Marques Mendes deu uma lição de política.
"Marques Mendes deu uma lição de política. Da boa e velha política: quando o poder tremeu na Câmara de Lisboa, devolveu o poder aos eleitores. Parece óbvio, mas não é: em vez de proteger a corporação ou de refugiar o seu presidente nas muitas (e absurdas) imunidades da vida política, explicou serenamente aos lisboetas (ao país) que convenceu o presidente da Câmara de Lisboa a renunciar ao seu mandato. E que lhes cabe agora escolher um novo autarca.
Pode dizer-se: é uma escolha politicamente correcta. Talvez. Mas é a que melhor serve a perturbada relação entre a política e os eleitores. O que significa que a maior fatia da responsabilidade está, agora, nos eleitores. A mensagem é clara: quem olhar a política como um caminho para a impunidade deve ser travado. Na verdade, pode ir-se mais longe: quem olhar o poder como um salvo conduto terá os dias contados. Em Felgueiras ou no Marco de Canaveses, na Madeira ou em Oeiras, no Porto ou em Lisboa - em qualquer terreola deste país - é preciso ser. Já não basta parecer.
No excelente documentário de António Barreto sobre os portugueses, um pai surge plantado às quatro da manhã à porta de uma discoteca. Vem buscar a filha, de 17 anos. E revela: ela não acreditava no que lhe dizem os políticos. Assim mesmo, a frio. A política perdeu a varinha de condão: não entrega soluções. Dá apenas a ideia de se querer perpetuar no poder. Isto é, quando aqueles poucos (que exercem o poder por muitos) deixam de ser capazes de criar soluções universais, a sua utilidade extingue-se. Jeremy Bentham, o velho filósofo britânico que “criou” o utilitarismo, apoderou-se de uma frase alheia para resumir a lógica utilitária da política: “Gerar a maior felicidade do maior número”. Não importa agora recordar as fragilidades do utilitarismo: importa reconhecer a validade desta ideia simples - se a política não cria soluções que melhoram a vida de todos, mais vale não existir.
E de nada serve, portanto, lembrar as presunções de inocência ou a credibilidade de Carmona Rodrigues. O que está em causa não é jurídico: é emocional. Um país confia tanto mais nos seus líderes quanto a sua conduta for irrepreensível. Um frade de alma cristalina poderia dar um péssimo político. Mas alguém que seja um fazedor - deixando atrás de si um rasto de dúvidas - está a mais na política.
Lisboa está afundada em dívidas e dúvidas. Os lisboetas sabem, agora, que o poder de administração que entregam no momento em que votam lhes pertence. Talvez seja desta, finalmente, que um independente se lança à conquista dessa confiança dos eleitores. "
Martim Avillez Figueiredo
Pode dizer-se: é uma escolha politicamente correcta. Talvez. Mas é a que melhor serve a perturbada relação entre a política e os eleitores. O que significa que a maior fatia da responsabilidade está, agora, nos eleitores. A mensagem é clara: quem olhar a política como um caminho para a impunidade deve ser travado. Na verdade, pode ir-se mais longe: quem olhar o poder como um salvo conduto terá os dias contados. Em Felgueiras ou no Marco de Canaveses, na Madeira ou em Oeiras, no Porto ou em Lisboa - em qualquer terreola deste país - é preciso ser. Já não basta parecer.
No excelente documentário de António Barreto sobre os portugueses, um pai surge plantado às quatro da manhã à porta de uma discoteca. Vem buscar a filha, de 17 anos. E revela: ela não acreditava no que lhe dizem os políticos. Assim mesmo, a frio. A política perdeu a varinha de condão: não entrega soluções. Dá apenas a ideia de se querer perpetuar no poder. Isto é, quando aqueles poucos (que exercem o poder por muitos) deixam de ser capazes de criar soluções universais, a sua utilidade extingue-se. Jeremy Bentham, o velho filósofo britânico que “criou” o utilitarismo, apoderou-se de uma frase alheia para resumir a lógica utilitária da política: “Gerar a maior felicidade do maior número”. Não importa agora recordar as fragilidades do utilitarismo: importa reconhecer a validade desta ideia simples - se a política não cria soluções que melhoram a vida de todos, mais vale não existir.
E de nada serve, portanto, lembrar as presunções de inocência ou a credibilidade de Carmona Rodrigues. O que está em causa não é jurídico: é emocional. Um país confia tanto mais nos seus líderes quanto a sua conduta for irrepreensível. Um frade de alma cristalina poderia dar um péssimo político. Mas alguém que seja um fazedor - deixando atrás de si um rasto de dúvidas - está a mais na política.
Lisboa está afundada em dívidas e dúvidas. Os lisboetas sabem, agora, que o poder de administração que entregam no momento em que votam lhes pertence. Talvez seja desta, finalmente, que um independente se lança à conquista dessa confiança dos eleitores. "
Martim Avillez Figueiredo
11 Comments:
Marques Mendes só deu meia lição de política. Num pequeno livro de Max Weber "o político e o cientista" tudo levava a crer que o "cientista Carmona" seria rigoroso na ética. Qual quê ! Agarrou-se ao "tacho" qual dona Fátima de Felgueiras ! E a vergonha toda ...é que estamos a falar da nossa capital cidade. Concorreu com um ar angelical e sairá com um look inclassificável. Mas...nem o PS fica bem na foto. Tirando o príncipe João o que lhes resta ? O TóZé inseguro ? O licenciado Vara ? O conselheiro Coelho ? Nem com um plano Marshal conseguirão varrer o lixo e a lama em que a autarquia está atascada. Que tristeza !
O Dr. Marques Mendes deu uma grande lição a muita gente. Há muita gente incomodada. O PS que arranje um bom candidato para perder.
Desculpe,Martim,não foi bem assim.Recordo-lhe,que já no dia da inauguração do Túnel do Marquês,os jornalistas,tentaram falar a Carmona Rodrigues,sobre o assunto e ele "fugiu"..Todos,já comentavam este "assunto", e o próprio Marques Mendes,foi várias vezes interpelado a comentar ,e não o fez.Portanto,só ontem se decidiu a fazê-lo.Porque não o fez,mais cedo?E ainda,por cima, não quer eleições,para a Assembleia Municipal.Se isto é um bom exemplo,sinceramente.. Quanto à confiança do País,em pessoas irrepreensíveis,relembro os casos de Felgueiras,Oeiras e Gondomar-ganharam todos e com maiorias absolutas. Agora,aproveito,para lhe lembrar o caso de Leiria,pois a Sra., Presidente da Câmara,está envolvida no processo do apito dourado,mas como é amiga pessoal de M.Mendes,não lhe foi posto nenhum obstáculo.Já estou como o VG,POLÍTICA MEDÍOCRE.
A história política portuguesa diz-nos que para além de incompetência, prepotência, peculato, injustiça, usurpação de bens públicos e manutenção do poder pelo poder, há uma mudança de ciclo político de 4 em 4 décadas. Ou seja, faltam 7 anos de mediocridade para termos uma nova revolução e um novo paradigma. Que sejam anos curtos.
"se a política não cria soluções que melhoram a vida de todos, mais vale não existir." Plenamente de acordo, e nem vamos falar das funções do Estado, mas lembrar que esta ideia circulava em 1929 quando o liberalismo económico deu o "fanico" e o demoliberalismo, vulgo democracia, se encaminhou para as soluções intervencionistas a Leste e a Ocidente. Tenho fé que descubra que a sequência lógica de tal ideia seja discutir as funções do Estado não no campo da alternância mas no ringue da alternativa, vejamos se é democraticamente capaz... de se antecipar...
Lisboa é o exemplo do País: VERGONHA O PS também deveria fazer o mesmo, e só assim a politica poderá ganhar alguma credibilidade.
Finalmente sabemos que ainda há, em Portugal, um político rigoroso, sério, honesto, cumpridor de promessas. E esse é Marques Mendes. Os outros deviam pintar a cara de preto e estar calados. O PS em Felgueiras e no Montijo. O PC em Setúbal. O BE em Salvaterra de Magos. Mãos limpas, cabeça erguida, dormir tranquilo?... Portugal no seu melhor...
Exemplo, onde um maluco referiu o nome de Carmona e lá está ele a responder, e a abdicar do poder. Agora quando temos o 1. Aldrabão a confessar em televisão que prestou falsas declarações e se fez passar por aquilo que não é, e nada lhe acontece, é um exemplo da vergonha para o país e para a europa. Imaginemos que num concurso a um emprego digo que sou mestre quando na realidade sou licenciado, isso parece-me que é relevente e afasta logo qualquer candidato, não por não ser mestre mas por MENTIDO. Exemplo a seguir pelo 1.º Aldrabão.
O Zé povinho aceita tudo; tem as costas largas e o estômago forte para enriquecer os políticos com o seu trabalho escravo sem lhes vomitar em cima. Gosta de ser enganado e adora adormecer contente depois de perder o seu serão a embrutecer-se com telenovelas para atrasados mentáis
É cada vez mais evidente que precisamos de políticos honestos e bem intencionados que amem a sua Pátria, a sua cidade e o seu povo e de um povo educado para apreciar essas qualidades. Ser de direita, esquerda, de cima ou de baixo não interessa. Precisamos de gente séria e de estabilidade política.A política não pode ser teatro , mentiras e vigarices, enquanto o País se afunda. Voltámos aos tempos da 1ª República.É preciso acabar com este estado de coisas.
Não devia de haver dois pesos e duas medidas, as pessoas deviam ter consciência do que está bem ou mal, independentemente do partido. Este país precisa de uma mudança urgente das mentalidades para que possamos rapidamente aproximarmos dos restantes paises da CE. É muito importante que haja melhor liderança, quer seja nas empresas quer seja nos organismos públicos, no intuito de podermos trabalhar com responsabilidade e respeito pelos outros. Portugal só poderá crescer e aproximar-se dos restantes países se TODOS mas mesmo TODOS caminharmos no mesmo sentido mas para isso é fundamental o EXEMPLO dos responsáveis deste país (políticos e não só.
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