quarta-feira, maio 14, 2008

Jotas

"A mocidade portuguesa dos partidos rejeita que esteja “alheada” da política. E não está. As “jotas” estão na política para o mais pequenino e o pior.

Rejeitando o que o chefe de Estado disse no passado dia 25 de Abril sobre o alheamento da juventude em geral quanto à política, o líder da JS diz mesmo que “não há nenhum drama à volta desta geração”. O jovem socialista provou duas coisas com esta sentença: que não está “alheado” da política no pior sentido da palavra mas que é alheio à juventude do seu país e do seu tempo. Porque uma coisa é a carreira política e o emprego certo dos “jotas”, melhores e mais garantidos quanto mais canina for a fidelidade à linha do partido, outra coisa são os dramas de uma juventude a braços com uma crise profundíssima de desemprego, sem saídas profissionais.

Se os partidos encarnam o que há de pior na democracia – a formatação do pensamento, o condicionamento da liberdade, o espírito de corpo obediente a uma cabeça pensante, o carreirismo, o clientelismo – as juventudes dos partidos são tudo isso em mais pequenino e mesquinho. Era preferível quando as “jotas” eram a mão-de-obra dos partidos para colar cartazes. Sempre faziam alguma militância política. Agora limitam-se a fazer o curso prático de como subir na vida pensando pela cabeça do chefe, de como singrar no aparelho dizendo que sim, apresentando serviço e denunciando os suspeitos de heresia.

Aliás, o alheamento dos jovens em relação à política será mesmo proporcional ao papel exclusivo dos “jotas” na política, no pior sentido. Os “jotas” dos partidos constituem a excepção à vida difícil da juventude em geral e ainda por cima é em função deles que se marcam os temas para a agenda da juventude
."

João Paulo Guerra

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