão televisivo na passada segunda, ainda temos a oportunidade de lermos uma notícia como esta.
Nada que um bom choque tecnológico não resolva, ouvir-se-à, certamente, a partir do quintal que guarda Pintogal -lá estrago tudo, ia tão bem, sem falar no Pintogal do padecimento lusitano- naturalmente a bem da nação.
Este "rw" escreve uns parágrafos maiores que a légua da Póvoa... Chiça, penico!
Enviar um comentário
<< Home