quarta-feira, janeiro 16, 2008

Engano útil do Governo

"Já se sabia que o Governo se enganara redondamente na meta da inflação para 2007. O próprio Executivo no Orçamento do Estado para 2008 já tinha procedido a uma revisão dos 2,1% estimados inicialmente para 2,3%. Ontem o INE divulgou que afinal a subida média do cabaz de compras, medido pelo IPC, foi de 2,5%. O erro do Governo foi de 0,4 pontos, um desvio de quase um quinto face à previsão oficial. É um engano recorrente que dá lucro ao Estado, que assim baixa as expectativas salariais dos funcionários públicos. Cada 0,1 ponto percentual de perda de poder de compra para os empregados do Estado significa uma poupança superior a uma dúzia de milhões de euros.

Mas para os consumidores cada ponto de acréscimo da inflação significa o pagamento de um injusto imposto escondido. Num salário mensal de mil euros brutos cada 0,1 pontos de inflação a mais custa um euro por mês. Nos últimos 10 anos a regra foi o engano deliberado dos governos. Segundo a UGT, o desvio da última década já custou 7 pontos percentuais. Num salário de mil euros, significa um prejuízo de 70 euros mensais.

José Sócrates assegurou ontem que a meta do Governo de 2,1 por cento para a inflação de 2008 será cumprida. Com o petróleo caro e as subidas muita acima deste patamar da generalidade dos preços administrativos, desde os transportes à luz e ao gás, sem esquecer a escalada dos preços alimentares, do pão ao bife e ao leite, é fácil fazer uma aposta com o primeiro-ministro e ganhar. Provavelmente, o Governo voltará a enganar-se este ano
."

Armando Esteves Pereira

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