"Passeio do Descontentamento"
"Quinta-feira, princípio da tarde o sr. Fernando Torres, membro da comissão que inventou o "passeio" no Rossio, disse à televisão: "Não foi para isto que os militares fizeram o 25 de Abril." Dois pontos. Primeiro ponto: convém lembrar ao sr. Torres que, se os militares "fizeram" o 25 de Abril, também "fizeram" o 28 de Maio e a ditadura e, durante a I República, dezenas de golpes de uma radical irresponsabilidade. O país não lhes deve nada. Segundo ponto: o sr. Torres, consciente ou inconscientemente, ameaçou o poder civil, a que está subordinado e a que jurou obedecer.
Na altura em que se permitiram associações profissionais de militares, com a saloiíssima desculpa de que também se permitiam na "Europa", era de prever que elas, tarde ou cedo, levassem a um sarilho sério.
Proibido pela lei, pelo Governo e pelos chefes de Estado-Maior, o "passeio" do Rossio põe o poder civil numa situação sem saída: ou engole e se desautoriza, ou reprime e agrava o caso, ou deixa andar e pune à socapa os cabecilhas, com uma cobardia que o irá fatalmente enfraquecer. Escolha o que escolher, perde sempre."
Vasco PulidoValente
(Público)
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