( In ) Temperança
O excelente texto de Caldeira no seu blog, que chamou de “Têmpera” deu-me algum prazer em escrever este artigo, porque o texto em questão evoca uma realidade em morte acelerada, de um certo ruralismo que ainda tem impregnado no seu íntimo a razão do ser e do haver das regras da ética e da moral de uma sociedade, que está a ser assassinada pelos falsos profetas do politicamente correcto e dos novos evangelistas do laicismo a todo o custo.
Os antigos ferreiros ou cutileiros sabiam a cor certa do rubro do aço e quando o deviam temperar e depois como o deviam testar, acerca da sua rijeza e ao mesmo tempo da elasticidade quanto bastasse.
Nós os Portugueses somos de que têmpera? De que matéria, quando nos fazem chegar ao rubro? Quebramos sempre como parece agora?
Com tudo nas mãos dos mesmos como fazer?
As histórias que conta todos nós, eu por mim, tenho ouvido centenas, revoltam e mostram que há dois pesos e duas medidas.
O estado morreu em Portugal, e pode registar que antes de Abril existia, com muitos defeitos, regime autoritário a que chamar de fascista acho de abusivo, (opinião minha e que assumo). Mas depois, é facto que o Estado deixou de facto de existir, deixando uma pergunta; é ou não uma questão de regime?
As polémicas existem e são muitas, mas a história e as pessoas podem ser avaliadas, à luz dos fatos de então, mas nunca por aqueles que depois, afinal, se serviram do poder para criar teias de interesses ou para dizer que as ideias deles é que eram as boas, apesar de se saber que os regimes exemplo, que escolhiam como ideais, eram regimes muito mais violentos e com muito mais sangue nas mãos do que aquele a que se opunham no seu país, querendo agora fazer uma fundação, com a qual concordo, se os que a defendem ou vierem a gerir, na altura, não eram ardorosos defensores dos regimes da chamada Europa de leste ou de Estaline, sabendo melhor dos factos porque por lá passaram em romarias.
Se os jornais e todos os meios de comunicação social são controlados pelos que são elementos da quadrilha organizada que tomou conta do estado, em todos os sectores da soberania, como resolver este problema?
É para mim uma questão que D. Quixote gostaria de resolver se lhe aparecesse uma Mancha deste tamanho, mas decerto seria vencido pelo primeiro moinho que lhe aparecesse, depois de ter o coração em pedra por uma Dulcineia que afinal era feia, disforme ou nem existia.
Será que somos todos mais ou menos cavaleiros da triste figura?
Quantos Portugueses existem que não tenham rabos de palha?
Quantos acreditam que o sistema está caduco e não pode ser mudado por dentro?
Quantos acreditam que não há um único agente político eleito neste país que não seja sério? E desses quantos são capazes de o dizer abertamente, sem que sejam perseguidos mais tarde ou mais cedo?
Liberdade nesta selva, dispenso.
Justiça como existe, dispenso.
Igualdade de oportunidades só se se aderir a quadrilha, dispenso.
O povo? Está aí, muitos dele vivem do estado social que alimenta o voto e o monstro, o outro povo de que fala está perdido como nós estamos, como eu me sinto, embora conhecendo a causa das coisas nada posso fazer, apenas no dia a dia e no dia seguinte, fazendo com que me sinta bem comigo e com os meus.
A democracia directa, não sei o que é. Aliás não sei o que é a democracia fora do conceito abstracto, sei que se o conceito fora aplicado não existe , nem aqui nem em qualquer sítio que queiram chamar de mundo ocidental, porque foi morto pelo polvo de que pouco gosto de falar e de que pouco se poderá falar em breve, mais breve, do que possam imaginar.
Cito um pequeno excerto de O Novíssimo Príncipe de Adriano Moreira, que considero uma excelente definição para os aprendizes de feiticeiro que são os líderes eleitos, das chamadas democracias ocidentais:
“as lideranças ocidentais em recuo não conseguem ir mais além do que foi Pilatos, um céptico oficial colonial, cuidadoso da sua carreira, inquieto com a promoção, atento ao salário, de mãos lavadas, o que é diferente de ter as mãos limpas”.
Fiquem com Deus ou com quem, ou o que quiserem...
1 Comments:
1) "o Estado deixou de facto de existir";
2) "os meios de comunicação social são controlados [pela](...)quadrilha organizada que tomou conta do estado";
3) [Estas]"histórias (...)mostram que há dois pesos e duas medidas."
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