terça-feira, junho 19, 2007

José António Barreiros versus Marinho Pinto.

"O mínimo que se pode dizer com seriedade é que o comportamento de José António Barreiros não é próprio de um Advogado, mesmo que candidato a órgãos da Ordem. ».

Eis, nesta frase, o sumo do que diz o Dr. António Marinho Pinto no site da sua candidatura a Bastonário, convocando todo um conjunto de ataques e de juízos de desvalor quanto à minha pessoa. O essencial tem a ver com o facto de eu ter apresentado denúncia criminal, contra incertos, na sequência de declarações do Doutor Saldanha Sanches, o que ele considera «uma pirueta mediática, com vista a atrair sobre si as atenções dos órgãos da comunicação social».

Não terá reparado o Dr. Marinho Pinto que, na sequência do facto e da explicação do mesmo, por mim dada numa única entrevista à SIC Notícias, o Doutor Saldanha Sanches se desdobrou em amplas declarações à comunicação social e eu estive calado o tempo todo sobre o assunto; nem terá visto que, naquela única entrevista concedida sobre o caso, instado pelo jornalista Mário Crespo a falar sobre a minha candidatura à Ordem dos Advogados, expressamente recusei a pronuniciar-me sobre este assunto, por não querer misturar as coisas?

E, no entanto, como se imagina, desde o dia em que foi conhecido o teor da denúncia criminal, oportunidades não faltaram para poder falar em público, nem motivos para tanto, até porque a reacção do Doutor Saldanha Sanches a este respeito não foi propriamente amistosa para comigo nem rigorosa quanto à ocorrência.
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O essencial dos ataques do Dr. Marinho Pinto tem a ver com o afirmar que eu estou em «auto promoção mediática (agora com objectivos eleitorais)». Terá reparado que tendo tido o encargo de processos tão sensíveis, como recentemente o da Casa Pia, e quantos outros, entrei neles e deles saí sem que tivesse vindo a público falar das razões da aceitação e das razões da saída, mau grado a pressão mediática nesse sentido? E, no entanto, solicitações não têm faltado.
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Diz António Marinho Pinto que «José António Barreiros fez a sua ascensão como Advogado em torno de dois casos altamente polémicos que ele explorou «ad nauseam» do ponto de vista mediático, no início dos anos 90». Os casos, segundo ele, são dois, o da morte de um dirigente do PSR e o que ficou conhecido como sendo o do «Ministério da Saúde».
Ora José António Barreiros é advogado desde que inicou o seu estágio em 1972, pelo que nos inícios dos anos noventa já teria nome sobejante. Tinha integrado com honra um Conselho Geral presidido pelo Dr. Augusto Lopes Cardoso, outro pela Dra. Maria de Jesus Serra Lopes. Tinha representado, por designação da Ordem, os jovens advogados portugueses à abertura solene do estágio no Barreau de Paris, sucedendo na honrosa missão a Jorge Sampaio, tinha sido galardoado com o prémio «Alves de Sá», da nossa Ordem, pelo estudo sobre «A Partilha em Vida no Código Civil». Tinha feito parte da Comissão de que saíu, sob a presidência do Doutor Figueiredo Dias, o CPP de 1987 e da Comissão que o reviu. Não vai falar nos clientes que tivera a honra de representar, pois está consciente do dever de reserva. Alguns estavam e estão em altos postos do Estado e da sociedade civil, outros, tantos, são pessoas simples, anónimas e modestas.
Peço perdão aos que lerem por ter de citar estes factos pessoais, que de outro modo guardaria para mim, mas compreenda-se ao menos que um homem se não reduza, na dimensão pública de si, à caricatura infame com que o queiram emporcalhar.
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Diz o Dr. Marinho Pinto que «José António Barreiros quis fazer crer que deixara a política, mas isso foi só aparentemente, porquanto sempre continuou a fazer política, mas na sua pior forma, ou seja, a do rancor, a do ressentimento e dos ajustes de contas, especialmente contra alguns dirigentes do PS». Eis o Dr. Marinho Pinto incomodado com questões da política e de um partido, quando se candidata a um cargo na Ordem. Não terá reparado o Dr. Marinho Pinto que os meus sentimentos e os meus pensamentos sobre a política, os partidos e os políticos são públicos, e de há muito expressos, mas que eu, enquanto candidato à Ordem não disse, ao contrário dele, uma palavra sobre esse assunto?
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Visando a minha pessoa, o Dr. Marinho Pinto afirma que o «candidato independente» ao Conselho Superior da OA visou com a queixa na PGR encalacrar politicamente o candidato PS à Câmara de Lisboa». Tem azar! No dia de hoje, numa entrevista ao Correio da Manhã, José António Barreiros enaltece qualidades que reconhece ao Dr. António Costa. Este político sabe que, no entanto, «o «candidato independente» ao Conselho Superior da OA» não deixaria de lhe apontar motivos de divergência e críticas, estivesse ele em cargo que tivesse a ver com os interesses da Ordem e dos advogados e a defesa destes o exigisse.
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Lembra o Dr. Marinho Pinto que «Na verdade, José António Barreiros conseguia, ainda não há muitos anos, ser Advogado, professor e director do jornal «O Diabo».». É verdade, assim como escreveu no «Expresso», desde a sua fundação, de que o jornalista Marinho Pinto era jornalista, ao mesmo tempo que advogado, bem como na «República» (de Raúl Rego), no Comércio do Funchal (de Vicente Jorge Silva), em «O Jornal» (de José Carlos de Vasconcelos e Cáceres Monteiro), no Diário de Notícias (de Fernando Lima e Bettencourt Resendes). A propósito de advogados directores de jornais, é só puxar pela memória. Mas há algo que nenhum Dr. Marinho Pinto encontrará: é José António Barreiros a ter usado o jornal ao serviço dos seus casos, assim, como em nenhum blog alguma vez comentou o quer que fosse que tivesse a ver com assuntos em que estivesse envolvido como advogado.
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Sou para o Dr. Marinho Pinto «um Advogado conhecido pelo «silêncio ensurdecedor» com que, nos últimos anos, tem reagido aos ataques à Advocacia, à Cidadania e até aos próprios alicerces do nosso Estado de Direito Democrático». Basta ler o que escrevi para que cada um tire as suas conclusões.
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O Dr. Marinho Pinto tem uma urgente necessidade de demonstrar-nos algo quanto à sua pessoa, quanto à missão de que se julga investido. Eu quero apenas que haja, na Ordem dos Advogados, separação de poderes e que acima de quem for o Bastonário esteja a Lei e a Ordem. Hoje, ao ler o Dr. Marinho Pinto compreendi que, mau grado insultos, enxovalhos e campanhas difamatórias há que seguir em frente. Não estou contra o Dr. Marinho Pinto, mas contra o seu modo de pensar. Ele pode atacar-me pessoalmente, sabe que nunca o farei em relação à sua pessoa. Se isso não marca a diferença, já nada separa e tudo confunde
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José António Barreiros na "Ordem na Ordem"

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