A roleta
"Um destes dias entrei num casino e aproximei-me da mesa de roleta. Não consigo perceber qual a piada de colocar fichas sobre o pano verde e ficar a ver a boleta a rolar até estacionar no número premiado.
Ao ler a recente entrevista ao Expresso do presidente do conselho de administração executivo da TAP, Fernando Pinto, não queria acreditar.
Os combustíveis representavam, em 2002, pouco mais de 20% dos fornecimentos e serviços externos da empresa, mas em 2006 já pesavam 54%. Neste ano representaram 22% dos custos totais da companhia. Em sucessivos relatórios de actividade Fernando Pinto tem vindo a alertar para a crescente instabilidade do preço do petróleo e do jet e a empresa já antes realizou, com sucesso, políticas de cobertura de risco.
Por tudo isto fiquei boquiaberto com as cândidas declarações do responsável da TAP afirmando que em 2007: "(...) Não fizemos compras futuras, mas temos analisado a hipótese de fazer".
Pois, muito bem. A TAP reconhece que não fez recentemente cobertura do risco de preço do combustível e que as anteriores decisões de revisão da política de cobertura do risco deste consumível, as quais deveriam ter efeitos desde finais de 2006, e que deveriam dar lugar a uma atitude mais abrangente e a uma presença mais frequente no mercado, terão ficado na gaveta.
Ora quem não faz cobertura de risco está, por natureza, a especular. Quem não se protege contra uma subida de preços dos combustíveis e está a concorrer com preços de venda agressivamente concorrenciais e lutando contra companhias que estarão a fazer essa cobertura de risco, está a apostar numa potencial descida, ou pelo menos manutenção, do preço do carburante. Se isso é razoável para uma empresa do ramo de actividade dos petróleos parece de duvidoso acerto numa empresa de aviação.
Será assim legítimo questionar: 1º) Se a empresa estivesse cotada e se o seu proprietário não fosse o Estado a atitude especulativa seria a mesma? 2º) Deverão ser os trabalhadores a pagar, sob ameaça de despedimento, os jogos de roleta da administração?
E daí, pensando bem, até que talvez nem me importe de jogar na roleta se o dinheiro for dos outros mas se o prémio for meu."
João Duque
Ao ler a recente entrevista ao Expresso do presidente do conselho de administração executivo da TAP, Fernando Pinto, não queria acreditar.
Os combustíveis representavam, em 2002, pouco mais de 20% dos fornecimentos e serviços externos da empresa, mas em 2006 já pesavam 54%. Neste ano representaram 22% dos custos totais da companhia. Em sucessivos relatórios de actividade Fernando Pinto tem vindo a alertar para a crescente instabilidade do preço do petróleo e do jet e a empresa já antes realizou, com sucesso, políticas de cobertura de risco.
Por tudo isto fiquei boquiaberto com as cândidas declarações do responsável da TAP afirmando que em 2007: "(...) Não fizemos compras futuras, mas temos analisado a hipótese de fazer".
Pois, muito bem. A TAP reconhece que não fez recentemente cobertura do risco de preço do combustível e que as anteriores decisões de revisão da política de cobertura do risco deste consumível, as quais deveriam ter efeitos desde finais de 2006, e que deveriam dar lugar a uma atitude mais abrangente e a uma presença mais frequente no mercado, terão ficado na gaveta.
Ora quem não faz cobertura de risco está, por natureza, a especular. Quem não se protege contra uma subida de preços dos combustíveis e está a concorrer com preços de venda agressivamente concorrenciais e lutando contra companhias que estarão a fazer essa cobertura de risco, está a apostar numa potencial descida, ou pelo menos manutenção, do preço do carburante. Se isso é razoável para uma empresa do ramo de actividade dos petróleos parece de duvidoso acerto numa empresa de aviação.
Será assim legítimo questionar: 1º) Se a empresa estivesse cotada e se o seu proprietário não fosse o Estado a atitude especulativa seria a mesma? 2º) Deverão ser os trabalhadores a pagar, sob ameaça de despedimento, os jogos de roleta da administração?
E daí, pensando bem, até que talvez nem me importe de jogar na roleta se o dinheiro for dos outros mas se o prémio for meu."
João Duque
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