AS CONVICÇÕES DE UM HOMEM
"Em declarações ao "Expresso", Mário Soares confessou uma sincera admiração por ditadores (Chávez, um "homem de convicções") e trapaceiros (Lula). Do que ele não gosta é de regimes livres, capitalismo, globalização, Ocidente, Blair, Bush e americanos em geral (os "gringos").
Nenhuma novidade. Há anos que o dr. Soares profere extravagâncias assim sem abalar o seu prestígio. Curiosamente, desta vez meio mundo reparou no último "Expresso" para descobrir, com espanto, que o dr. Soares não envelheceu bem.
O espanto é capaz de ser excessivo. O lamento, não. Nunca tendo sido de esquerda, também nunca partilhei da raiva que a direita dedica ao dr. Soares, a pretexto da descolonização, ou da inépcia governativa, ou, enquanto PR, das ingerências no "cavaquismo". À semelhança de milhões, eu acreditava que a determinante acção do dr. Soares durante o PREC o definia melhor que os posteriores pecadilhos e erros crassos.
Há muito que custa manter a crença intacta. Com o tempo, e as sucessivas atoardas, uma pessoa vai duvidando se o dr. Soares actual é uma triste degenerescência do democrata de 1975, ou se o dr. Soares de 1975 foi, afinal, um desvio oportunista e estratégico face à natureza radical do senhor que por aí anda, a produzir opiniões grotescas e a desiludir velhos fiéis. Infelizmente, não é de hoje que o fundador do regime se aproximou do pensamento (digamos) de Boaventura Sousa Santos. Felizmente, hoje aproxima-se do respectivo descrédito."
Nenhuma novidade. Há anos que o dr. Soares profere extravagâncias assim sem abalar o seu prestígio. Curiosamente, desta vez meio mundo reparou no último "Expresso" para descobrir, com espanto, que o dr. Soares não envelheceu bem.
O espanto é capaz de ser excessivo. O lamento, não. Nunca tendo sido de esquerda, também nunca partilhei da raiva que a direita dedica ao dr. Soares, a pretexto da descolonização, ou da inépcia governativa, ou, enquanto PR, das ingerências no "cavaquismo". À semelhança de milhões, eu acreditava que a determinante acção do dr. Soares durante o PREC o definia melhor que os posteriores pecadilhos e erros crassos.
Há muito que custa manter a crença intacta. Com o tempo, e as sucessivas atoardas, uma pessoa vai duvidando se o dr. Soares actual é uma triste degenerescência do democrata de 1975, ou se o dr. Soares de 1975 foi, afinal, um desvio oportunista e estratégico face à natureza radical do senhor que por aí anda, a produzir opiniões grotescas e a desiludir velhos fiéis. Infelizmente, não é de hoje que o fundador do regime se aproximou do pensamento (digamos) de Boaventura Sousa Santos. Felizmente, hoje aproxima-se do respectivo descrédito."
Alberto Gonçalves
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