Trabalhar não devia ter de ser um acto de heroísmo

"Mais um assalto a uma bomba de gasolina aberta toda a noite, desta vez em Valença, no Minho. Um jovem que estava simplesmente a trabalhar foi baleado na cabeça e até ao fecho desta edição estava em estado muito grave com duas balas alojadas no cérebro. E este não é o primeiro assalto deste género. Segundo os dados oficiais, no primeiro trimestre houve 69. As bombas de gasolina e lojas de conveniência são um sinal de modernidade. De qualidade de vida e de conforto. Mas o conforto de uns não se deve fazer à custa da segurança de outros. Ou mesmo da própria vida. Quem trabalha por turnos nas gasolineiras vai para trás do balcão sem saber se o dia não acabará com o cano de uma espingarda apontado à cabeça. Que haja pessoas dispostas a isto para ter um ordenado ao fim do mês é um sinal do nível do atraso português. Pior ainda quando as empresas que detêm as bombas - e que, recorde-se, operam numa área bastante lucrativa - não parecem capazes de resolvê-lo, colocando em risco a vida dos seus empregados.

Trabalhar não devia ter de ser um acto de heroísmo. "

EDITORIAL do DN