Não aos lamentos, sim ao trabalho.
"Chove duas semanas seguidas e ai as cheias. Um Dezembro ensolarado e é a tragédia da seca no Verão. Está no sangue: queixamo-nos porque sim e porque não. E os empresários, como bons patriotas, não fogem à regra. Não gostam que o Estado se meta na vida deles, mas quando o Governo corta nos subsídios ou nos apoios fiscais, esquecem a matriz liberal e aqui d’el Rei que o poder político não apoia as empresas.
As fortes valorizações do euro face ao dólar, registadas ultimamente no mercado cambial, são mais uma situação de potencial descontentamento de empresários e economistas. Até porque atinge parte do sector exportador que é, neste momento, o único motor da economia portuguesa. E o pior, ao que tudo indica, é que a moeda única forte veio para ficar. Portanto, mais umas semanas assim, e lá teremos os lamentos do costume: a retoma está em perigo e a luz que se vê ao fundo do túnel não é a salvação mas o comboio que vem contra nós. Ou não. Será diferente desta vez? Será que os empresários vão enfrentar o problema?
A desvalorização do dólar é uma tendência certa no futuro próximo. Primeiro, porque o défice externo norte-americano (6,6% do PIB) assim obriga para que se registe a devida correcção. Em segundo, porque o diferencial positivo dos juros a favor da Europa, em conjunto com projecções mais sombrias para a economia americana, é incentivo suficiente para os investidores internacionais venderem activos em moeda verde e reforçarem em euros.
Ainda assim, não é certo que no final a economia portuguesa seja prejudicada. É verdade que a moeda única forte dificulta as exportações para fora da zona euro, porque ficam mais caras quando o preço passa a estar denominado em dólares. Contudo, somente 20% das vendas nacionais são para fora da Europa. Ou seja, a esmagadora maioria das exportações estão protegidas pelo chapéu do euro. Por outro lado, dólar fraco é sinónimo de importações mais baratas de petróleo, o que significa fortes poupanças num importante factor de custos das empresas. Ou seja, uma condição relevante para que haja estabilidade de preços.
Conclusão: o perigo deste movimento cambial recai sobre um pequeno grupo de empresários, mas que não devem ser menosprezados. São os que têm a coragem de desbravar outros mercados, potencialmente mais difíceis pelo desconhecimento que existe, e que estão na vanguarda da economia nacional. O significativo crescimento das exportações este ano está a ser garantido pelas vendas nos Estados Unidos, Angola, Brasil e restante América Latina. O dólar fraco pode matar à nascença esta mudança estrutural e fundamental para a economia. Cabe aos empresários provarem a sua raça e combaterem a pior das idiossincrasias nacionais. Não se lamentem, trabalhem mais e melhor."
Bruno Proença
As fortes valorizações do euro face ao dólar, registadas ultimamente no mercado cambial, são mais uma situação de potencial descontentamento de empresários e economistas. Até porque atinge parte do sector exportador que é, neste momento, o único motor da economia portuguesa. E o pior, ao que tudo indica, é que a moeda única forte veio para ficar. Portanto, mais umas semanas assim, e lá teremos os lamentos do costume: a retoma está em perigo e a luz que se vê ao fundo do túnel não é a salvação mas o comboio que vem contra nós. Ou não. Será diferente desta vez? Será que os empresários vão enfrentar o problema?
A desvalorização do dólar é uma tendência certa no futuro próximo. Primeiro, porque o défice externo norte-americano (6,6% do PIB) assim obriga para que se registe a devida correcção. Em segundo, porque o diferencial positivo dos juros a favor da Europa, em conjunto com projecções mais sombrias para a economia americana, é incentivo suficiente para os investidores internacionais venderem activos em moeda verde e reforçarem em euros.
Ainda assim, não é certo que no final a economia portuguesa seja prejudicada. É verdade que a moeda única forte dificulta as exportações para fora da zona euro, porque ficam mais caras quando o preço passa a estar denominado em dólares. Contudo, somente 20% das vendas nacionais são para fora da Europa. Ou seja, a esmagadora maioria das exportações estão protegidas pelo chapéu do euro. Por outro lado, dólar fraco é sinónimo de importações mais baratas de petróleo, o que significa fortes poupanças num importante factor de custos das empresas. Ou seja, uma condição relevante para que haja estabilidade de preços.
Conclusão: o perigo deste movimento cambial recai sobre um pequeno grupo de empresários, mas que não devem ser menosprezados. São os que têm a coragem de desbravar outros mercados, potencialmente mais difíceis pelo desconhecimento que existe, e que estão na vanguarda da economia nacional. O significativo crescimento das exportações este ano está a ser garantido pelas vendas nos Estados Unidos, Angola, Brasil e restante América Latina. O dólar fraco pode matar à nascença esta mudança estrutural e fundamental para a economia. Cabe aos empresários provarem a sua raça e combaterem a pior das idiossincrasias nacionais. Não se lamentem, trabalhem mais e melhor."
Bruno Proença
9 Comments:
Caro Bruno,não podia estár mais de acordo com o apelativo titulo do seu editorial.Será que um dia destes ainda vamos ver o nosso "Euro" como a moeda mais forte do Planeta?.Empresários com coragem e determinação,que invistam em qualquer parte do mundo;são precisos para o melhoramento da Economia Portuguesa.Concordo na integra,com aquilo que escreveu.Infelizmente,pareça que a palavra dominante na nossa sociedade é:Corrupção!
Com tantos conselheiros a largar postas de pescada só me admiro porque não saímos da cauda da Europa. Porque razão estes conselheiros não criam empresas e, através do exemplo, convencem de que as suas teorias estão certas? A afirmação do editorialista de que "os empresários não gostam que o Estado se meta na vida deles", parece-me nâo corresponder à verdade, porquanto por aquilo que observo e os dados estatísticos o demonstram é que os empresários querem é cada vez mais sinheiro do Estado (subsídios, isenções e perdões fiscais, etc)O que não querem é pagar impostos como a maioria dos trabalhadores por conta de outrem são obrigados a fazer. Será?
Este artigo ,além de partir de algumas premissas erradas.parece ignorar que a"derrocada" do dólar está anunciada, desde há muito.Simplesmente os chineses actuam como a Cófidis:têm de manter o cliente vivo e para isso compram os bilhetinhos do Tesouro americano´.Quanto a Portugal e o euro,o que seria de nós se não recebessemos neste " novos marcos"? Gente pobre ,mas com boa moeda no bolso...
As flutuações cambiais são um anacronismo numa economia mundial que se quer cada vez mais aberta e mais concorrencial. E é um assunto em que pouco se repara. A valorização do Euro face ao Dolar nos ultimos tempos tem constituido uma enorme vantagem para oa EUA (as elevadas taxas de crescimento devem muito a um dolar fraco) e uma desvantagem para a UE. Mas parece que desta vez a culpa não é do Sr Bush. Ja quanto à China (o tal país com tx de crescimento de 10%) o seu crescimento deve-se em parte a uma moeda mantida artificialmente baixa. É por isso que a globalização sem regras que sejam iguais para todos (direitos humanos, seg social, politicas cambiais, etc) é uma injustiça
Exactamente com a mesma opinião que aqui antes escrevi,digo que a questão da Economia Portuguesa, não é o que está escrito no artigo, mesmo que a argumentação seja boa e as conclusões sejam evidentes para qualquer oservador atento. Portugal,como espaço económico, com mais UE ou com mais soberania, tem neste periodo da história uma moeda SOBREVALORIZADA, para a realidade. O Euro com as suas regras funciona bem para a Alemanha , mas não serve a Portugal.200 anos de divergência ,não são resolvidos em 5,10, ou 20 ,nem com uma produtividade superior em 10%. Conclusão:Definam-se metas económicas em todos os sectores(agricultura e industria incluidos)reduza-se o estado administrativo,coloque-se o ensino ao serviço dessas metas ,incentive-se e premei-se a iniciativa, e que o estado nação tenha poderes em todas as politicas , incluindo as monatárias e cambiais. Ou então continuem a observar a paridade deste euro, com este dollar ,a dizer que é problemas do exportadores ou dos importadores ou do turismo ou do preço do petróleo e os Portugueses tem o caminho da emigração assegurado para os mesmos destinos de há 200 anos.
Uma excelente análise,sintética e precisa como convém.Hoje fomos prodigalizados,com excelentes "peças" jornalísticas.Está o Diário de parabéns.Em relação á matéria abordada,devo dizer que os acontecimentos,vêm infelizmente confirmar as minhas cautelas na abordagem dos últimos resultados do INE.É que a diversificação estrutural e de destinos das exportações que se adivinhavam nesses números divulgados,ainda não eram valores consolidados,e poderiam ser fruto da conjuntura económica do momento.E aí está a confirmação do perigo.Contudo,como o articulista,penso que o caminho que está a ser trilhado,é o bom caminho.Há que persistir.
Concordo com o artigo. Queria apenas complementar salientando que o deficit comercial dos eua irá provocar mais tarde ou mais cedo a necessidade de um ajustamento. A economia mundial vai ter de enfrentar a " crise no mercado internacional de bens e muito possivelmente no mercado financeiro.
Tal como o frio,calor,chuva ou seca,tambem nao temos control sobre o valor do dolar,deve ser portanto factor irrelevante ate porque a nossa concorrencia esta sujeita as mesmas condicoes. Apostem na formacao a nivel de gerencia e marketing porque ha espaco para os nossos produtos de qualidade, especificamente os nossos vinhos.Sendo os Estados Unidos o maior importador de vinhos Portugueses, estamos, em relacao ha moeda,a concorrer em pe de igualdade com a Franca por exemplo. A diferenca e que quem consome o nosso vinho sao os Portugueses que como eu aqui vivem ( cerca de um milhao entre Portugueses e descendentes) e dificilmente encontramos os nossos vinhos em algum hotel,ou restaurante fora da nossa comunidade ou na lista de vinhos de algum navio cruzeiro e se por um lado e triste que assim seja, por outro constatamos que ha espaco, um mercado de 299 milhoes ainda nao penetrado onde os Franceses estao e sempre estiveram. Nao se limitem ao mercado da saudade,apostem na formacao e qualidade e sobretudo arregacem as mangas... Nao estou ligado a este sector de negocio, simplesmente expresso aqui uma opiniao.OBRIGADO.
O facto é que adoramos queixar-nos porque todos o fazem sem que isso se veja como uma forma estranha de estar na vida, visto ser a forma encarada como mais normal do mundo. Os ingleses veem a sua moeda forte como uma vantagem uma vez que apostam em grande produçao de qualidade e tudo se vende e tambem porque podem auferir de vantagens nas importaçoes, vitais numa economia insular. Nao vejo quais os problemas que esta situaçao possa causar, mas pode ver-se e a adversidade à mudança por parte dos portugueses. A situaçao apenas mudou. os portugueses e os seus empresarios estavam habituados a uma moeda fraca e com uma grande capacidade de desvalorizaçao e, portanto, ainda nao se mentalizaram que quase 6 anos de euro forte fariam mudar o modo como nos comportamos. A Alemanha como grande economia que e adaptou-se porque ja estava habituada a este sistema de moeda tendencialmente forte. A Italia, Portugal e Espanha, paises do Sul com moedas fracas e maleaveis acharam que poderiam continuar a comportar-se como ate entao. Resultado: Italia com deficit de exportaçoes enorme e preços muito mais altos, espanha com enorme défice comercial que cresce cada vez mais e Portugal que nem vale a pena comentar porque está à vista. Alias, a tendencia com o encarrilamento das economias europeias e o descarrilamento da economia americana (como referencia ate a nivel de moeda) faz com que o euro nao so valorize como o proprio dolar desvalorize. Creio que e tempo de que os nossos empresarios pensem em fazer mais e queixar-se menos.
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