Capitalismo de Estado
"O PSI 20 está a subir pelo quarto ano consecutivo – desde o início de 2003. Nessa altura, as 20 empresas que servem de referência à praça lisboeta valiam, no seu conjunto, 36 mil milhões de euros. Hoje valem quase o triplo: 92 mil milhões de euros. Nos últimos dois anos, apenas quatro meses fecharam com uma queda no índice. Face a estes valores, poderia pensar-se que os investidores estariam a começar a retrair-se. Nada mais errado. Na primeira metade do ano, a bolsa subiu 20%, o que indica que, a manter-se o mesmo ritmo, fecharia o ano com uma valorização de 40%. A confirmar-se este valor, o que não seria extraordinário – é a marca registada nos últimos 12 meses, ou seja, desde Junho do ano passado – 2007 seria o melhor ano bolsista desde 1997. Há precisamente 10 anos.
O que significam estes números? Simples: os investidores valorizam as empresas em que entram como há muito não acontecia e acotovelam-se para entrar nas poucas novas empresas que vêm para a bolsa. A Martifer passou a ser o paradigma desta nova vaga do capitalismo popular. Cada uma das acções que colocou à venda atraiu 170 ordens de compra, e o prazo só termina hoje. Com tanta procura para tão pouca oferta, é surpreendente que não sejam as empresas a fazer fila para aproveitarem estas condições de mercado, que favorecem claramente quem vende.
Melhor atestado de incompetência não poderia haver para os CFO das nossas médias empresas, que continuam a financiar-se na banca numa altura em que as taxas de juro estão a subir. Parecem achar que estar cotado dá demasiado trabalho. Nisso, pelos vistos, os gestores privados têm muito, a aprender com os públicos. A Galp foi vendida a um preço considerado demasiado caro, no topo do preço de referência fixado pelos bancos. Vendeu ainda o que ainda tinha da Portucel. As operações foram um sucesso. Para o Estado, que encaixou 1,5 mil milhões de euros. Mas também para os investidores, que em oito meses ganharam 73% na Galp e 32% na Portucel, incluindo dividendos. Em oito meses, não está mal. No lado dos privados, muitas empresas dizem querer ir para a bolsa, mas sempre num prazo vago.
Nesta altura, já os taxistas começam a troçar de quem não entrou na Martifer e emitem recomendações sobre a REN. Pode ainda não ser altura de vender. Mas convém que o povo capitalista que por aí se gaba das suas mais valias na Galp comece a acautelar-se. É que as experiências do capitalismo popular acabam quase sempre da mesma forma. Quando o povo entra, já os tubarões saíram. "
Pedro Marques Pereira
O que significam estes números? Simples: os investidores valorizam as empresas em que entram como há muito não acontecia e acotovelam-se para entrar nas poucas novas empresas que vêm para a bolsa. A Martifer passou a ser o paradigma desta nova vaga do capitalismo popular. Cada uma das acções que colocou à venda atraiu 170 ordens de compra, e o prazo só termina hoje. Com tanta procura para tão pouca oferta, é surpreendente que não sejam as empresas a fazer fila para aproveitarem estas condições de mercado, que favorecem claramente quem vende.
Melhor atestado de incompetência não poderia haver para os CFO das nossas médias empresas, que continuam a financiar-se na banca numa altura em que as taxas de juro estão a subir. Parecem achar que estar cotado dá demasiado trabalho. Nisso, pelos vistos, os gestores privados têm muito, a aprender com os públicos. A Galp foi vendida a um preço considerado demasiado caro, no topo do preço de referência fixado pelos bancos. Vendeu ainda o que ainda tinha da Portucel. As operações foram um sucesso. Para o Estado, que encaixou 1,5 mil milhões de euros. Mas também para os investidores, que em oito meses ganharam 73% na Galp e 32% na Portucel, incluindo dividendos. Em oito meses, não está mal. No lado dos privados, muitas empresas dizem querer ir para a bolsa, mas sempre num prazo vago.
Nesta altura, já os taxistas começam a troçar de quem não entrou na Martifer e emitem recomendações sobre a REN. Pode ainda não ser altura de vender. Mas convém que o povo capitalista que por aí se gaba das suas mais valias na Galp comece a acautelar-se. É que as experiências do capitalismo popular acabam quase sempre da mesma forma. Quando o povo entra, já os tubarões saíram. "
Pedro Marques Pereira
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