A SORTE DA SENHORA

"A directora nortenha da ASAE foi demitida após ter apelado ao bom senso da instituição e dos que nela mandam. Não imagino desfecho diferente. Apelar ao bom senso da ASAE é o mesmo que pedir tolerância à jihad islâmica ou discrição a Santana Lopes: é ridículo porque é inútil.

Antes que os sensíveis irrompam em indignação, convém lembrar que, do alto das nebulosas competências que lhe conferiram, a ASAE é uma polícia de costumes, criada para nos mudar e realmente empenhada em mudar-nos. A bem ou, muito mais assiduamente, a mal.

Donde a sua essência residir, escusado dizer, na insensatez, virtude que, a par da força, é determinante na conversão da ralé às regras do tempo. O pormenor de a ASAE se limitar ao cumprimento dessas regras, detalhe que o dr. Nunes gosta de repetir com notório gozo, não a redime.

Nem devia: a ASAE provavelmente não é redimível. Se calhar, ou existe assim, desproporcionada e brutal, ou não existiria de todo. É o que sucede com os seus dirigentes: ou discordam e saem ou concordam e ficam. Antes de ser corrida e promovida a campeã das liberdades individuais, a referida directora recandidatara--se a ficar. A senhora nem para ela é boa. Felizmente, o destino foi."

Alberto Gonçalves