domingo, setembro 02, 2007

LIÇÕES DE OPOSIÇÃO

"Os três vetos presidenciais de Agosto deixaram uma pequena multidão à procura de "sinais" de desgaste na "cooperação estratégica" entre o PR e o Governo. É capaz de ser trabalho escusado. Sobretudo nas duas recentes rejeições, a lei da responsabilidade extracontratual do Estado e a lei orgânica da GNR, os diplomas apenas foram devolvidos em nome da genérica "estabilidade" (no primeiro caso a financeira, no segundo a militar) que Cavaco Silva levou uma carreira a apregoar.

Cavaco não engana, e há séculos que escolheu um desígnio para a nação (o "desenvolvimento") e um veículo (o Estado). A "estabilidade", ou uma certa ordem abaixo da qual regressamos à choldra, é o método, cuja aplicação, não vale a pena acrescentar, Cavaco entende que só Cavaco pode obter, independentemente da função que desempenhe. Vinda dele, a crença é genuína. Sendo plausível achá-la disparatada, é um disparate maior lê-la ao contrário, ou seja, enquanto uma inclinação para interferir "gratuitamente" na acção do Governo. Complicado seria o mundo exterior, Governo incluído, interferir "gratuitamente" na imaculada acção de Cavaco. Mas, ao que tudo indica, o eng. Sócrates não está disposto a bravatas.

Pelo meio, é engraçado ver os dois vultos que concorrem à liderança do PSD aproveitarem as equívocas migalhas para contestar o Governo por interposta e assaz distante pessoa. Indiferente às propostas a que se reportam, uma delas aprovada pelo seu próprio partido, Mendes louva os vetos com histeria. Menezes garante que Cavaco "tem sido impecável". Nos intervalos da lisonja ao PR, estes senhores dão -se lições mútuas sobre como fazer oposição. Hão-de ser -lhes úteis por muitos anos
."

Alberto Gonçalves

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