Os três macacos
"A Direcção Regional de Educação do Norte (DREN) apresentou queixa no Ministério Público contra televisões e jornais que terão ultrapassado, aos olhos da DREN, os limites éticos e legais no "caso Carolina Michaëlis". A instituição liderada por Margarida Moreira, que o mundo passou a conhecer e a apreciar desde o famigerado "caso Charrua", entregou também o argumentário, seguramente arrasador, à Entidade Reguladora da Comunicação.
O que justifica, afinal, tamanho alarido? A DREN entende que os órgãos de comunicação social não podem reproduzir vídeos sem proteger a identidade das pessoas envolvidas (no caso, a professora a quem a aluna quis arrancar o telemóvel e os restantes estudantes da turma do 9º C). Trata-se de uma posição discutível, mas que tem substrato suficiente para dar lugar a uma interessante discussão sobre os limites que não se devem (tendencialmente) ultrapassar em situações delicadas como a do liceu do Porto.
Sucede que não é bem com isto que a responsável da DREN está preocupada É que a dra. Margarida Moreira entende que há no país "uma campanha contra a escola pública", empurrada, claro está, pela irresponsabilidade da comunicação social, ou de alguma comunicação social. Mais. A dra. Margarida Moreira não concebe que, a partir de "duas ou três notícias que duram horas e semanas", se passe a "imagem de um país que não tem um sistema de ensino ajustado". E mais ainda. A dra. Margarida Moreira acha que a "tortura" (credo!) de que foram vítimas os alunos envolvidos no "caso Carolina" é a prova provada do caos comunicacional que atirará o país para o abismo. Mais cedo ou mais tarde. É com isto que a dra. Margarida está verdadeiramente preocupada.
Resumo da razoabilidade nos argumentos, a responsável da DREN passa num instante para a insensatez na análise. Como está bom ver e a dra. Margarida sabe, o "mal" da escola e da educação tem raízes que vão muito para além destes episódios de circunstância. E o pior que pode fazer-se é adoptar a atitudes dos famosos três macacos que tapam os ouvidos, os olhos e a boca. Para não ver, não ouvir e não falar do "mal". O mundo fica bem mais bonito assim. "
Paulo Ferreira
O que justifica, afinal, tamanho alarido? A DREN entende que os órgãos de comunicação social não podem reproduzir vídeos sem proteger a identidade das pessoas envolvidas (no caso, a professora a quem a aluna quis arrancar o telemóvel e os restantes estudantes da turma do 9º C). Trata-se de uma posição discutível, mas que tem substrato suficiente para dar lugar a uma interessante discussão sobre os limites que não se devem (tendencialmente) ultrapassar em situações delicadas como a do liceu do Porto.
Sucede que não é bem com isto que a responsável da DREN está preocupada É que a dra. Margarida Moreira entende que há no país "uma campanha contra a escola pública", empurrada, claro está, pela irresponsabilidade da comunicação social, ou de alguma comunicação social. Mais. A dra. Margarida Moreira não concebe que, a partir de "duas ou três notícias que duram horas e semanas", se passe a "imagem de um país que não tem um sistema de ensino ajustado". E mais ainda. A dra. Margarida Moreira acha que a "tortura" (credo!) de que foram vítimas os alunos envolvidos no "caso Carolina" é a prova provada do caos comunicacional que atirará o país para o abismo. Mais cedo ou mais tarde. É com isto que a dra. Margarida está verdadeiramente preocupada.
Resumo da razoabilidade nos argumentos, a responsável da DREN passa num instante para a insensatez na análise. Como está bom ver e a dra. Margarida sabe, o "mal" da escola e da educação tem raízes que vão muito para além destes episódios de circunstância. E o pior que pode fazer-se é adoptar a atitudes dos famosos três macacos que tapam os ouvidos, os olhos e a boca. Para não ver, não ouvir e não falar do "mal". O mundo fica bem mais bonito assim. "
Paulo Ferreira
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