Quando um ser vivo atrapalha...

1/ "Foi uma decisão sem alternativas. Já tínhamos acabado a relação, ia cada um para seu lado, mas eu nesse dia fiz 25 anos, encontramo-nos porque ele me trazia uma prenda... e aconteceu. Foi a primeira vez que tive relações descuidadas e tenho a impressão que foi das únicas. Sempre tomei a pílula, mas naquela altura, como já tinha acabado a relação, não estava a tomar. Foi um acidente. Eu já estava licenciada, já estava a trabalhar, podia sustentar uma criança, mas obviamente não ia ter um filho naquelas circunstâncias. Era uma relação de universitários, ia cada um para seu lado, não fazia sentido. Falei com o meu ex-namorado, o pai do dito feto, e foi uma decisão pacífica. Conversamos, ele foi comigo, pagamos a meias... (mais aqui)"

2/ "Tinha 28 anos, engravidei, não queria, não fazia nenhum sentido naquela altura da minha vida assumir uma gravidez. Não tinha nada a ver com questões económicas porque já era licenciada e felizmente podia assegurar uma outra criança. Mas aquela criança não fazia sentido e seria um acto de profundo egoísmo da minha parte levar aquela gravidez avante. Também para com o pai, porque eu não fazia tenções de viver com ele. Já tinha uma filha, tinha-me separado do pai dela e sabia o quão duro é para um pai não viver com o filho. Decidi rapidamente. Ninguém demora muito tempo a decidir. Dois, três dias, e a decisão fica muito clara na nossa cabeça e não há nada que nos faça voltar atrás. Uma mulher decidida a abortar, aborta (mais aqui)."

Vamos deixar-nos de hipocrisia. Aborta-se porque a criança atrapalha e não por falta de condições. E aborta-se de ânimo leve porque a “coisa humana” tem um valor relativo.