As lanças chinesas em África
"Os tempos eram outros, os da Guerra Fria, quando África era ainda um campo de batalha entre o Ocidente e a União Soviética. Mas a China, ainda longe do apetite voraz por matérias-primas de hoje, já tinha o mesmo “modus operandi”. No minúsculo arquipélago de São Tomé e Príncipe, por exemplo, em finais da década de 80, podia apreciar-se um tenebroso edifício novo, sede do parlamento local, por sinal, exemplo da generosa amizade chinesa pelo então regime do presidente Pinto da Costa. S. Tomé ainda não sonhava em ter petróleo, era o equilíbrio de forças que importava. À época, a abertura das fronteiras chinesas ao investimento estrangeiro parecia uma miragem. Hoje, nem vinte anos depois, a China conseguiu o feito de aparecer como um novo Eldorado para o crescimento de pequenas empresas como de multinacionais gigantes. Em troca de recursos naturais e apoio na questão sensível de Taiwan, a República Popular não faz perguntas incómodas sobre questões como os direitos humanos e vai avançando em África. Com ou sem intermediários. Pequim, lê-se nas páginas 12 e 13 desta edição, elegeu, em 2006, Lisboa como parceiro estratégico na CPLP. Mas esse é um lugar que depressa podemos perder para Brasília, que mantém com a China relações de cooperação bem mais sofisticadas. "
Mónica Bello com Pedro Marques Pereira e Francisco Teixeira
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