quinta-feira, junho 21, 2007

Gramática

"Depois de não considerar os erros de ortografia nas provas de aferição, o Ministério da Educação desconsiderou a gramática no seu conjunto, excluindo a avaliação dos conhecimentos gramaticais dos exames nacionais de Língua Portuguesa. E fica sem saber-se o que é pior, se a exclusão da gramática se a explicação dada para o facto: os exames destinavam-se a avaliar a capacidade de compreender e de escrever um texto e não propriamente os conhecimentos sobre as regras que regulam o funcionamento da língua.

À margem da explicação semioficial, fazia-se constar que a exclusão da gramática tinha a ver com a trapalhada introduzida pela nova Terminologia Linguística que oficialmente está à experiência. E para evitar controvérsias entre os termos gramaticais correntes e o dicionário de cifras da TLEBS, deixou-se simplesmente cair a gramática. A trapalhada do costume quanto à educação.

Certo é que a Língua Portuguesa vai caindo aos bocados nas provas de aferição e exames nacionais, talvez para não entrar em choque com a prática de tratar a gramática a pontapé e a literatura com desdém. Já houve um ministro da Educação que “interviu” sobre o assunto, em directo na televisão. Também houve um secretário de Estado da Educação que se desculpou dos erros ortográficos com o corrector do computador.

O desprezo pela gramática é prova provada da demagogia com que se enche a boca com a palavra qualificação. Como se houvesse qualificação possível sem o domínio das regras da língua em que alguém se qualifica e, depois, exerce a habilitação adquirida. A menos que tudo isto subentenda um País que no futuro vai suspeitar dos livros e ler apenas, e mal, ‘dossiers’, prospectos e catálogos igualmente mal escritos
."

João Paulo Guerra

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