Portas

"Dez anos atrás, no Independente, Paulo Portas fazia o seu diagnóstico sobre a crise suscitada pela morte de Diana. E perorava assim: «Se o príncipe de Gales tivesse casado com uma princesa do centro da Europa, mesmo feia e se calhar mediana, teria poupado o Reino Unido ao pior e cumprido o seu dever. Ironia da história: a monarquia estaria de boa saúde, Camila nunca seria autorizada a sair da obscuridade e Diana Spencer estaria, ainda hoje, viva». Dez anos depois, permito-me acrescentar outra ironia da história: se Paulo Portas não tivesse deixado de ser director do Independente e resistisse ao impulso irresistível de ser o chefe supremo da direita portuguesa, talvez o CDS e o Independente ainda representassem um papel relevante na política e na imprensa nacionais. A não ser, obviamente, que, numa louca fantasia romanesca, ainda admitíssemos um cenário suplementar: o de Portas ser o substituto do príncipe Carlos na sucessão de Isabel II e casar com a tal «princesa do centro da Europa, mesmo feia e se calhar mediana». Não teria salvo o Independente nem o CDS, mas teria poupado o Reino Unido ao pior, a monarquia estaria de boa saúde, Camila nunca teria existido e Diana estaria ainda viva. Vejam só como o destino pode ser trágico. "

Vicente Jorge Silva