O País pardo
"Talvez Sócrates não seja Sócrates, mas o disfarce de primeiro-ministro é com certeza o ‘bluff’ político da temporada.
O Governo resolveu apresentar um novo rosto. Para felicidade dos portugueses, o Executivo anuncia crédito para estudantes e distribui computadores pelo País. Generoso, Sócrates revela vocação para as promoções. A nova estratégia do Governo passa pela lógica da grande superfície – sem sorteio, tudo para todos.
O Governo entrou na nova fase do ciclo político. Perante o “afastamento” do Presidente da República e face à pressão dos resultados, Sócrates resolveu garantir a “paz social”. Calculista, o primeiro-ministro conhece as exigências da Presidência da União Europeia e sonha com o Tratado de Lisboa. A nova política do Governo passa pelo adiamento das reformas e, sem contradição, pelo cumprimento do défice. Sem grande especulação, a política da facilidade e o “prestígio internacional” garantem a Sócrates um novo mandato.
Subitamente, eis que Guterres renasce com Sócrates. Agradar e adiar foram os grandes motivos da passividade política de Guterres. Junte-se a descoordenação bem visível no exercício do Governo e o cenário repete-se sem imaginação – Portugal ou o País parado. Afinal, onde está o “animal feroz” que existe em Sócrates? Quando o desemprego atinge os 7.9% e a ETA circula impune em Portugal, o primeiro-ministro desaparece e remete-se ao silêncio. Talvez Sócrates não seja Sócrates, mas o disfarce de primeiro-ministro é com certeza o ‘bluff’ político da temporada.
Mas a passividade também atinge a oposição. O PSD acredita que todos os problemas serão resolvidos com a eleição directa de um novo líder. Na aparência, uma tese perfeita. Na realidade, um precioso adiamento. O PSD necessita de uma “descontaminação”. Para os portugueses, o PSD está associado à degradação política do País. A memória do “sucesso cavaquista” não entusiasma ninguém. A promessa de poder em 2009 não convence ninguém. O PSD habita o território incómodo da perda de identidade política. E parte dessa perda de identidade passa pela experiência governativa de Durão Barroso, pelo fugaz exercício de Santana Lopes e pela recente derrota nas eleições intercalares em Lisboa. Sem uma real compreensão do que se passou e correu mal, o PSD limita-se a mudar de líder e a polir as setas. Só quem enfrentar a crise terá futuro no PSD.
E enquanto Governo e oposição se esgotam na inércia do costume, os portugueses assistem com a passividade habitual."
Carlos Marques Almeida
O Governo resolveu apresentar um novo rosto. Para felicidade dos portugueses, o Executivo anuncia crédito para estudantes e distribui computadores pelo País. Generoso, Sócrates revela vocação para as promoções. A nova estratégia do Governo passa pela lógica da grande superfície – sem sorteio, tudo para todos.
O Governo entrou na nova fase do ciclo político. Perante o “afastamento” do Presidente da República e face à pressão dos resultados, Sócrates resolveu garantir a “paz social”. Calculista, o primeiro-ministro conhece as exigências da Presidência da União Europeia e sonha com o Tratado de Lisboa. A nova política do Governo passa pelo adiamento das reformas e, sem contradição, pelo cumprimento do défice. Sem grande especulação, a política da facilidade e o “prestígio internacional” garantem a Sócrates um novo mandato.
Subitamente, eis que Guterres renasce com Sócrates. Agradar e adiar foram os grandes motivos da passividade política de Guterres. Junte-se a descoordenação bem visível no exercício do Governo e o cenário repete-se sem imaginação – Portugal ou o País parado. Afinal, onde está o “animal feroz” que existe em Sócrates? Quando o desemprego atinge os 7.9% e a ETA circula impune em Portugal, o primeiro-ministro desaparece e remete-se ao silêncio. Talvez Sócrates não seja Sócrates, mas o disfarce de primeiro-ministro é com certeza o ‘bluff’ político da temporada.
Mas a passividade também atinge a oposição. O PSD acredita que todos os problemas serão resolvidos com a eleição directa de um novo líder. Na aparência, uma tese perfeita. Na realidade, um precioso adiamento. O PSD necessita de uma “descontaminação”. Para os portugueses, o PSD está associado à degradação política do País. A memória do “sucesso cavaquista” não entusiasma ninguém. A promessa de poder em 2009 não convence ninguém. O PSD habita o território incómodo da perda de identidade política. E parte dessa perda de identidade passa pela experiência governativa de Durão Barroso, pelo fugaz exercício de Santana Lopes e pela recente derrota nas eleições intercalares em Lisboa. Sem uma real compreensão do que se passou e correu mal, o PSD limita-se a mudar de líder e a polir as setas. Só quem enfrentar a crise terá futuro no PSD.
E enquanto Governo e oposição se esgotam na inércia do costume, os portugueses assistem com a passividade habitual."
Carlos Marques Almeida
1 Comments:
Portugal no seu melhor.
Enviar um comentário
<< Home