A NOVA REFORMA AGRÁRIA
"Na firme convicção de que as couves são preferíveis à "arte" pública, sempre achei piada a que terrenos baldios, margens de estrada, rotundas e canteiros avulsos servissem o cultivo de legumes e leguminosas. Desafortunadamente, como em quase tudo, a piada perde-se com a institucionalização. Isto é, quando os cultivos improvisados adquirem a designação técnica de "hortas urbanas", contam com teóricos apaixonados e, em suma, atingem o estatuto de "causa".
No contexto da "causa", as couves nas bermas da CREL não são uma casualidade pitoresca. São um desígnio, integrado numa "filosofia" mais vasta. Trata-se, mesmo que o pequeníssimo agricultor em causa nem sonhe, de um acto de resistência ao (adivinhem) capitalismo e à (adivinhem de novo) globalização. Escusado dizer, o sossego do pobre agricultor desapareceu. De repente, a couve viu-se erguida a metáfora do combate (o "combate" é imprescindível) às multinacionais, hipermercados, shoppings e lojas "de marca".
A coisa já entrou no programa do Bloco de Esquerda, que não perde uma oportunidade para acarinhar toleimas. Ultimamente, as "hortas urbanas" chegaram à deprimente respeitabilidade dos congressos. Em Lisboa, por exemplo, realizou-se agora um ("Há Festa na Horta"), com aqueles rapazes que destroem milheirais no Algarve entre os organizadores e os participantes.
O futuro, garantem os ideólogos que abundam na Internet, passa pelo comércio tradicional e justo, pela manufactura dos produtos e, lá está, pela agricultura de subsistência. Engraçado: o futuro, para estes bandos de radicais felizes, é igualzinho ao passado. O objectivo imediato é reduzir a humanidade à sandália e à alface, à maconha e à bicicleta, ao colar de contas e ao batuque tipo "djambé". O objectivo final, suponho, será o retorno definitivo aos artefactos de pedra e às cavernas.
Tais delírios não espantam quem tenha lido Rousseau, e os respectivos esforços para promover a mudança social através da exaltação equívoca da "natureza" e da transformação do homem numa sumária besta. Quem leu Burke, que advogava a posição oposta ("Art is man's nature"), ainda se espanta menos. Mas os entusiastas das "hortas urbanas" nem terão lido nada, excepto os blogues e os "sites" uns dos outros, que escrevem com carências gramaticais no "laptop" e onde divulgam com excessos ideológicos as vantagens de uma existência liberta da modernidade, da tecnologia e das demais grilhetas."
Alberto Gonçalves
No contexto da "causa", as couves nas bermas da CREL não são uma casualidade pitoresca. São um desígnio, integrado numa "filosofia" mais vasta. Trata-se, mesmo que o pequeníssimo agricultor em causa nem sonhe, de um acto de resistência ao (adivinhem) capitalismo e à (adivinhem de novo) globalização. Escusado dizer, o sossego do pobre agricultor desapareceu. De repente, a couve viu-se erguida a metáfora do combate (o "combate" é imprescindível) às multinacionais, hipermercados, shoppings e lojas "de marca".
A coisa já entrou no programa do Bloco de Esquerda, que não perde uma oportunidade para acarinhar toleimas. Ultimamente, as "hortas urbanas" chegaram à deprimente respeitabilidade dos congressos. Em Lisboa, por exemplo, realizou-se agora um ("Há Festa na Horta"), com aqueles rapazes que destroem milheirais no Algarve entre os organizadores e os participantes.
O futuro, garantem os ideólogos que abundam na Internet, passa pelo comércio tradicional e justo, pela manufactura dos produtos e, lá está, pela agricultura de subsistência. Engraçado: o futuro, para estes bandos de radicais felizes, é igualzinho ao passado. O objectivo imediato é reduzir a humanidade à sandália e à alface, à maconha e à bicicleta, ao colar de contas e ao batuque tipo "djambé". O objectivo final, suponho, será o retorno definitivo aos artefactos de pedra e às cavernas.
Tais delírios não espantam quem tenha lido Rousseau, e os respectivos esforços para promover a mudança social através da exaltação equívoca da "natureza" e da transformação do homem numa sumária besta. Quem leu Burke, que advogava a posição oposta ("Art is man's nature"), ainda se espanta menos. Mas os entusiastas das "hortas urbanas" nem terão lido nada, excepto os blogues e os "sites" uns dos outros, que escrevem com carências gramaticais no "laptop" e onde divulgam com excessos ideológicos as vantagens de uma existência liberta da modernidade, da tecnologia e das demais grilhetas."
Alberto Gonçalves
1 Comments:
A RTP1 gastou-nos a noite desta segunda-feira com um debate sobre a problemática dos combustíveis, no «Prós e contras» de Fátima Campos Ferreira.
Uma tristeza a probreza franciscana do debate, que mais não serviu do que, para proteger os interesses das petrolíferas.
Toda a gente iludiu o essencial da problemática que é a completa falta de concorrência no mercado dos combustiveis.
O Estado ganha X por litro de gasolina e X por litro de gasóleo. Muito simples…
A regra é a seguinte: « A unidade tributável dos produtos petrolíferos e energéticos é de 1000 l convertidos para a temperatura de referência de 15° C» (artº 72º do CIEC).
As taxas aplicáveis são fixadas anualmente no Orçamento Geral do Estado.
Este ano, os valores estão no artº 64º da Lei nº 67-A/2007, de 31 de Dezembro e variam entre 359 € para as gasolinas sem chumbo e 650 € para as gasolinas com chumbo e entre 278 € e 400 € parfa o gasóleo.
Significa isto que o Imposto sobre os Produtos Petrolíferos varia, por litro, entre os 0,359 € para as gasolinas sem chumbo e os 0,650 € para as gasolinas com chumbo e os 0,278 € e os 0,400 € para o gasóleo.
A grande questão - e a grande mentira - residem no facto de não ser possivel (porque o Governo o impede) a qualquer pessoa importar gasolinas, gasóleos e combustiveis alternativos tomando como única consideração-limite para a formação do preço os referidos valores do imposto.
Pequenas adaptações nos motores permitem que eles possam consumir combustiveis alternativos, menos poluentes e mais baratos. Mas o Estado impede-o e, mais grave do que isso, cria condições para que alguns dos combustiveis alternativos só possam ser usados sob o controlo das petrolíferas.
A União Europeia está completamente vendida aos interesses americanos.
Só isso justifica que o Primeiro-Ministro José Sócrates se tenha deslocado à Venezuela para negociar petróleo com Chavez, em vez de abrir portas para a entrada do etanol brasileiro na Europa.
Amorte anunciada da democracia é o que subjaz do artigo, mas o sr alberto não diz.
As hortas não são só defendidas pelos do BE ou afins, faz quem pode, leu Rousseau e renega mas aplaude.
Afinal come à mão, será ração em granulado?
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