sábado, outubro 13, 2007

A BOMBA ARMÉNIA

"Genocídio é palavra proibida na Turquia. Mas ele sucedeu, primeira implacável e terrível 'limpeza étnica' do séc. XX: centenas de milhares de arménios massacrados, exterminados pelo poder que veio a dar lugar à actual Turquia. Pode discutirse a natureza do Estado que praticou o genocídio: formalmente, era ainda Império Otomano, em fase crepuscular, mas onde já emergiam os 'jovens turcos', casta militar laica ultranacionalista que fundou a Turquia moderna. O poder turco tem sempre negado, mas centenas de milhar de arménios foram eliminados pelos percursores da Turquia moderna" [La Stampa]. "O genocídio custou a vida de 650 mil a milhão e meio de pessoas" [Le Figaro].

A maioria democrata na Câmara dos Representantes aprovou a resolução, há muitos anos adiada, em que condena o genocídio dos arménios. "Só tem valor simbólico, mas pode ter consequência de bomba-relógio" [El País]; "Turquia enfu-recida ameaça represálias" [Le Temps]; "Reacção turca com linguagem de invulgar dureza" [The New York Ti-mes]; "Ancara acusa Washington de se preocupar com problemas do império otomano e desleixar os de agora" [The Washington Post]; "Decisão estúpida com ódio" [Hurriyet].

"Bush tentou evitar aprovação da resolução, nociva à boa relação Washington-Ancara" [The Inde-pendent]; "Para EUA, a questão é muito mais que crise com aliado: muito do seu acesso ao Iraque passa pela Turquia" [El País]; "O terrível crime contra arménios de-ve ser reconhecido e condenado, mas é a pior ocasião de fazê-lo. Periga as tropas dos EUA no Iraque e Afeganistão e estraga o bom relacionamento com o corajoso actual Governo em Ancara" [Los Angeles Times].

"Aumenta risco de Turquia, fora de controlo, invadir Curdistão iraquiano e fechar acesso às bases dos EUA. Seria brusca e perigosa deriva no quadro regional e mundial" [La Stampa].
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Sena Santos

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