terça-feira, dezembro 26, 2006

A Política Monetária em 2007- Fecho de Ciclos

"Em 2007 encerrar-se-ão os ciclos de política monetária de cariz mais contraccionista, excepto no Japão onde apenas se deu o primeiro passo no processo de normalização das taxas de juro. Nos EUA, o ciclo terminou em Junho de 2006, sendo provável que as taxas de juro de referência se mantenham inalteradas até meados do novo ano; na UEM e na Suíça, as autoridades monetárias poderão prolongar o ciclo até ao final do primeiro semestre, colocando as taxas em 4% e 2.5%, respectivamente; no Reino Unido, ainda é possível que o Banco de Inglaterra anuncie mais uma aumento da repo-rate, colocando-a em 5.25%.

Teresa Gil Pinheiro, do Departamento de Estudos Económicos e Financeiros do BPI

FED

Terminou o ciclo de subida de taxas em Junho de 2006, quando a taxa dos fed-funds atingiu os 5.25%. Posteriormente, o discurso tem-se mantido razoavelmente inalterado considerando que a economia irá crescer um pouco abaixo do potencial e que as pressões inflacionistas deverão evoluir favoravelmente. Todavia, segundo esta autoridade monetária, os riscos inflacionistas mantêm-se no sentido de alta, pelo que o enviesamento da política monetária se mantém no sentido de subida. Nas declarações posteriores à última reunião de 2006, a Fed alterou ligeiramente o seu discurso quanto à evolução da economia, considerando que o abrandamento da mesma se deve a um substancial arrefecimento da actividade no mercado imobiliário. Não obstante esta modificação no discurso, mantemos inalterado o nosso cenário central de que o ciclo de estabilidade das taxas de juro norte-americano se prolongará até meados de 2007. Ainda que sejam evidentes os sinais de que a economia irá crescer mais moderadamente nos próximos trimestres, parecem manter-se activos alguns factores que apontam para que o arrefecimento seja moderado. Destes destacamos o facto de o mercado de trabalho continuar a evidenciar um comportamento favorável, continuando a verificar-se que a economia ainda tem capacidade para gerar novos postos de trabalho. Este facto resultará também do facto de nos últimos anos de forte crescimento da economia, o ritmo de criação de postos de trabalho ter sido moderado, limitando agora a destruição de empregos. Paralelamente, também a solidez financeira das empresas contribuirá para limitar os despedimentos. No que concerne ao comportamento dos preços, parece pouco plausível considerar a prática de uma política monetária de cariz mais expansionista enquanto a taxa de inflação core se situar acima do intervalo de confiança da Fed, o que poderá não acontecer antes de Verão de 2007. No entanto, será importante ter em conta que à medida que se confirmam os sinais de abrandamento da actividade económica e que as pressões inflacionistas se dissipam (para o que também será importante a estabilização do preço do petróleo), a Fed tenderá a suavizar o seu discurso, alterando o enviesamento de hawkish para neutral, sem que isso indique necessariamente que estaremos na iminência do momento de viragem da do ciclo de política monetária.


BCE
Desde que iniciou, em Dezembro de 2005, o processo de normalização da política monetária, o BCE aumentou em 125 pontos base a sua taxa de referência, colocando-a em 3.5% em Dezembro deste ano. Nas declarações posteriores à última reunião, o BCE deixou claro que ainda não terminou o processo, referindo que as taxas se mantêm em níveis acomodatícios e considerando necessário actuar firme e atempadamente de modo a assegurar a estabilidade dos preços. Simultaneamente o BCE reviu em alta as suas previsões de crescimento em 2006 e 2007, estimando que em 2008 o ritmo de crescimento se mantenha robusto. Na realidade, os últimos indicadores sugerem que o crescimento da economia na zona euro continuará a evoluir favoravelmente. Destes destaca-se a robustez dos indicadores de actividade nos sectores das manufacturas e dos serviços, a recuperação do mercado de trabalho e a aceleração do investimento. Paralelamente, também é importante o facto de que a economia europeia se apresentar menos vulnerável ao comportamento da economia norte-americana – nos últimos seis anos o peso das exportações da UEM para os EUA caiu de 27.5% para 23.5%. Entretanto, o cenário traçado para a inflação mostrou-se mais benigno nas projecções de Dezembro do que nas de Setembro. No entanto, o BCE apenas espera que a inflação desacelere para níveis ligeiramente abaixo dos 2% em 2008, continuando preocupado com a evolução dos indicadores de liquidez e do crédito ao sector privado.


Assim sendo, parece plausível admitir que este banco central prolongará o ciclo de subida de taxas até ao final do primeiro semestre de 2007, encerrando o actual ciclo quando a refi-rate se situar em 4%, nível este mais próximo daquilo que o BCE considerará ser o nível neutral das taxas de juro na zona euro, ie aquele nível que não estimula nem retrai a economia. Posteriormente, o BCE deverá optar por manter as taxas de juro inalteradas durante o resto do ano. Face aos acontecimentos mais possível uma correcção nos primeiros meses de 2007. Adicionalmente, não é provável um overshooting do câmbio pois o abrandamento da economia dos EUA será moderado e no segundo semestre de 2007 deverá ser já visível a melhoria do cenário macroeconómico
."

Divulgue o seu blog!