O turbulento milagre dos mil aeroportos e considerações sobre o sítio
O funcionamento irregular e caótico dos poderes públicos, os partidos, os grupos políticos ligados ao trabalho ou ao capital, chamados de associações, sindicatos, fundações, institutos, grupos de pressão e coacção, dizem ser, por direito, os representantes da democracia; são de facto o poder, e exercem a soberania por estarem e se reverem nos seus órgãos, mas existem e são fruto da conspiração, tráfico de influências, nepotismo. São os filhos da oligarquia instalada e da plutocracia que reina.
A usura desenfreada tomou o lugar da remuneração justa e comedida do capital; inúmeros parasitismos substituíram os ganhos lícitos na criação da riqueza. …
“Na vida pública como na vida privada, a falta de sinceridade desalenta e fatiga: nenhum regime político que emprega a mentira como método de governação, pode ter crédito na alma popular.”
Apelar contra os abusos, as injustiças, as irregularidades da administração, o favoritismo, a desordem e a imoralidade, corresponde a uma ideia, que a ser séria, obriga a tirar a camisa que alguns, ainda iludidos, voltam a vestir, quando o carrossel das eleições e as ilusões lhes são servidas, de véspera, pelo centrão e apêndices.
Ao menos não fazer parte do rebanho imenso é obrigação das pessoas de bem, ou dos que ainda pensam, sem desprezo pelos que deixaram de acreditar ou de pensar…
O regime fala em projectos que trarão felicidade e abundância, para alguns, decerto, os do costume…
O poder executivo é o gabinete dos amigos, onde se fazem as combinações nepotistas, a partilha de lugares, sob o olhar paternalista de quem exerce o poder de facto, os plutocratas, neste sítio cada vez mais maltratado.
Atrás do poder legislativo, encontravam-se os numerosos partidos políticos e os seus órgãos directivos, apoiando-se numa massa eleitoral dirigida por chefes locais – influentes, interesseiros e sem idealismo, fonte suprema, dos poderes do Estado.
Nestas condições, é bem difícil sustentar que tenhamos tido alguma vez eleições livres, ou que, por ocasião das consultas eleitorais, os cidadãos eleitores estivessem à altura de compreender a favor de quem deveriam pronunciar-se. …
Quantos se arrependeram, dias depois de votar, em quem votaram, ou de votar simplesmente…
“O plutocrata é uma espécie híbrida, intermediária entre a economia e a finança; é a «flor do mal» do pior capitalismo.”
Agora, a censura dos chamados órgãos de comunicação social, fazem o seu papel, usam a manipulação dos números e chamam-lhes pesquisas de opinião, filtram o que os patrões mandam e escrevem o que o dono manda e o dono manda que:
Afinal, aceitam-se todos os estudos para o novo aeroporto, adormecendo os silêncios de um lado, dos que julgam que ter um aeroporto ao pé da porta é bom e os apupos dos que julgam que o vão ter, por ser mais seguro e mais barato, perto de suas casas, esquecendo que o negócio dos milhões é para os que vivem longe daquilo que vão ser os subúrbios, como é hoje Sacavém, por exemplo.
O teatro é este, porque a decisão está há muito tomada e os chamados órgãos de soberania, sabem-no e gozam o prato.
Aguentem por seis meses, depois podem voltar a impar e a impor – parece o pai dizer…
A vergonha é coisa que não existe e os papagaios da comunicação social fazem o seu trabalho, porque afinal, como dizia Céline, qualquer galfarro tem direito ao seu naco de pão.
Da parábola do Grande Inquisidor de Dostoievsky que, no romance (…)“Os irmãos Karamazov”, surge na forma de poema composto por Ivan Karamazov, e que este recita ao seu irmão Aliocha, Jesus regressa ao mundo nos tempos da Inquisição espanhola. Embora tenha vindo “discretamente sem se mostrar”, não se passa muito tempo até ser reconhecido pelo povo e feito prisioneiro pelo Grande Inquisidor. Fechado no paço da Santa Inquisição, é interrogado, mas recusa-se a responder.
O Grande Inquisidor explica a Jesus que a humanidade é demasiado fraca para suportar a dádiva da liberdade. Não procura a liberdade, mas o pão – não o pão divino prometido por Jesus, mas o comum pão terreno. As pessoas estarão sempre prontas a adorar quem quer que lhes dê pão, necessitando assim que os seus governantes sejam deuses. O Grande Inquisidor diz a Jesus que os seus ensinamentos foram corrigidos de modo a poderem adaptar-se à humanidade tal como esta é realmente: “ Corrigimos a vossa obra e fizemo-la assentar no milagre, no mistério, e na autoridade. E os homens regozijaram-se por serem de novo conduzidos como rebanhos e por essa terrível dádiva que lhes causava tanto sofrimento lhes ter sido, enfim, tirada dos corações.”(…)
(…)“À proposição de Rousseau segundo a qual os homens nasciam livres, embora estivessem por toda a parte acorrentados, Joseph de Maistre opunha que pensar, pelo facto de umas quantas pessoas de vez em quando procurarem a liberdade, que todos os seres humanos a desejavam, era como pensar que, por existirem peixes-voadores, voar faz parte da natureza dos peixes.” John Gray in “Straw Dogs – Thoughts on human and other animals”
A usura desenfreada tomou o lugar da remuneração justa e comedida do capital; inúmeros parasitismos substituíram os ganhos lícitos na criação da riqueza. …
“Na vida pública como na vida privada, a falta de sinceridade desalenta e fatiga: nenhum regime político que emprega a mentira como método de governação, pode ter crédito na alma popular.”
Apelar contra os abusos, as injustiças, as irregularidades da administração, o favoritismo, a desordem e a imoralidade, corresponde a uma ideia, que a ser séria, obriga a tirar a camisa que alguns, ainda iludidos, voltam a vestir, quando o carrossel das eleições e as ilusões lhes são servidas, de véspera, pelo centrão e apêndices.
Ao menos não fazer parte do rebanho imenso é obrigação das pessoas de bem, ou dos que ainda pensam, sem desprezo pelos que deixaram de acreditar ou de pensar…
O regime fala em projectos que trarão felicidade e abundância, para alguns, decerto, os do costume…
O poder executivo é o gabinete dos amigos, onde se fazem as combinações nepotistas, a partilha de lugares, sob o olhar paternalista de quem exerce o poder de facto, os plutocratas, neste sítio cada vez mais maltratado.
Atrás do poder legislativo, encontravam-se os numerosos partidos políticos e os seus órgãos directivos, apoiando-se numa massa eleitoral dirigida por chefes locais – influentes, interesseiros e sem idealismo, fonte suprema, dos poderes do Estado.
Nestas condições, é bem difícil sustentar que tenhamos tido alguma vez eleições livres, ou que, por ocasião das consultas eleitorais, os cidadãos eleitores estivessem à altura de compreender a favor de quem deveriam pronunciar-se. …
Quantos se arrependeram, dias depois de votar, em quem votaram, ou de votar simplesmente…
“O plutocrata é uma espécie híbrida, intermediária entre a economia e a finança; é a «flor do mal» do pior capitalismo.”
Agora, a censura dos chamados órgãos de comunicação social, fazem o seu papel, usam a manipulação dos números e chamam-lhes pesquisas de opinião, filtram o que os patrões mandam e escrevem o que o dono manda e o dono manda que:
Afinal, aceitam-se todos os estudos para o novo aeroporto, adormecendo os silêncios de um lado, dos que julgam que ter um aeroporto ao pé da porta é bom e os apupos dos que julgam que o vão ter, por ser mais seguro e mais barato, perto de suas casas, esquecendo que o negócio dos milhões é para os que vivem longe daquilo que vão ser os subúrbios, como é hoje Sacavém, por exemplo.
O teatro é este, porque a decisão está há muito tomada e os chamados órgãos de soberania, sabem-no e gozam o prato.
Aguentem por seis meses, depois podem voltar a impar e a impor – parece o pai dizer…
A vergonha é coisa que não existe e os papagaios da comunicação social fazem o seu trabalho, porque afinal, como dizia Céline, qualquer galfarro tem direito ao seu naco de pão.
Da parábola do Grande Inquisidor de Dostoievsky que, no romance (…)“Os irmãos Karamazov”, surge na forma de poema composto por Ivan Karamazov, e que este recita ao seu irmão Aliocha, Jesus regressa ao mundo nos tempos da Inquisição espanhola. Embora tenha vindo “discretamente sem se mostrar”, não se passa muito tempo até ser reconhecido pelo povo e feito prisioneiro pelo Grande Inquisidor. Fechado no paço da Santa Inquisição, é interrogado, mas recusa-se a responder.
O Grande Inquisidor explica a Jesus que a humanidade é demasiado fraca para suportar a dádiva da liberdade. Não procura a liberdade, mas o pão – não o pão divino prometido por Jesus, mas o comum pão terreno. As pessoas estarão sempre prontas a adorar quem quer que lhes dê pão, necessitando assim que os seus governantes sejam deuses. O Grande Inquisidor diz a Jesus que os seus ensinamentos foram corrigidos de modo a poderem adaptar-se à humanidade tal como esta é realmente: “ Corrigimos a vossa obra e fizemo-la assentar no milagre, no mistério, e na autoridade. E os homens regozijaram-se por serem de novo conduzidos como rebanhos e por essa terrível dádiva que lhes causava tanto sofrimento lhes ter sido, enfim, tirada dos corações.”(…)
(…)“À proposição de Rousseau segundo a qual os homens nasciam livres, embora estivessem por toda a parte acorrentados, Joseph de Maistre opunha que pensar, pelo facto de umas quantas pessoas de vez em quando procurarem a liberdade, que todos os seres humanos a desejavam, era como pensar que, por existirem peixes-voadores, voar faz parte da natureza dos peixes.” John Gray in “Straw Dogs – Thoughts on human and other animals”
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