O Irão em Gaza
"Muitos analistas na Europa e nos Estados Unidos defendem que se deve separar os vários conflitos no Médio Oriente. Estão errados.
Os conflitos possuem a virtude da clarificação. É o que está a acontecer no Médio Oriente. O Líbano e a Palestina estão numa situação de “quase guerra civil”. No primeiro caso, há semanas que o exército libanês está a combater grupos radicais palestinianos, estabelecidos em campos de refugiados no norte do país. Simultaneamente, foi assassinado mais um político que contestava a influência da Síria no país. No segundo caso, deu-se uma divisão territorial entre a Faixa de Gaza, conquistada pelo Hamas, e a Cisjordânia, sob controlo do Fatah. Já há mesmo quem fale não num mas em dois Estados palestinianos.
Em ambos os casos, há um elemento comum: a influência do Irão. Apesar do Irão ser um país Xiita e do Hamas ser um movimento Sunita, a verdade é que a convergência ideológica ultrapassa as diferenças religiosas. A coligação Irão-Síria-Hezbollah-Hamas tem dois objectivos cada vez mais claros: derrubar as forças moderadas, como o governo libanês e o Fatah e, a longo prazo (o grande objectivo estratégico), destruir o Estado de Israel. Muitos analistas na Europa e nos Estados Unidos defendem que se deve separar os vários conflitos no Médio Oriente. Estão errados. Há dois elementos que unem os “vários” conflitos: a existência de Israel e a estratégia de expansão do Irão. A segunda alimenta-se da oposição generalizada à primeira.
Neste momento, o poder do Irão expandiu-se para o Líbano, através do Hezbollah, e para a Palestina, por intermédio do Hamas. O resultado é a divisão libanesa, onde o governo não tem qualquer autoridade nos territórios controlados pelo Hezbollah, e dos territórios palestinianos. Mesmo que os dois movimentos não sejam simplesmente instrumentos da expansão iraniana, e tenham ambos amplas bases de apoio popular, a verdade é que precisaram da ajuda financeira e militar do Irão para adquirirem capacidade política e estratégica. Ou seja, sem o apoio do Irão, existiriam mas não teriam o poder que têm.
A ligação iraniana preocupa bastante Israel, que enfrenta a maior ameaça à sua segurança desde a Guerra do Youm Kippur, em 1973. Olhando á sua volta, Israel vê a influência e o poder do Irão a norte, no Líbano e na Síria, e a sul, em Gaza. Simultaneamente, assiste à tentativa do regime iraniano de adquirir armas nucleares. A resposta de Israel a esta alteração estratégica na região constitui a grande novidade política dos últimos tempos: pretende reforçar a sua relação com os países europeus. Foi isso que a ministra dos Negócios Estrangeiros israelita, Tzipi Livni, veio dizer a Lisboa no fim da semana passada. Aqui está, de um modo inesperado, a grande oportunidade para os europeus reforçarem a sua influência no Médio Oriente.
Faz todo o sentido que aproveitem esta oportunidade. Os europeus têm relações económicas e comerciais privilegiadas com Israel, são a maior fonte de ajuda aos territórios palestinianos, têm tropas na região (no Líbano) e, pela sua proximidade geográfica, o Médio Oriente pertence ao arco de estabilidade da Europa. Para que isso aconteça, porém, é necessário repensar o modo como se olha para os conflitos na região.
Em primeiro lugar, é fundamental que se entenda de um modo mais correcto as causas dos conflitos. Israel está na origem dos conflitos, mas não nos termos das teses dominantes. Mais do que a ocupação israelita da Palestina, que obviamente contribuiu para a radicalização da região, o problema central é a existência do Estado de Israel. Aliás, as guerras que levaram à ocupação israelita resultaram precisamente do facto dos vizinhos não aceitarem Israel. E muitos na região continuam a pensar da mesma maneira. A capacidade para unir e liderar a coligação dos que pretendem o fim de Israel é o que torna o Irão verdadeiramente ameaçador.
Em segundo lugar, é essencial que se perceba na Europa que o grande problema do Médio Oriente é a estratégia de expansão do Irão. Enquanto não se resolver este problema, a ocupação israelita não acabará e não haverá um Estado palestiniano ao lado de Israel. Os norte-americanos desvalorizaram o problema iraniano e agora estão aflitos no Iraque. Convinha que os europeus não repetissem os erros de Washington."
João Marques de Almeida
Os conflitos possuem a virtude da clarificação. É o que está a acontecer no Médio Oriente. O Líbano e a Palestina estão numa situação de “quase guerra civil”. No primeiro caso, há semanas que o exército libanês está a combater grupos radicais palestinianos, estabelecidos em campos de refugiados no norte do país. Simultaneamente, foi assassinado mais um político que contestava a influência da Síria no país. No segundo caso, deu-se uma divisão territorial entre a Faixa de Gaza, conquistada pelo Hamas, e a Cisjordânia, sob controlo do Fatah. Já há mesmo quem fale não num mas em dois Estados palestinianos.
Em ambos os casos, há um elemento comum: a influência do Irão. Apesar do Irão ser um país Xiita e do Hamas ser um movimento Sunita, a verdade é que a convergência ideológica ultrapassa as diferenças religiosas. A coligação Irão-Síria-Hezbollah-Hamas tem dois objectivos cada vez mais claros: derrubar as forças moderadas, como o governo libanês e o Fatah e, a longo prazo (o grande objectivo estratégico), destruir o Estado de Israel. Muitos analistas na Europa e nos Estados Unidos defendem que se deve separar os vários conflitos no Médio Oriente. Estão errados. Há dois elementos que unem os “vários” conflitos: a existência de Israel e a estratégia de expansão do Irão. A segunda alimenta-se da oposição generalizada à primeira.
Neste momento, o poder do Irão expandiu-se para o Líbano, através do Hezbollah, e para a Palestina, por intermédio do Hamas. O resultado é a divisão libanesa, onde o governo não tem qualquer autoridade nos territórios controlados pelo Hezbollah, e dos territórios palestinianos. Mesmo que os dois movimentos não sejam simplesmente instrumentos da expansão iraniana, e tenham ambos amplas bases de apoio popular, a verdade é que precisaram da ajuda financeira e militar do Irão para adquirirem capacidade política e estratégica. Ou seja, sem o apoio do Irão, existiriam mas não teriam o poder que têm.
A ligação iraniana preocupa bastante Israel, que enfrenta a maior ameaça à sua segurança desde a Guerra do Youm Kippur, em 1973. Olhando á sua volta, Israel vê a influência e o poder do Irão a norte, no Líbano e na Síria, e a sul, em Gaza. Simultaneamente, assiste à tentativa do regime iraniano de adquirir armas nucleares. A resposta de Israel a esta alteração estratégica na região constitui a grande novidade política dos últimos tempos: pretende reforçar a sua relação com os países europeus. Foi isso que a ministra dos Negócios Estrangeiros israelita, Tzipi Livni, veio dizer a Lisboa no fim da semana passada. Aqui está, de um modo inesperado, a grande oportunidade para os europeus reforçarem a sua influência no Médio Oriente.
Faz todo o sentido que aproveitem esta oportunidade. Os europeus têm relações económicas e comerciais privilegiadas com Israel, são a maior fonte de ajuda aos territórios palestinianos, têm tropas na região (no Líbano) e, pela sua proximidade geográfica, o Médio Oriente pertence ao arco de estabilidade da Europa. Para que isso aconteça, porém, é necessário repensar o modo como se olha para os conflitos na região.
Em primeiro lugar, é fundamental que se entenda de um modo mais correcto as causas dos conflitos. Israel está na origem dos conflitos, mas não nos termos das teses dominantes. Mais do que a ocupação israelita da Palestina, que obviamente contribuiu para a radicalização da região, o problema central é a existência do Estado de Israel. Aliás, as guerras que levaram à ocupação israelita resultaram precisamente do facto dos vizinhos não aceitarem Israel. E muitos na região continuam a pensar da mesma maneira. A capacidade para unir e liderar a coligação dos que pretendem o fim de Israel é o que torna o Irão verdadeiramente ameaçador.
Em segundo lugar, é essencial que se perceba na Europa que o grande problema do Médio Oriente é a estratégia de expansão do Irão. Enquanto não se resolver este problema, a ocupação israelita não acabará e não haverá um Estado palestiniano ao lado de Israel. Os norte-americanos desvalorizaram o problema iraniano e agora estão aflitos no Iraque. Convinha que os europeus não repetissem os erros de Washington."
João Marques de Almeida
11 Comments:
Mais um artigo sobre um assunto que vai ser facilmente resolvido pelo mangoelas e o seu cabritito de estimacao, que lhe tem uma lealdade canina....
AQUI ESTA UM GRANDE PERIGO PARA A HUMANIDADE E PARA O PLANETA... SO OS EUA TERAO CAPACIDADE PARA RESOLVER O ASSUNTO... VISTO A ONU NAO TER CAPACIDADE NEM PODER PARA O RESOLVER... A EUROPA JA ESTA COLONIZADA PELA VELHA RUSSIA, BASTA FECHAREM A TORNEIRA DO GAS PARA CONQUISTAREM A EUROPA... SEM UM UNICO TIRO...
Quem defende os EUA tem visão curta. O petróleo é todo transacionado em dólares (existem 3 bolsas), onde os EUA ganham as comissões de cambios para manter o império. Daqui por 30 anos, quando não houver petróleo, eles querem manter o domínio nuclear, daí o Irão não querer depender do acidente em termos energéticos daqui por uns anos. Mais, investiguem, vossa visão estratégica deste mundo é muito reduzida.
Ora nem mais! Daí a raiva que muitos frustrados têm contra a América! Metem a cabeça debaixo de terra. Vejam o que a Rússia ou a China fazem, parecem o tolo no meio da ponte, por lado estão contra, por outro têm medo que o mundo saiba que estão entalados com este regime demoníaco. E se fizessem algo seria á bruta, querem eles lá saber de "danos colaterais". Nem têm capacidade de os evitar.
Israel, nunca ameaçou varrer do mapa ninguém e desde que os deixem em paz não se metem com ninguém, muito menos com quem nada tem haver com eles! Irão NÃO É ameaça só para Israel, isso é que era bom, anda em guerra com os vizinhos! Há batalhas de espionagem entre eles o0nde vale tudo! Quem acha que denunciou os planos de A.Khan, aos americanos? OS VIZINHOS!
Andam histéricos para obter a bomba a qualquer preço, cujos planos eles perderam em Outubro de 2003. Sonham poder restaurar o velho império persa, arrasando logo os vizinhos directos (Arábia Saudita, Iraque e outros) e com os quais está neste momento numa guerra surda, com muitas baixas, para o controlo da área e suas riquezas, para depois atacar Israel, que nada tem haver com eles. São loucos!
O Irão continua a mandar areia para os nossos olhos mas o ocidente não é parvo e percebe perfeitamente a jogada do Irão. Nesta guerra além das questões humanitárias também haverá questões ambientais caso já haja reacções nucleares a laborar. Caso haja guerra ela deverá ser total e derrubar o regime mas o povo do Irão não está preparado para uma democracia, seria um processo muito lento.
cComo são teimosos esses iranianos! Não existiria alguém para fazê-los verem que o desenvolvimento nuclear é mau para eles próprios? Nessas horas é que vejo a necessidade de alguém com pulso firme para travar essa gente! Europa acorde para a realidade! Eles não brincam e não voltam atrás...por isso antes cedo do que muito tarde!
Quando os EUA, atacarem o Irao nao podera ser tarde demais?Se o irao nao quer armas e sim energia porque nao permite o control das instalações pela AIEA?A muitos "SE", melhor é prevenir do que remediar, pq se o Irao conseguir ter armas nucleares ira usa-las contra Israel,isso é certo, e Israel como tambem tem armas fara o mesmo,o resultado nao sera nada bom.Veremos o resultado disto tudo em breve.
Ninguem duvide de que bush vai mesmo para a guerra,está-lhe no sangue.Só espero que os Iranianos estejam bem preparados para se defenderem de uma agressão cobarde,criminosa e terrorista,e que tivessem aprendido com os erros do iraque,e numa 2ª fase retaliem com tudo o que tiverem. A russia e a china são os unicos que podem impedir este acto criminoso,já deviam estar a inundar o Irão com material.
Ha gente tão ingenua, ainda pensam que o Irão quer produzir energia electrica, ficar na paz do senhor e dar milho aos pombos. A intenção e conquistar o mundo. Eles ja o disseram. Vão começar por Israel e America depois samos nós. Se ninguem parar isto ...
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